Jorge Jesus, técnico do Flamengo Bruna Prado/Getty Images

A renovação de contrato do técnico Jorge Jesus é a única negociação aberta na mesa do departamento de futebol do Flamengo no meio do caos da pandemia do coronavírus. E, por enquanto, segue paralisada. Desde a ida do técnico para Portugal, no fim de março, as conversas esfriaram e a falta de acerto financeiro permanece. Com o passar do tempo e a aproximação do fim do contrato, o técnico e seu estafe entendem que as partes devem retomar em breve a negociação para definir o futuro. O Flamengo, por outro lado, observa toda a situação com cautela e não tem previsão de debruçar sobre as discussões de um novo contrato no curtíssimo prazo.



O atual vínculo é válido até 20 de junho. A pouco mais de dois meses para o fim do atual contrato o cenário no futebol segue incerto diante da pandemia do coronavírus. A diferença financeira entre as partes persiste como o grande obstáculo para que o novo contrato seja alinhavado. Em entrevista ao Fox Sports em fevereiro Jesus tornou público o entrave e ainda lembrou que quando comandava o Sporting recebia oito milhões de euros brutos anuais. Atualmente, ele recebe um valor bem inferior no Ninho do Urubu, mas ainda assim é o profissional mais valorizado do Flamengo, com um contrato superior mesmo a jogadores graúdos como Gabigol, Bruno Henrique e Arrascaeta. Isto sem o aumento desejado diante do desempenho em 2019 e neste início de 2020.



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"Está nas mãos da direção do Flamengo. Tem a ver financeiramente", disse o técnico na ocasião.

O Flamengo entende a movimentação do treinador como natural. Desde as declarações públicas sobre diferenças no acordo até as postagens diretamente de Portugal que ressaltam o carinho por clube e torcida. Jesus tinha a expectativa de que a situação já estivesse definida na virada do ano em vez de se arrastar até a proximidade do fim do vínculo. O susto com a possibilidade de o técnico ter testado positivo para o covid-19 esfriou as conversas e o retorno para Portugal sem acerto deixou tudo basicamente parado. Seu representante, Bruno Macedo, esteve no Brasil para conversas com a diretoria do Flamengo, mas retornou para a Europa junto com o técnico. O desejo de permanecer no Flamengo, onde é ídolo, segue como prioridade. Rodolfo Landim ainda pretende encontrar pessoalmente com o Mister depois de um avanço na parte financeira.

"Eu estou muito satisfeito que o problema com o Mister seja só a parte financeira. Isso quer dizer que ele está satisfeito com o elenco, só está faltando a parte financeira. Na hora certa vamos conseguir. Acho que não teremos problemas com isso", disse o vice de futebol, Marcos Braz, após a vitória sobre o Barcelona de Guayaquil no Maracanã, no início de março.

O cenário pré-pandemia indicava, na avaliação do próprio técnico e de pessoas ligadas a ele, possibilidades para que voltasse à Europa já em junho. A análise é de que haveria mercado não só em Portugal depois do desempenho arrebatador na América do Sul.



Mas a chacoalhada do novo coronavírus no cenário mundial embaralhou o horizonte da economia da bola. A atual temporada não tem previsão de término e muito menos a próxima tem expectativa de início. O mercado está enfraquecido. Uma investida do Benfica em seu retorno parece improvável devido aos altos valores, como informou Mauro Cezar Pereira, comentarista dos canais ESPN. Bruno Lage, atual técnico da equipe portuguesa, recebe cerca de 30% do contrato atual de Jesus. Diante do câmbio instável e a desvalorização do real perante o euro a conversa pode até ser reiniciada do zero, com novas bases. O técnico e sua comissão seguem em Portugal à espera do sinal do clube para retornar ao Brasil. Por enquanto, o Flamengo mantém o retorno dos atletas às atividades no dia 21 de abril.

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