Técnico Dorival Júnior durante empate do Flamengo em 1 a 1 com o Ceará
Imagem: Gilvan de Souza / Flamengo
Dorival Júnior e o Flamengo não foram felizes no empate por 1 a 1 com o Ceará no Maracanã.
Varella e Pulgar precisam jogar para ganhar ritmo de jogo e entrosamento com os novos companheiros para entrar no rodízio dos times proposto pelo treinador. Chegaram em agosto, estreiam em setembro e a temporada termina em 13 de novembro. Mas não foram bem em suas primeiras aparições, a do volante chileno desde o início da partida.
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Mas Ayrton Lucas não precisava largá-los sozinhos na defesa, no rebote de um escanteio, para perder a bola na área e armar o contragolpe do adversário que terminou no gol de Jô. No final de um primeiro tempo muito ruim do time misto, com Santos, David Luiz, Léo Pereira, Gabigol e mais os reservas.
Muito por conta da presença de Diego Ribas. Se Vidal e João Gomes foram preservados para a volta da semifinal da Libertadores contra o Vélez Sarsfield, por que não utilizar Thiago Maia, que está pendurado na Libertadores e não entrará em campo na quarta? Sabemos que é por conta da gestão de grupo. Não escalar o camisa dez e capitão nem no "time B" é criar problemas no vestiário.
Para piorar tudo, os quatro titulares que entraram na volta do intervalo mostraram um incrível despreparo emocional para construir a virada que seria natural depois do empate com Gabigol logo aos sete minutos do segundo tempo e, principalmente, da expulsão de Jô aos 16 minutos.
29 minutos, mais os nove de acréscimo, para trabalhar uma jogada com calma e definir a vitória que colocaria o time a cinco pontos do líder Palmeiras. O goleiro do Ceará, João Ricardo, teve méritos em suas cinco defesas, duas fantásticas em chute de Pedro e numa cabeçada de David Luiz no final. Mas a pressa que gerou erros desnecessários, associada à péssima arbitragem que permitiu o antijogo, atrapalhou tanto quanto a expulsão tola de Gabigol, mais uma. Outra demonstração de fragilidade psicológica que pode cobrar caro nas finais que o time provavelmente terá pela frente nas copas.
O resultado foi péssimo, mas não invalida o planejamento do treinador e de sua comissão. Dorival tem razão. Basta ter memória para entender.
Assumiu o time na 14ª colocação, "legado" de Paulo Sousa e seu péssimo trabalho, que incluiu o abandono do controle de minutos em campo dos atletas, escalando sempre o melhor time possível para se segurar no cargo. Desgastando ainda mais um elenco já prejudicado por erros na preparação física, na fisiologia e no departamento médico em 2021, que fizeram o time chegar quebrado em uma final de Libertadores.
Ainda os problemas de vestiário, com jogadores insatisfeitos por jogarem pouco, ou fora de posição. Dorival encontrou a solução, assim que Vidal e Everton Cebolinha foram liberados para jogar, formando dois times. O "A" para as copas e o "B" para o Brasileiro. Assim todos jogariam, cada um em sua função preferida, sem muitas improvisações. Além disso, a rotina de apenas uma partida completa por semana esvaziaria o departamento médico e melhoraria o desempenho físico, evoluindo naturalmente o técnico/tático.
Por que o Brasileiro ficou em segundo plano? Por dois obstáculos básicos: o passivo de pontos deixado pelo antecessor de Dorival, mais a regularidade do Palmeiras, que não pode ser negada. Em 2019, quatro vitórias seguidas do time de Jorge Jesus alçaram o Flamengo à liderança nos pontos corridos, na 15ª rodada ao vencer o Ceará por 3 a 0, para não mais perdê-la. No ano seguinte, cinco vitórias e um empate foram a conta para tomar a liderança do Internacional na penúltima rodada e confirmar o título na derradeira, mesmo com derrota para o São Paulo..
Agora, o time emendou seis vitórias seguidas na virada do turno e continuou nove pontos atrás do líder, que venceu o mesmo número de jogos no período. Houve a chance de reduzir a vantagem nas últimas três rodadas, mas o planejamento, uma vez preparado lá atrás, precisa ser cumprido com rigidez.
Até porque é difícil imaginar um time brigando pelo Brasileiro e envolvido com finais de Copa do Brasil e Libertadores, como o Flamengo deve confirmar a condição em breve. Na semana de decisão do mata-mata nacional, o time reserva vai precisar resolver três rodadas. A anterior, a do fim de semana no meio e a posterior, com a ressaca do título ou a tristeza da perda. Palmeiras e Atlético Mineiro, os últimos campeões, tiveram a facilidade de decidir o mata-mata nacional depois do Brasileiro.
Tudo isso com um Palmeiras que vive turbulência no momento, sem vencer há quatro partidas, mas que na sequência terá Juventude em casa, uma semana para descansar, depois Santos também no Allianz e dez dias da data FIFA para Abel Ferreira juntar os cacos e reorganizar a equipe para o "sprint" final da temporada.
É ladeira muito íngreme para um trabalho com problemas e particularidades. Não é acaso que nenhum time tenha alcançado a verdadeira tríplice coroa brasileira. Tudo precisa estar bem alinhado desde o início e o elenco voando. Nem Jorge Jesus, no ano mágico rubro-negro no século, conseguiu.
A temporada precisa continuar sendo de recuperação. Foco nas copas e administrando o G-4 no Brasileiro. E os erros da direção não podem ser esquecidos, desde a escolha infeliz do treinador no final de 2021, passando pela falta de respaldo no comando do elenco, até a longa espera por Oscar sem um plano B para a reposição a Arrascaeta e também um terceiro centroavante, a partir do momento em que Bruno Henrique se lesionou gravemente e Pedro virou titular. Com a venda de Lázaro e as suspensões de Gabigol e Pedro, quem jogará no ataque fora de casa contra o Goiás?
Fácil e simples demonizar Dorival, culpando o treinador pelo próprio sucesso. Se o time está próximo de duas decisões e na segunda colocação na tabela do Brasileiro é por causa do planejamento. Sair dele é colocar tudo em risco e resgatar velhos problemas. Ficar nele também não é garantia de títulos, já que há os adversários, as circunstâncias das partidas, o imponderável e também uma diretoria que considera desnecessário um psicólogo na comissão técnica.
O torcedor tem direito de sonhar e cobrar a promessa de que "quando se organizar financeiramente será imbatível". É dever, porém, lembrar-se do caos que foi o Flamengo até junho, entender que existe um líder do Brasileiro que oscila, mas pouco, e aceitar que o ano, a menos que haja um guinada de 180 graus que só o futebol é capaz de proporcionar, não é para tríplice coroa. Mas com dois títulos, ou só a Libertadores, já será histórico.
Dorival Júnior, razão, Flamengo, basta, memória, entender
Olhando por esse lado ta certo ?????
Também acho