No início da década passada, a NFL pretendia disseminar o futebol americano pelo mundo. No Brasil, o sonho era trazer dois times da liga para defender Flamengo e Vasco em um Maracanã lotado. O Clássico dos Milhões yankee acabou não acontecendo e o esporte passou a se desenvolver aos poucos no país. Mais de 20 anos depois, os rivais finalmente vão se enfrentar pela primeira vez, pela quinta edição do campeonato brasileiro, o Torneio Touchdown. Ainda sem casa cheia, sem Maracanã e sem americanos emprestados, os invictos Flamengo FA e Vasco da Gama Patriotas duelam neste domingo, às 14h, no estádio Luso Brasileiro, na Ilha do Governador. Lados opostos que concordam em um futuro promissor para a bola oval no Brasil.

Não há profissionais no futebol americano verde-amarelo. No Flamengo, os treinos ocorrem à noite, duas a três vezes por semana, e cada jogador cuida do seu próprio condicionamento físico. As constantes contusões são contornadas pelo trabalho voluntário da fisioterapeuta Maria Isabele Rodriguez. Os custos do aluguel do estádio da Portuguesa são custeados pela cobrança de ingresso de R$ 10, mesmo preço da partida deste domingo. No duelo entre Flamengo FA e Botafogo FA, os cerca de 500 torcedores pagantes ajudaram a zerar a conta. Treinador rubro-negro, Otávio Roichman sabe que o futebol americano nunca chegará ao nível de popularidade do futebol, mas acha viável que o Clássico dos Milhões atraia um público de até 15 mil pessoas em pouco tempo. Defensive tackle rubro-negro, Rogério Pimentel, o Big Mike, estipula que isso aconteça em até cinco anos.

- Não estarei mais jogando, mas da arquibancada poderei dizer: “Eu comecei isso”.

Natural de Saquarema, no litoral fluminense, o running back vascaíno Rômulo trabalha em uma empresa de piscinas em Búzios e treina duas vezes por semana na capital carioca, onde faz uma “vaquinha” para rachar a gasolina com outros jogadores. Apesar da falta de iniciativa e popularidade do esporte no país, ele acredita que a situação está mudando. Se neste domingo ele confia na presença de até cinco mil torcedores contra o Flamengo, no futuro Rômulo sonha em ver os 25 mil lugares de São Januário lotados de torcedores da bola oval.

- O futebol americano é o segundo esporte que mais cresce no Brasil. Este será o primeiro clássico e a popularidade só tende a aumentar. Acho que teremos pelo menos duas mil pessoas na partida. Temos uma página do time no Facebook que já está com 55 mil curtidas. A expectativa no futuro é lotar São Januário. O sonho no momento é ser campeão brasileiro pelo Vasco – disse.