Bastaram pouco menos de dois meses para que a disputa entre Flamengo e Fluminense para ver quem tinha o melhor contrato com o Maracanã tivesse um "vencedor" provisório. Após escutar do rival e de muitos torcedores que seu vínculo era inferior, o Tricolor virou o jogo e, baseado na arrecadação das primeiras partidas, agora serve até de exemplo para o Rubro-negro, que já cogita copiar o modelo de acordo com o Consórcio que administra o estádio.

Se antes o Flamengo contava vantagem por poder definir preços, comercializar ingressos para todos os setores e dividir lucros e gastos com a concessionária, a realidade agora é outra. Insatisfeito com os altos gastos do Maracanã, o clube da Gávea levará até os administradores do local uma proposta para não dividir os custos, aceitando para isso até reduzir a carga de bilhetes sob sua responsabilidade.

O Flamengo pretende evitar situações como a que ocorreu na partida contra o Cruzeiro, pela Copa do Brasil. De uma renda bruta de R$ 2,2 milhões, o clube ficou apenas com R$ 624 mil. A ideia é arcar apenas com taxas fixas, como o valor pago a federações e impostos, e ficar com todo o lucro da sua parte de ingressos.

"Foi uma fase de experiência e não estávamos satisfeitos com muitas coisas. Os gastos eram elevados ao extremo. Não podemos aceitar isso, principalmente pelo fato do Flamengo ser o clube que mais leva público e dinheiro ao estádio. É preciso rever isso", disse o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, após perceber que o primeiro modelo de acordo firmado não foi benéfico.

Para o Consórcio, que chegou a lucrar mais de R$ 1 milhão em alguns jogos do Rubro-negro, a ideia não é válida, visto que os rendimentos poderão cair pela metade. No entanto, por conta de uma pressão do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, o acordo deverá sair em breve.

Atendendo a um pedido do Governo, os administradores do estádio não correriam riscos de perder sua concessão. Sérgio Cabral já avisou que não pretende que o poder público assuma novamente a gestão do Maracanã.

Tricolores comemoram
Longe das discussões entre Flamengo e Consórcio, representantes do Fluminense comemoram os primeiros meses do contrato de duração de 35 anos. Em seis jogos até o momento no estádio, o Tricolor não teve maiores prejuízos com a sua parte e teve lucro dentro da margem projetada inicialmente.

"Não tenho nada a falar do acordo. Está tudo maravilhoso para nós. Cortamos gastos que tínhamos em outros estádios. É claro que alguns pontos podem sempre melhorar, mas ficou evidente que o nosso modelo de contrato era o correto desde o início", disse o presidente do clube das Laranjeiras, Peter Siemsen.

E é justamente o discurso do Fluminense que o Flamengo espera repetir ao final do ano. Após disputas nos bastidores e até mesmo uma ameaça de não jogar mais no estádio caso ajustes no contrato não fossem feitos, o Rubro-negro, enfim, ensaia um acordo com o Consórcio.

Mais do que resultados financeiros, o clube espera ter uma melhora técnica em campo, já que os resultados longe do Maracanã não foram dos melhores.

"Não fomos bem no primeiro turno do Campeonato Brasileiro e todos sabem os motivos. Não tínhamos uma casa. Espero que tudo se resolva e possamos aproveitar o estádio", projetou o técnico do Flamengo, Mano Menezes.