Campeão brasileiro no ano passado e com o título carioca antes da saída de Jorge Jesus, o Flamengo hoje é apenas o 15º colocado no Brasileirão e o pior entre os clubes do Rio de Janeiro na classificação e com o técnico Domènec Torrent ainda em adaptação enquanto os torcedores de Vasco, Botafogo e Fluminense veem seus técnicos tendo êxito no início da competição.



No podcast Posse de Bola #51, o jornalista Arnaldo Ribeiro afirma que os rivais do Flamengo acertaram nas contratações de Ramon Menezes, Paulo Autuori e Odair Hellmann como respectivos técnicos, sendo que os dois primeiros têm a favor a identificação com a história do clube, enquanto o treinador do Fluminense teve atuação pelo clube, mas tem como mérito organizar um time com os veteranos do elenco. Além disso, ele afirma que não dá para saber o que esperar do técnico flamenguista.


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"Acho que Fluminense, Botafogo e Vasco acertaram em cheio nos seus treinadores, cada um por suas características. O Flamengo do Domènec é uma incógnita, é o maior ponto de interrogação do futebol brasileiro nos últimos anos, ninguém sabe qual é a perspectiva, qual que é a perspectiva de êxito, a adaptação, a sucessão do Jesus muito complicada", afirma Arnaldo.

"Um treinador que tem um histórico interessante demais por ter sido auxiliar do Guardiola, mas que tem poucos trabalhos solo. As questões do elenco, as questões de comando do Flamengo, as questões de turbulência, de ambiente, não sei exatamente se ele está acostumado a isso, então o Domènec é uma grande interrogação para todo mundo", completa.

Nos casos de Vasco e Botafogo, Arnaldo aponta que é crucial a ligação história que seus treinadores têm para que a torcida tenha confiança no trabalho realizado em cada um dos clubes.

"O Autuori tem uma ligação com o Botafogo que vai além do campo, tem mais, no Botafogo ele parece ter retomado o prazer de treinar uma equipe de futebol, ele nunca mais quis o campo, ser técnico, queria função administrativa. No Botafogo, ele entendeu a missão muito por conta dessa circunstância, de a situação do clube estar muito complexa, mesmo perdendo jogador bom a cada semana e tendo poucos recursos, ele entendeu que para o Botafogo ter alguma perspectiva de permanência na Série A e de sucesso, ele teria que se envolver de fato na função de novo de treinador de futebol e ele está fazendo isso", afirma Arnaldo.

"No Vasco, o Ramon pela ligação umbilical pelo clube, por fazer simples e tem entendido desde o início isso, parecia ser a pessoa mais acertada pela característica, pelo respaldo do torcedor, pela simplicidade e pelo envolvimento com o Vasco. Outra bola dentro", completa.

Já no Fluminense o jornalista vê Odair Hellmann, pelo trabalho que já realizou no Internacional, com uma perspectiva melhor que os anteriores Fernando Diniz, Osvaldo de Oliveira e Marcão, que assumiu o time como interino no ano passado.

"Para mim, foi o grande acerto, porque o Odair não tinha ligação umbilical com o Fluminense como os outros tinham. Jogou, fez gol importante quando o Fluminense estava na Série C, mas ele não tinha ligação com o Fluminense como os outros dois e acho que o Odair tinha um trabalho e o trabalho dele no Inter dava uma perspectiva muito melhor, por exemplo, do que o Fernando Diniz no Flu, do que o Osvaldo de Oliveira no Flu e do que o Marcão no Flu", diz o jornalista.

"Odair tem uma coisa interessante de armar equipes competitivas e saber lidar com veteranos. Ele mostrou no Internacional administrando o D'Alessandro como dá para conviver com um veterano sem necessariamente colocar todos eles para jogar ao mesmo tempo. Não dá, ele já sabia que não ia dar para jogar Ganso, Fred e Nenê juntos. Pela característica do Nenê, pela questão física, o Nenê é o principal e os outros têm jogado eventualmente. Então quando ele coloca Ganso como titular no Brasileiro, Nenê como titular na Copa do Brasil e leva os dois para a reserva em cada um desses jogos, e tem os dois comemorando o gol um do outro, isso é um trabalho muito bem feito por trás", completa.

Arnaldo cita ainda a curiosidade de entre os torcedores dos quatro grandes clubes cariocas, o flamenguista ser o que tem atualmente a maior preocupação em relação ao trabalho do treinador.



"Domènec não é só um desafio de campo, é um desafio de administrar um elenco complexo, de uma diretoria também que tem algumas situações de conflito interno, de uma desconfiança do torcedor, da falta de público, o Domènec tem um caminhão de desafios", diz o jornalista.

"Eu não sei se o Flamengo está em boas mãos, sou incapaz de dizer. Eu sei que os outros três me parecem em boas mãos todos os três e isso faz com que a largada dos três no Brasileiro no pós parada de pandemia seja uma largada acima da expectativa dos torcedores, e você pode perguntar na esquina, na padaria, o torcedor do Vasco está satisfeito, do Fluminense está satisfeito e do Botafogo está satisfeito", conclui.

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