Pentacampeonato prova que não podia deixar o Flamengo chegar

28/7/2013 12:52

Pentacampeonato prova que não podia deixar o Flamengo chegar

Horas antes do clássico diante do Botafogo, relembre o quinto título Brasileiro do Rubro-Negro, diante do Alvinegro

Pentacampeonato prova que não podia deixar o Flamengo chegar
"Não pode deixar o Flamengo chegar". Se o título brasileiro de 1992 precisasse ser resumido em uma frase, essa seria perfeita. Uma sentença que foi cunhada nas arquibancadas, se confirmou nos campos e ganhou as manchetes de jornais e revistas. E assim um desacreditado Rubro-Negro chegou ao seu quinto título brasileiro em julho daquele ano.

O título de 1992 tem como roteiro essa campanha de superação, com o Flamengo lutando para conseguir se classificar na primeira fase e nas fases decisivas, tanto na semifinal quanto na decisão, sendo encarado como um grande azarão. E tudo começou no meio de 1991, quando o presidente Márcio Braga demitiu o então promissor Vanderlei Luxemburgo. No lugar dele, interinamente, foi lançado Carlinhos. Ele mesmo, o "Violino" meia clássicodo título carioca de 1963 e que como técnico levou o Rubro-Negro ao título brasileiro de 1987.

Carlinhos, com sua calma, fala mansa e o gosto por trabalhar com jovens foi ficando no comando da equipe.O time que não rendia na mão de Luxemburgo cresceu de produção sob a batuta de Carlinhos. Era um grupo longe de ser ruim, que mesclava bem a experiência do goleiro Gilmar, do zagueiro Gotardo, dos meiasUidemar e Zinho e, claro, do Maestro Júnior, com uma garotada de extrema qualidade, muitos campeões da Taça São Paulo de Futebol Júnior no ano anterior. Entre eles, Djalminha, Marcelinho, Marquinhos, Paulo Nunes, Piá e Júnior Baiano.

Quarenta dias depois do título carioca de 91, sobre o Fluminense, o Flamengo estreava no novo desafio, o Campeonato Brasileiro de 1992. O elenco era praticamente o mesmo, com os principais jogadores, o mesmo esquema, um 4-3-3 que procurava acionar o camisa 9 Gaúcho a todo momento. E o Fla começou como um dos favoritos à competição.

O início foi promissor, com três vitórias e dois empates nas cinco primeiras rodadas. Só que a equipe começou a sofrer com lesões e os cinco jogos seguintes foram dois empates e três derrotas. Até que chegou a 11ª rodada, duelo contra o Vasco. O placar no fim do jogo apontou 4 a 2 para o Vasco, em um resultado injusto. Para os vascaínos, que pelo seu volume de jogo poderia ter vencido por muito mais. O Vasco, com um timaço que tinha Bebeto voando e o garoto recém-lançado no profissional Edmundo jogando demais,saiu do Maracanã líder e o Fla em 13º (os oito primeiros passavam para a fase semifinal).

Essa derrota abalou o time. Um clima de incerteza ficou no ar. Carlinhos decidiu mudar o time para um 4-4-2, buscando mais consistência no meio-campo. Mexeu em algumas peças, como no companheiro de zaga de Gotardo e no de Gaúcho na frente.A manchete do Jornal do Brasil dois dias depois dessa derrota denunciava a situação difícil: "Flamengo precisa ganhar 12 de 16 pontos", o que significava vencer seis dos últimos oito jogos da primeira fase (a vitória ainda dava dois pontos apenas).

O matemático estava com a calculadora em dia. O Rubro-Negro, mesmo com muitos problemas de lesão, principalmente do matador Gaúcho, que não tinha substituto no elenco, conquistou cinco vitórias, dois empates e uma derrota (2 a 1 para o Sport no Maracanã) e se classificou para a fase semifinal. E ainda em quarto lugar (o equilíbrio naquele campeonato foi tão grande que o Flamengo foi o quarto melhor com 22 pontos e o Guarani foi o nono - e ficou fora - com 20 pontos).

Nas ruas do Rio de Janeiro os rubro-negros começaram com a célebre frase "estão deixando o Flamengo chegar". E deixaram mesmo. Apesar de um futebol irregular, a equipe estava em um grupo junto com o Vasco (melhor classificado), o campeão da Libertadores São Paulo e o Santos do artilheiro Paulinho McLaren. Só o primeiro colocado passava à decisão após os seis jogos dessa chave.

Curiosamente, o Flamengo precisaria de uma ajuda gigante do Vasco para ir à decisão do Brasileirão. Na sexta e última rodada o São Paulo liderava com seis pontos. Fla e Santos tinham cinco e o Vasco quatro. Todos os times tinham chances. O Flamengo venceu o Santospor 3 a 1 no Maracanã e foi ajudado pelo Vasco, que bateu o São Paulo por 3 a 0 em São Januário.

Não adiantou avisar. Deixaram o desacreditado Flamengo chegar de novo. O Rubro-Negro iria brigar pelo então pentacampeonato. O adversário era o temido Botafogo, da segunda melhor campanha, com poderosíssimo ataque formado por Renato Gaúcho, Valdeir e Chicão. O Fla, claro, era azarão. Mas isso estava longe de ser problema. Afinal, tinham deixado chegar...

Na decisão, o Botafogo, por ter melhor campanha que o Flamengo, tinha a vantagem de jogar por dois resultados iguais. Isso tornava o Alvinegro ainda mais favorito na segunda decisão de Brasileiro envolvendo clubes cariocas (na primeira, o Fluminense bateu o Vasco, em 1984). O ex-ponta-esquerda Gil montou um Botafogo que aliava a qualidade técnica de Márcio Santos, Válber e Renato Gaúcho com a velocidade de Valdeir e Carlos Alberto Dias e a forte marcação de Pingo e Carlos Alberto Santos.

No Flamengo o grande trunfo era a força da torcida. Todos no clube, menos o folclórico atacante Gaúcho, reconheciam que o Botafogo estava em um melhor momento e pediam o apoio do torcedor. Desde a reta final da primeira fase cantava a famosa música "Dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe Mengo, seremos campeões, mais uma vez!" dava um gás gigante para o time dentro do campo.

Deu tanto gás que o primeiro jogo foi um dos maiores atropelamentos da história do Brasileirão. Com a maior atuação da vida do irregular lateral-esquerdo Piá e com o Maestro Júnior ditando o ritmo de forma incrível no meio-campo (com direito a dois dribles desmoralizantes em Renato Gaúcho em sequência), o Fla deu um baile no rival e fez 3 a 0 no primeiro tempo.

Júnior fez 1 a 0 chutando de primeiro o cruzamento de Piá aos 14 minutos. Quase 20 minutos depois, Nélio entrou livre, sempre pela esquerda, e tocou no canto: 2 a 0. E aos 37 minutos, Júnior acionou Piá, que botou na frente, evitou que a bola saísse pela linha de fundo e cruzou na medida para Gaúcho voar e meter na rede, de cabeça. Em 37 minutos o Brasileirão de 1992 estava definido: 3 a 0 Flamengo.

Ainda faltavam mais de um tempo do primeiro jogo além de toda a segunda partida. Mas o que se via em campo dava a impressão de que o título não escaparia da Gávea. A torcida já tinha certeza tanto que "atualizou" uma de suas músicas ainda no primeiro tempo: "Olê, Olê, Olê, Olê. Eu sou Flamengo, de coração, eu sou do time que é pentacampeão", deixando para trás o tetracampeão utilizado até o início do jogo.

Com o resultado, a segunda partida da final era quase uma formalidade. O Flamengo podia perder o segundo jogo por 2 a 0 que ainda sim seria o campeão brasileiro. Abriu 2 a 0 em um golaço de falta de Júnior no fim do primeiro tempo e de Júlio César e levou o empate no segundo tempo.

A Festa do Penta enfim podia ser feita, mesmo que de forma contida, por causa da tragédia da partida decisiva, quando quatro torcedores do Flamengo morreram e mais de cem ficaram feridos após uma grade de proteção das arquibancadas não resistiu e dezenas de pessoas caíram de uma altura de quase 8 metros meia-hora antes da partida.

Àquela altura, o Flamengo provava no campo que era bom não deixar o Rubro-Negro chegar. Deixaram, ele chegou e levou!

1950 visitas - Fonte: Yahoo!


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