Após vencer a eleição do fim de 2012 com mais de 50% dos votos e comandar o Conselho Deliberativo com 80% das cadeiras, a diretoria do presidente Eduardo Bandeira de Mello começa a perder parte do apoio interno no Flamengo.

Ainda que de maneira discreta, sócios e conselheiros questionam o mandatário e seu grupo político por conta de problemas na venda de ingressos para associados que não fazem parte do programa de sócio-torcedor e da falta de esclarecimentos sobre o contrato firmado com o Maracanã.

Em carta assinada por mais de 120 conselheiros protocolada na secretaria do clube na última quarta, os rubro-negros ainda cobram explicações sobre a decisão de cobrar o estacionamento que sempre foi gratuito para os associados.

No documento, os membros do Conselho Deliberativo pedem uma reunião com Bandeira de Mello para esclarecimentos do “Contrato Comercial de Locação de área destinada a parqueamento de veículos para pessoas estranhas ao quadro social, durante 60 meses, com valor econômico superior a 500 quinhentas vezes o valor do titulo patrimonial” e “Protocolo de Obrigações Mútuas entre o C.R do Flamengo e o Consórcio Maracanã S/A, cedendo direitos comerciais sem previsão orçamentária de Receitas e Despesas”.

E mesmo sem constar na carta dos conselheiros, outra cobrança parte dos sócios. Muitos membros do quadro rubro-negro estão inconformados com o fato de apenas os sócios torcedores terem direito a benefícios na hora da compra de ingressos.

“Isso é uma questão de gestão. Este grupo que assumiu a direção é muito bom, mas ainda é novo e não entende certas coisas de Flamengo. Eles vão ter que rever algumas questões, como essa história dos ingressos. Na minha gestão e em outras tantas, por exemplo, os associados compravam entradas para jogos dentro do clube e com desconto. Não podemos deixar de prestigiar o associado que está todo dia no clube”, ressaltou o ex-presidente Delair Dumbrosck, que atualmente comanda o Conselho Deliberativo.

Aliado da atual diretoria, Delair ainda fez outras ressalvas. O veterano da política do Flamengo lembrou que, por mais que o Estatuto não obrigue a diretoria a prestar certos esclarecimentos, é bom fazer uma reunião para explicar alguns contratos.

“Tudo bem que a nossa lei interna [Estatuto] não obriga certos esclarecimentos, mas os sócios e conselheiros merecem saber melhor de algumas coisas. É um problema de comunicação. Talvez, se tivessem explicado tudo, não teríamos alguns questionamentos. Agora os conselheiros querem saber das coisas. E não custa nada explicar. Evitam, assim, uma polêmica”, explicou Dumbrosck.

E o presidente Eduardo Bandeira de Mello parece ter entendido o recado. Antes mesmo da carta dos conselheiros, o mandatário do Flamengo marcou uma reunião aberta com sócios para esclarecer pontos polêmicos na última sexta. O encontro para abafar o clima na política interna, porém, acabou sendo adiado e deve ocorrer nos próximos dias.