A cena vista no primeiro treino do Flamengo na praia, na segunda-feira, quando cerca de 100 torcedores acompanharam o trabalho físico, está distante de se tornar rotineira este ano. Por determinação da nova diretoria, o grupo ficará blindado durante as atividades no Ninho do Urubu.

No dia da apresentação do elenco, na quinta-feira, o diretor executivo Paulo Pelaipe, com respaldo do vice de futebol, Wallim Vasconcellos, avisou que os jogadores não poderão chegar acompanhados no centro de treinamentos, independentemente se for familiar, amigo, empresário ou assessor.

A regra também vale para ex-jogadores ou pessoas ligadas ao clube. Nos últimos dias, o ex-atacante Nunes e um ex-assessor de imprensa do clube foram proibidos de entrar no Ninho. A ordem também foi passada aos seguranças rubro-negros.

Algumas exceções, por sua vez, estão previstas. No treino seguinte a uma vitória, o jogador que desejar levar um convidado, por exemplo, poderá fazer um pedido à diretoria, mas desde que seja com antecedência.

Mais do que desejar foco nos trabalhos por parte do grupo, a diretoria quer evitar o vazamento de informações e minimizar possíveis crises que tumultuem o ambiente dentro do Flamengo.
Por ora, sem uma definição sobre a manutenção do cargo de gerente de futebol, que seria ocupado por Zico, Paulo Pelaipe também acumulará funções que seriam exercidas por esse profissional no Flamengo.

Desde que assumiu o cargo de diretor executivo, Pelaipe avisou que o clube passaria a ter uma nova filosofia, de que os assuntos internos não devem ser tratados de maneira pública.

COMO ERA ANTES
Com Vanderlei Luxemburgo
Assim que o técnico Vanderlei Luxemburgo chegou ao Flamengo, uma série de imposições foi estipulada. Somente atletas e funcionários do clube poderiam frequentar os treinos. Praticamente todas as atividades do futebol passaram a ser realizadas no CT Ninho do Urubu. Nem mesmo os assessores e familiares de jogadores poderiam entrar no local.

Com Joel Santana
Com a chegada de Joel Santana, a cobrança em cima da privacidade dos treinos diminuiu bem. Embora ainda houvesse um certo receio em deixar pessoas que não fossem trabalhar, em muitas oportunidades se pôde observar assessores de imprensa, ex-jogadores e empresários. Durante o período dos dois técnicos, a imprensa só tinha acesso a uma parte do treino.

O QUE MUDOU

Sem acesso
As novas medidas impedirão que assessores e empresários de jogadores possam frequentar os treinos.

Centralizador
O diretor executivo, Paulo Pelaipe, está centralizando todas as questões do futebol. Ele foi contratado pela nova diretoria.

Gerente
Com a saída de Zinho, o Flamengo acabou ficando sem um gerente de futebol. Antes de Zinho, a função era de Isaías Tinoco.

Familiares
Até mesmo os familiares e pessoas mais próximas aos jogadores terão difícil acesso aos treinamentos.

Pré-temporada
Uma das mudanças mais notórias é por conta da pré-temporada que está sendo realizada no próprio Ninho do Urubu.

Negociações
Com a nova diretoria, as negociações de jogadores não têm sido vazadas. Há um cuidado para os empresários não falarem demais.

COM A PALAVRA
Roberto Murad
Setorista do Flamengo no LANCE!Net desde 2008
Ambiente mais tranquilo no CT

A primeira mudança no sentido de dar mais privacidade e tranquilidade para o elenco aconteceu em 2009, ainda sob o comando de Andrade. A ideia veio do então vice de futebol Marcos Braz, que levou os treinos da Gávea para o Ninho do Urubu na reta decisiva do Campeonato Brasileiro daquele ano, no qual o Flamengo sagrou-se campeão.

Depois disso, quem lutou para um ambiente mais profissional e sem a famosa "fofoca" do futebol foi o técnico Vanderlei Luxemburgo. Impedindo que pessoas que não estivessem trabalhando frequentassem o CT, muita coisa melhorou e os jogadores sentiram-se à vontade no Ninho do Urubu.

Sem Luxemburgo, houve descuido com a fiscalização e que promete ser revista com a posse da nova diretoria, que chega com o discurso de profissionalização.