Flamengo e Consórcio Maracanã S.A. viveram mais um capítulo de sua conturbada relação. Redigido e encaminhado ao Conselho Deliberativo na última semana, o novo contrato entre as partes, com validade de 2014 a 2016, foi apreciado e aprovado em votação do mesmo Poder do clube na noite desta terça-feira. Houve, porém, ressalva. Ex-presidente do clube e representante do Conselho de Grandes Beneméritos, Marcio Braga pediu a palavra e exigiu uma contrapartida da Odebrecht, empresa de maior participação no Consórcio Maracanã. Uma delas seria a ajuda na construção de um estádio de menor porte na Gávea, algo que já vinha sendo discutida de forma embrionária. Foi apoiado. O pedido, então, será levado formalmente aos administradores e poderá ser incluído como cláusula no contrato.
Na noite de segunda-feira, um grupo de Grandes Beneméritos, encabeçados por Marcio Braga, se reuniu para discutir o acordo e tentar tomar uma posição contra o acerto. O pedido de contrapartida foi a saída mais indicada. O motivo da insatisfação era considerar que o Consórcio receberia demais com os jogos do clube no Maracanã. O empréstimo de cerca de R$ 27 milhões a ser realizado pela Odebrecht também provocou desagrados. O valor entregue foi o principal argumento para a extensão do contrato. Ele será quitado com as receitas obtidas até 2016.

O empréstimo consta no contrato como adiantamento de receitas. A avaliação é de que o Flamengo necessita de injeção de verba para fechar as contas de 2013 - ainda com previsão de déficit de R$ 40 milhões em agosto - e poder fazer investimentos, principalmente no futebol, na próxima temporada. Mas na tarde desta terça-feira, o Consórcio tentou, junto à diretoria rubro-negra, modificar alguns temas do documento.

A intenção era melhorar os valores destinados a eles a cada partida. Fechado nos mesmos moldes do vínculo atual, válido até o fim de 2013 e também tema de grande discussão, o acordo prevê uma planilha que permite ao Flamengo arrecadação proporcional à presença de sua torcida.

Em outras palavras: quanto mais rubro-negros no estádio, maior a fatia do clube e, consequentemente, menor a do Consórcio. A diretoria não topou a empreitada e manteve os termos como definidos anteriormente. A variação de arrecadação do clube vai de 50% a 72%.

Ainda pelo contrato, as despesas operacionais do estádio serão dividas entre as partes com o valor máximo de R$ 300 mil. A partir deste montante, cabe ao Consórcio arcar com as despesas. O valor que cabe aos administradores do estádio por cada torcedor é de R$ 10 por ingresso. Por ano, o Flamengo poderá levar dez partidas como mandante para longe do Maracanã, desde que não seja em fase decisiva de campeonato.