A pressão para o Flamengo retomar os treinos em meio à pandemia do novo coronavírus expôs um choque dentro da diretoria do clube, com o presidente Rodolfo Landim defendendo o retorno, enquanto o vice-presidente de futebol, Marcos Braz se colocou contrário à volta das atividades, como revelou o UOL no último sábado (18).

No podcast Posse de Bola #29, Mauro Cezar Pereira explica a situação, com o atual campeão brasileiro tendo planejado inicialmente o retorno aos treinos para hoje (21), e opina que a ampliação das férias aos jogadores até o dia 30 foi a melhor decisão, evitando uma exposição que poderia prejudicar o clube fora dos gramados.



"O Marcos Braz era radicalmente contra justamente por isso. Até, um dos comentários que eu soube que aconteceram lá dentro foram, entre algumas pessoas, não diretamente com o Rodolfo Landim, foi mais ou menos na seguinte linha: vamos imaginar um parente de um jogador vai para a rua, vai malhar na praia, abraça todo mundo, encontra o Bolsonaro, beija o Bolsonaro, o Bolsonaro tosse na cara do parente do jogador do Flamengo. Aí o cara pega lá a Covid-19 sei lá onde, não sei onde foi. Aí um jogador do Flamengo depois aparece com a Covid e vai dizer o quê? O jogador que passou para o parente, aí o parente dá um azar e fica na UTI ou morre, olha só a desgraça", afirma Mauro Cezar (disponível no vídeo acima a partir de 8:21).



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"Ninguém vai querer saber qual o comportamento dessa pessoa, a associação seria imediata, o jogador do Flamengo passou para o parente. E talvez nem tenha tido o contato. Então, para o clube é uma exposição muito perigosa. Até pelo passado recente, o que aconteceu no dia 8 de fevereiro do ano passado [incêndio no Ninho do Urubu], já caminhamos para o 15º mês sem uma solução para seis famílias e meia, em relação à indenização e a justiça parou", completa o jornalista.

Citando o trágico incêndio que matou dez jovens no Ninho do Urubu em 2019, Mauro afirma que o Flamengo não pode cometer erros e precisa ter cautela pela saúde de seus jogadores também.

"Além de ser uma questão de respeito às pessoas, tem que analisar o contexto do clube também, o clube não pode errar nesse tipo de coisa, ninguém pode errar. O Flamengo menos ainda, por razões mais do que óbvias. Então, houve de fato essa falta de sintonia. Não acho nada demais que o clube se programe para diferentes datas. Se quiser botar 21, 25, 31, 30, 18, qualquer dia, de madrugada, de manhã, problema do clube. Você prepara várias possibilidades", cita Mauro.

O jornalista também lembra que não adianta o Flamengo voltar a treinar, já que seus rivais no Rio de Janeiro estão todos de férias durante o período da pandemia.



"Há gente do Flamengo que acha que o Flamengo pode jogar contra ele mesmo, não precisa de mais ninguém. Mas perceberam que não é assim. Com toda a organização, o poderio financeiro, time forte e tal, as coisas não funcionam assim. E acho que foi um ponto perdido aí para o presidente do Flamengo ao tentar, ou insistir com algo que era absolutamente inviável. E ainda bem que tem essa divisão lá dentro, você imagina todo mundo pensando dessa maneira", finaliza Mauro.

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