Jucinara vestindo a camisa do Flamengo — Foto: Roberto Umaña/Socios.com


O Flamengo inicia a temporada no futebol feminino com um desafio de peso: a busca pelo primeiro título da Supercopa Feminina. Campeã da Ladies Cup no ano passado, a equipe chega com a moral elevada para a competição. A expectativa é grande principalmente sobre Jucinara, que teve uma grande atuação na conquista do torneio, e é vista como uma referência pelas mais jovens do elenco.



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A estreia das Meninas da Gávea na Supercopa é contra o Ceará, no domingo, às 10h30, no Estádio Luso-Brasileiro, no Rio de Janeiro. O jogo é eliminatório.

Jucinara ficou cinco anos na Espanha e voltou ao Brasil para defender as cores do Flamengo no segundo semestre de 2022. Com experiência em uma das ligas femininas mais competitivas, as expectativas da torcida sobre a jogadora são grandes.

- A camisa do Flamengo é realmente pesada. A cobrança aqui é muito grande, olham para nós e pensam que vamos ganhar o campeonato, mas é uma cobrança muito gostosa também. O atleta gosta de ter essa competitividade e vontade de buscar o topo. Vestir a camisa do Flamengo é diferente, você a vê por todos os lugares do Sul ao Norte do Brasil.

- Acho que a maior cobrança é a minha. Eu não gosto de deitar a cabeça no travesseiro pensando que não fiz um bom trabalho. A maior cobrança é a do atleta. A cobrança da torcida é normal e sempre vai existir, eles querem o melhor para o Flamengo. Eu também quero dar o meu melhor todos os dias - completou Jucinara.

A experiência de Jucinara também a faz ser vista como um exemplo pelas colegas, justamente pelo Flamengo ter muitas jovens da base no elenco. A jogadora tem consciência da responsabilidade que carrega e cobra as meninas mais novas pelo bem da carreira delas.

- Incomodo muito elas. Infelizmente, não tive essa base, mas elas estão pegando o futebol feminino em uma crescente, o que é ótimo. Tento passar até dicas técnicas, coisas básicas que aprendi fora do Brasil. Dou muitas dicas sobre o futuro, falo para elas aproveitarem as oportunidades. Eu consegui mudar a situação da minha família com o futebol, mas algumas meninas não têm essa oportunidade e chegam a abandonar o sonho. Passo muito para elas sobre aproveitar e aprender com o momento no qual estão vivendo. Estamos aqui para ajudá-las. A vida delas pode mudar com a disciplina de focar diariamente nesse sonho. Sinto uma resposta muito boa delas. Estão se tornando atletas profissionais - disse.

Expectativa para a Supercopa

O Flamengo é visto como um forte concorrente a títulos em 2023, apesar da temporada com altos e baixos no ano passado - foi eliminado da Supercopa Feminina (semifinal), do Brasileirão (quartas de final), vice-campeão do Carioca para o Botafogo, e campeão da Ladies Cup.

Na Supercopa Feminina deste ano, o Flamengo enfrenta logo de início o Ceará, campeão do Brasileiro A2 na última temporada. Confiante, Jucinara ressalta a força dos adversários, mas projeta um bom campeonato para o Rubro-Negro.

- A expectativa é boa. Tivemos tempo para trabalhar e estamos preparadas. Só que ter informações das outras equipes é uma das dificuldades no futebol brasileiro. Sabemos que o Ceará passou por uma reformulação, mas não temos mais informações. Vejo o Real Brasília como um time que trabalha muito bem a bola. Gostei muito dos jogos delas que vi. O Corinthians também não voltei a enfrentar. O Internacional vem com confiança, mesma coisa o Avaí/Kindermann. O próprio Athletico-PR vem investindo na modalidade. Vai ser uma Supercopa bem difícil, até por ser começo de temporada, mas vai ser gostoso de jogar. Se Deus quiser, chegaremos na final - falou.

Mudanças no futebol brasileiro

Desde 2017 na Espanha, Jucinara tem passagens pelo Atlético de Madrid, Valencia e Levante, onde estava antes de negociar com o Flamengo. No Brasil, defendeu outros quatro clubes: Internacional, Centro Olímpico, Corinthians e Audax. A defensora coleciona títulos como a Liga Espanhola, Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro. Jucinara elogia os investimentos feitos no futebol feminino e vê uma evolução na modalidade.

- Quando saí do Brasil, o Flamengo não tinha a estrutura que tem hoje, a mudança aqui foi muito grande. Não existia alguns clubes grandes que temos agora no futebol feminino. O próprio Corinthians estava começando e ainda não era o que é hoje, participei desse começo do clube. A mudança nesses cinco anos é gigantesca. A gente não jogava nos estádios onde jogamos hoje. Agora também temos mais transmissões na televisão. Claro que na Europa essa mudança é mais rápida, o futebol ainda caminha devagar aqui no Brasil - disse Jucinara.

- O apoio da torcida também faz a diferença. Você sai na rua e as pessoas te cobram. Somos reconhecidas pelo que fazemos. Acredito que a televisão traz essa visibilidade para o futebol feminino. A torcida está conhecendo realmente a modalidade. Que todos possam ver que o futebol feminino também é vistoso e o valorizem - completou.

Seleção brasileira

Veterana na seleção brasileira, Jucinara foi convocada pela primeira vez em 2019, ainda atuando na Espanha. A escolha de Pia Sundhage foi uma das surpresas da época. Um ano depois, a lateral estreou nos Jogos Olímpicos, quando o Brasil confirmou a vaga para as quartas de final das Olimpíadas de Tóquio.

Quando questionada sobre voltar a defender a seleção brasileira, Jucinara não escondeu o desejo de ser convocada novamente. Porém, em ano de Copa do Mundo, ela ressaltou que o mais importante é torcer para as jogadoras representarem bem o Brasil.

- Não estou mais lá dentro, mas fico na torcida para que façam um bom papel no Mundial. Elas representam todo o país e a modalidade, para que tenhamos cada vez mais espaço. Vou fazer o meu trabalho. A Seleção Brasileira é uma consequência do nosso trabalho. Pretendo fazer o melhor possível com o Flamengo, mas hoje estou focada em um jogo de cada vez. É claro que meu maior sonho é ir para uma Copa do Mundo. Bati na trave em 2019, consegui disputar a Olímpiada, mas desejo o Mundial desde pequena. Se eu for, é porque a Pia acha que estou preparada. Se não me chamar, ficarei na torcida por todas elas - finalizou.

Jucinara conquistou um lugar nos Jogos Olímpicos — Foto: Mariana Sá/CBF


Supercopa Feminina

A primeira fase da Supercopa do Brasil Feminina começa no sábado, dia 4 de fevereiro. As semifinais acontecem nos dias 8 e 9 de fevereiro. A final está marcada para o dia 12 de fevereiro. O Flamengo, representante do Rio de Janeiro na competição, estreia contra o Ceará no dia 5 de fevereiro, próximo domingo.

A Supercopa do Brasil tem jogos eliminatórios desde a fase inicial e é definida nos pênaltis em caso de empate.

Os mandos de campo foram definidos através do ranking de Federações. Ou seja, o clube filiado à federação melhor ranqueada obteve a vantagem de jogar em casa.



Confira os confrontos da Primeira Fase:

Internacional x Athletico-PR, sábado (04), às 18h45, no Beira-Rio
Real Brasília x Avaí/Kindermann, sábado (04), às 21h, no Serejão
Corinthians x Atlético-MG, domingo (05), às 10h30, no Jardim Inamar
Flamengo x Ceará, domingo (05), às 10h30, no Estádio Luso-Brasileiro



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