Em 1988, ídolo do Flamengo se despediu da Libertadores pelo Barcelona de Guayaquil

21/9/2021 09:24

Em 1988, ídolo do Flamengo se despediu da Libertadores pelo Barcelona de Guayaquil

Em 1988, ídolo do Flamengo se despediu da Libertadores pelo Barcelona de Guayaquil
Quando Flamengo e Barcelona de Guayaquil entrarem em campo na quarta-feira para começar a decidir uma vaga na final da Libertadores, um homem em especial terá motivos para acompanhar o duelo. Perante os olhos de Adílio, um dos maiores ídolos da história do clube carioca, estarão dois times que fizeram parte de sua carreira de maneiras diferentes.



Multicampeão pelo Flamengo na década de 1980, Adílio teve no Barcelona de Guayaquil a última dança em alto nível de uma carreira vitoriosa. Ele deixou o clube onde foi formado em 1987. De lá, passou um período pelo Coritiba, até comprar o próprio passe e, aos 32 anos, aceitar a aventura no Equador e disputar sua última Libertadores, competição que conquistou em 1981.


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No clube equatoriano, Adílio chegou como destaque. Ganhou a camisa 10 e ajudou também na contratação de Edu, irmão de Zico, como treinador da equipe.

- Minha passagem foi muito rápida no Coritiba, e aí tinha um diretor que gostava muito de mim no Coritiba, na época eu estava cotado para ir ao Grêmio, mas ele me convenceu a ir ao Coritiba e foi até mesmo ele que trabalhou para que eu pudesse ir ao Barcelona também. Eles me ofereceram uma proposta bacana, cheguei como o jogador número um do clube, eu estava com um projeto com a minha família, então foi muito bom. Depois, eu trabalhei para que o Edu, irmão do Zico, fosse treinador lá também, porque os diretores tinham muita confiança em mim. Foi quando eu vim ao Rio, encontrei o Vanderlei (Luxemburgo), e ele falou para eu levar o Edu para o Barcelona. A tendência naquela época era para que o clube crescesse cada vez mais - lembrou Adílio, em entrevista ao ge.

No novo clube, Adílio encontrou um time forte, mas ainda sem tanta estrutura. Na Libertadores de 1988, o Barcelona caiu no Grupo 2, com o Filabanco, também do Equador, e dois times argentinos: Newell's Old Boys e San Lorenzo. A equipe brigou até o fim pela classificação, mas terminou em terceiro lugar na chave, a um ponto da vaga para a fase seguinte. Dois anos depois, em 1990, o Barcelona seria vice-campeão da Libertadores.

- Nosso time também tinha o brasileiro Tony Oliveira, que jogava no Santos. Ele que me motivou a ir para lá. Na época, fomos eu e o Carlos Henrique, que jogava no Coritiba comigo, jogou no Flamengo também, e a gente abriu uma brecha para que ele fosse também, ele encaixou muito bem nesse time do Barcelona.

- Foi muito boa a minha estadia lá, eu gostei bastante. Foi muito importante na minha carreira. O time era muito forte. O estádio lá era muito bom, nosso time tocava muito a bola, principalmente no meio de campo. No meu tempo a estrutura não era muito boa, nós tínhamos uma certa dificuldade, mas tínhamos que nos adaptar ao que tinha lá. Acredito que hoje seja outra coisa - completou Adílio.


Jornal brasileiro registra vitória do Barcelona de Guayaquil sobre o San Lorenzo na Libertadores - Reprodução
Ajuda no estilo de jogo e na base

O meia brasileiro não conquistou títulos no Barcelona, mas acredita ter deixado um outro tipo de legado no clube equatoriano. Baseado no grande time do Flamengo dos anos 1980, passou a encorajar um estilo mais técnico na nova equipe.

- Eu cheguei lá e vi que eles faziam muita falta, daí ajudei, conversei, falei que era para fazer o toque de bola, bobinho e aí o negócio cresceu. Eles jogavam diferente, não jogavam muito ‘junto’ não. Então, enquanto eu estive lá eu ajudei nisso, fiz algumas jogadas ensaiadas. Tínhamos essa vontade de mudar um pouco porque eles davam muita pancada. Eu virava e falava para tocar a bola, chegar mais leve. Até na subida de alguns jogadores na base eu ajudei. Quando podia, ensinávamos um pouco.

- Eles se encantavam com o futebol brasileiro, diziam que era um futebol encantador. Nos treinamentos eu mostrava como tocava a bola, o Edu (irmão de Zico) falava bastante, o trabalho dele foi muito bom. Encaixou tudo. A maioria que estava no comando ali era brasileiro, então ficamos muito amigos e ajudou bastante, a própria direção entendia à nossa maneira de jogar futebol, com toque de bola, vontade de fazer gols. Acredito que modernizamos um pouco o futebol de lá - explicou Adílio.

Torcida equatoriana

Durante a estadia no Equador, Adílio conseguiu sentir de perto o calor dos torcedores equatorianos. O ex-jogador ainda revelou que existem muitos flamenguistas no país e que grande parte tem um carinho diferente pelo clube carioca.

- Eles são fanáticos. Na época em que íamos para os clássicos entre Barcelona x Emelec era muita gente na rua, o pessoal já ia pra feira com a camisa do Barcelona, já tinha aquela ansiedade por um grande jogo, eles são fanáticos mesmo. Mas eu vou ser sincero, tinham muitos flamenguistas por lá. Vai ser muito dividido esse jogo. A maioria dos torcedores de lá gostam muito do Flamengo, lá tem muitos flamenguistas, eles nunca esqueceram do Flamengo e dos jogadores do Flamengo que já passaram pelo Equador.

Duas raízes

Apesar do auge da carreira ter sido no Flamengo, Adílio considera muito importante a passagem pelo Barcelona de Guayaquil, mesmo que tenha sido por pouco tempo. Ele ainda revelou ter torcido para que o duelo da semifinal fosse Flamengo x Barcelona, já que são duas raízes na sua trajetória.

- Quando você fala em Barcelona você mexe comigo também, foi um clube muito legal, o torcedor é sensacional, eles me viam na rua e faziam festa. Eu acho que esse vai ser um grande jogo. Eu fiquei torcendo para que fosse Flamengo x Barcelona porque são duas raízes. Mas meu coração não fica dividido, não. Eu sou Flamengo, não dá para dividir, o Flamengo é coração.
Do lado do Barcelona, Adílio também não foi esquecido. De acordo com o jornalista Luis Quiroz, da rádio La Red, o ex-meia do Flamengo é sempre lembrado pelos torcedores locais.

- Ele é sempre falado. Adílio se destacou muito e deu uma grande contribuição (ao Barcelona). Mas também vieram outros jogadores que ajudaram o clube igualmente - contou Quiroz.

Vínculo de sangue com o Flamengo

Adílio deixou a Gávea por decisão do treinador contratado pelo Flamengo na época, Antônio Lopes. A escolha do técnico não agradou o jogador, que disse que o desejo era de ter permanecido no rubro-negro.

- Eu não gostei de ter saído do Flamengo, eu queria ter ficado, queria ter renovado o contrato. Mas eu lembro que o Flamengo tinha contratado o Antônio Lopes, que era treinador do Vasco, e ele disse para mim que não iria poder contar comigo. E por isso eu tive que me retirar, foi quando eu conheci o diretor do Coritiba, que me levou para lá. A palavra final foi do treinador Antônio Lopes.

Apesar de não ter aprovado sua saída, Adílio conseguiu manter uma boa relação com o Flamengo desde aquela época até os dias de hoje. Após a passagem pelo Barcelona de Guayaquil, ele revelou ter tido a oportunidade de retornar ao clube, mas o regresso dependia do aval da diretoria. Sem acordo, Adílio estendeu sua carreira atuando em times menores do Brasil até se aposentar.

- Eu tive oportunidade de voltar, cheguei a treinar no Flamengo, na época em que o Jair Pereira treinava o clube. Eu e o Paulo Henrique treinávamos lá, mas não foi possível ficar lá, então eu fui pro São Francisco. Tive a oportunidade de voltar, mas dependia muito do aval da diretoria, do presidente, o que não aconteceu. A partir daí eu comecei a fazer história em outras equipes do Brasil.


Adílio trabalha atualmente no departamento social do Flamengo - Reprodução
Atualmente, Adílio trabalha no departamento social do Flamengo e é o presidente de uma associação de ex-atletas, a FlaMaster, que realiza jogos, visita embaixadas de torcedores em várias cidades do país e ajuda ex-jogadores do clube.

- Temos uma relação muito boa hoje, eu digo que para mim ela é eterna. Eu fui treinador no Flamengo na categoria juvenil. Depois me tornei um funcionário do Flamengo e hoje estou na parte social, que está na minha veia. Assim, organizamos e fizemos uma associação de ex-atletas, a FlaMaster. Hoje trabalhamos com ex-atletas e na parte social do clube. É muito satisfatório. A gente ajuda os ex-atletas e outras pessoas que precisam na vida. Aí junta tudo, basquete, natação, pessoal do vôlei e hoje estou muito bem. Fico muito feliz. Tenho que agradecer ao torcedor do Flamengo. Estamos ligados com as embaixadas também, hoje temos muitas gerações trabalhando juntas, isso agrada não só a gente, mas ao Flamengo.

Com o jogo de quarta-feira na mente, Adílio já tem o palpite e até elencou o favorito para vencer a partida. O ex-jogador ainda destrinchou os pontos fracos da equipe equatoriana, mas disse que empenho não vai faltar. Segundo ele, a ansiedade para enfrentar o Flamengo é sempre grande.

- Expectativa grande, acho que o Flamengo vai chegar e vai conseguir jogar bem. Os equatorianos vão muito na emoção, eles metem um gol e dão uma esfriada, então o Flamengo precisa atacar para matar a jogada, fazer o gol. No mano a mano eles se perdem um pouco. Mas eles têm sempre um bom bloqueio, temos que saber furar esse bloqueio que vão fazer lá. Eles gostam disso, de jogar contra um grande time que é o Flamengo. A marca Flamengo é muito forte lá também, eles conhecem demais. Esse vai ser um jogo muito bom para que eles possam mostrar o futebol deles. A ansiedade deles de jogar e disputar uma competição de alto nível é muito grande.



O primeiro jogo da semifinal da Libertadores entre Flamengo x Barcelona será nesta quarta-feira, às 21h30 (de Brasília), no Maracanã. Com o aval da Prefeitura do Rio de Janeiro, o clube carioca colocou à venda cerca de 35 mil ingressos para o confronto, já que a liminar permite presença de público no estádio com até 50% da capacidade.

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492 visitas - Fonte: globoesporte


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