O técnico Fernando Diniz teve participação fundamental na carreira de um ídolo do Flamengo, adversário do Fluminense na final do Campeonato Carioca neste domingo (9), no Maracanã. No duelo de ida, o clube da Gávea venceu por 2 a 0.

Em 2010, quando era treinador do Paulista de Jundiaí, Diniz enfrentou uma série de problemas para montar o elenco para a disputa da Copa Paulista. O clube vivia uma crise financeira, com vários meses de salários atrasados e a diretoria "rachada".

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Precisando abusar da criatividade, Diniz utilizou jogadores da base do clube e foi buscar um atacante desconhecido do São Paulo, que até então estava treinando de forma separada em Cotia. Por indicação de Marcos Vizolli, técnico da base do Tricolor, ele resolveu dar uma chance para Hernane Brocador.

"Foram três jogadores do São Paulo para o Paulista, mas alguns não quiseram ir. Eu queria estar jogando porque a Copa daria uma visibilidade", contou Brocador ao ESPN.com.br.

Desde que havia saído do Atibaia, da quarta divisão paulista, em 2007, para o Tricolor, o centroavante havia sido emprestado para vários clubes. Em Jundiaí, passou por desconfiança no começo da trajetória, mas conseguiu se firmar com o tempo.

"A melhor coisa para a minha carreira foi ter trabalhado com o Diniz. Eu aprendi bastante. Ele era bem chato, mas um chato positivo. Ele sempre tirava o nosso melhor, cobrava dos atletas que poderiam dar mais. Às vezes, quando você está bem, entra na zona de conforto, mas ele não deixava a gente ficar assim. Por onde eu passo falo o nome dele porque é um dos melhores, dentro e fora de campo", disse.

Hernane conta que naquela época o treinador já tinha um comportamento mais explosivo à beira do gramado durante as partidas.

"Ele era bem estourado, mas depois mudou bastante porque sabia que algumas vezes passava do ponto. Depois que trabalhei com ele, conheci a pessoa dele e vi como queria o nosso bem. Ele dava as broncas e depois levava na salinha para conversar e mostrava o que queria da gente. E tinha razão no que falava", completou.

Ao mesmo tempo, o atacante conta que o treinador tinha um lado humano que cativava o elenco.

"O vestiário era muito bom. Antes de todos os jogos ele tinha que ligar o som e deixava a roda para que todos os jogadores dançassem a música. A gente tinha que ficar uns dez segundos pelo menos na roda, fazer um passinho e ir bem alegre para o jogo. A música era sempre o mesmo pagode, a música "Tá Escrito", do Grupo Revelação: "Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé..." Acho que ele deve fazer isso até hoje", arriscou.

Na parceria com Diniz, Hernane ressurgiu para o futebol, sendo artilheiro da equipe na competição, com 10 gols. O Paulista foi campeão da Copa Paulista, derrotando na final o Red Bull Brasil.

No ano seguinte, o atacante jogou o estadual da Série A1 pelo time de Jundiaí e marcou 7 gols. Depois disso, viu sua carreira deslanchar. Defendeu Paraná e Mogi Mirim até chegar ao Flamengo, em 2012. No ano seguinte, ele marcou 36 gols, ajudou na conquista da Copa do Brasil e entrou para a história do clube da Gávea.