gerson comemora gol do flamengo contra o internacional — Foto: Maxi Franzoi/AGIF

Em dia de derrota frustrante nos acréscimos, a ótima atuação de Gerson contra o Internacional em Porto Alegre foi a grande notícia do domingo do Flamengo. Os números do duelo e as imagens de mapas de ações em quatro jogos mostram o quanto o jogador foi reinventado por Jorge Sampaoli, treinador que o dirigiu em seu melhor momento na Europa, pelo Olympique de Marselha.

Com dois volantes à frente dos zagueiros, Gerson não teve as mesmas obrigações defensivas do tempo de Vítor Pereira e ganhou muita liberdade para construir. Como um meia pela esquerda, tornou-se o jogador mais criativo do Flamengo.

O ge consultou os mapas de ações de Gerson (do site Footstats) nas finais do Carioca, as duas últimas partidas com 90 minutos jogados que fez com Vítor Pereira, e nos dois primeiros jogos de Jorge Sampaoli.

Nos dois Fla-Flus, ainda com Vítor Pereira, o Coringa aparece realizando muitas ações defensivas, especialmente pelo lado esquerdo. Repare que não há nenhuma bolinha verde indicando presença na linha de fundo porque o camisa 20 não tinha tanta liberdade para atacar.

Na estreia de Jorge Sampaoli, contra o Ñublense, com três zagueiros e os volantes Vidal e Thiago Maia, Gerson teve maior liberdade para criar e suas ações defensivas passam a ser mais escassas. Vale lembrar que ele foi um dos jogadores mais ofensivos do Flamengo na vitória por 2 a 0 sobre os chilenos. Era comum vê-lo avançar arrastando defensores. No segundo tempo, conseguiu boas penetrações, mas algumas tomadas de decisão de Everton Cebolinha acabaram inviabilizando jogadas mais perigosas.

Internacional 2 x 1 Flamengo: 23/04/2023
Na derrota para o Internacional, surge o Gerson meia-atacante. O camisa 20 atua aberto pela esquerda, onde realiza a maioria de suas ações no jogo. Com muita liberdade, entra na área por diversas vezes e aparece bastante na linha de fundo.

Do fundo, conseguiu driblar em direção à área e deu assistência para Gabigol após partir se deslocar do meio para a ponta. Azar dele que estava impedido por centímetros ao fazer a investida ofensiva, mas a construção da jogada foi muito interessante.

Embora tenha ficado mais pela esquerda a maior parte do tempo, com Everton Ribeiro na outra ponta do quadrado de meio-campo, Gerson tinha autorização para flutuar. Numa dessas, saiu o gol.

Deixou o círculo central, tirou dois defensores com cortes secos, tocou para Gabigol e avançou. O camisa 10 chutou mal, Gerson foi guerreiro para estourar a bola e depois mostrou muito talento ao dar um chapéu em Keiller, fazer embaixadinha e completar para a rede. Golaço

Já no fim, novamente pela esquerda, encontrou Gabigol com um passe no meio da defesa que só um jogador com confiança daria. O atacante parecia impedido, mas Gerson, com visão apurada, deu a "tacada de sinuca". Azar dele que Gabi não aproveitou.

Números que ilustram a mudança de função
Algumas estatísticas ilustram bem o quanto Gerson foi agudo contra o Internacional. Ficou em posição de impedimento por duas vezes, algo que dificilmente acontecia quando atuava em outras funções.

Errou mais passes do que o habitual (nove) por ter assumido papel de criação. A presença constante no último terço e a responsabilidade de servir aos atacantes, forçou o passe em algumas oportunidades.

As subidas constantes fizeram dele o jogador do Flamengo que mais sofreu faltas (três). E o combate a todo momento o transformou também no atleta mais faltoso (quatro). De 21 duelos pelo chão, venceu seis (número do Sofascore).

Com saúde para se deslocar de ponta a ponta, o Coringa dá indícios de que nos próximos jogos apresentará cada vez mais sua versão ofensiva. Os gols voltaram a acontecer depois de 18 partidas, e os atacantes passaram a receber mais passes decisivos. Ídolo da torcida, Gerson parece pronto para reviver grandes momentos com um treinador que o fez voar no futebol francês.