Ao ge , Bruno Batata relembrou como foi aquela partida e deixou claro que até hoje é o momento mais citado quando encontra torcedores do Coritiba, principalmente quando se aproxima de um jogo entre os times. Coxa e Flamengo se enfrentam novamente no domingo, às 16h, no Couto Pereira, pela 20ª rodada do Brasileirão.

– Um jogo especial porque era contra o Flamengo, com retorno do Adriano Imperador, ele tinha acabado de voltar para o Brasil, jogou esse jogo. Um jogo perfeito para mim, para o clube, obviamente, ganhar de 5 a 0 do Flamengo é sempre especial – disse Batata, hoje gerente de futebol do Operário-PR.

Bruno Batata não era protagonista naquele Coritiba. Após ficar 10 anos na base do Coxa, ele passou por outros clubes e voltou ao Couto Pereira em 2009. No banco, o atacante viu o Alviverde abrir vantagem no primeiro tempo.

Aos sete minutos, Rodrigo Heffner fez boa jogada, passou por Juan, e Wellington, contra, abriu o placar para o Coxa. Aos 41, Ariel disputou a bola na área, e Marcos Aurélio chutou forte para ampliar. Após o segundo gol, o clima esquentou, e Ariel foi expulso com Airton, do Flamengo.

No intervalo, antes de ir aos vestiários, Bruno Batata foi informado que entraria no retorno para o segundo tempo.

– O René Simões era o técnico, e ele queria manter um jogador de referência e me colocou no lugar do Marcos Aurélio, atacante de lado. Para um centroavante, eu lembro que era difícil entrar em um jogo desses. O jogo com 2 a 0, cada time com um jogador a menos, eu não esperava que ia entrar no intervalo. Os suplentes sempre retornam para ouvir as instruções do treinador, e fui pego de surpresa quando o preparador físico chega em mim e fala: “vamos aquecer porque você vai entrar no jogo”. Para mim era uma oportunidade única – contou Batata.

A atuação foi arrasadora. Com 20 segundos, Bruno Batata participou da jogada, recebeu na área e bateu no canto para fazer o terceiro gol do Coritiba. Aos 16 minutos, mais um dele, agora pegando rebote do goleiro. Leozinho ainda fechou a goleada, aos 31. Já Adriano Imperador passou em branco e sofreu com as vaias da torcida do Coritiba em todo o jogo.

– Eu não esperava que ia entrar, e o meu gol foi com segundos, não deu um minuto. Reiniciou o segundo tempo, a gente tem uma tabela, e faço o gol. Tem mais um tempinho e faço o segundo gol. Para um atacante fazer dois gols, a confiança vai lá em cima – destacou.

O Coritiba teve Vanderlei; Cleiton, Rodrigo Mancha, Felipe; Rodrigo Heffner, Leandro Donizete, Pedro Ken (Jaílton), Renatinho, Guaru (Leozinho); Marcos Aurélio (Bruno Batata) e Ariel Nahuelpán. Técnico: René Simões.

O Flamengo teve Bruno; Welinton, Ronaldo Angelim, Aírton, Everton Silva; Toró, Ibson, Everton, Juan (Fierro); Josiel (Aleílson) e Adriano. Técnico: Cuca.

Sobre Adriano, Bruno Batata tem algumas breves memórias daquela partida. Uma é de ter sido elogiado pelo Imperador na saída do gramado, mas com o arrependimento de não ter pedido para trocar de camisa com ele. A outra é de uma dividida em que acabou levando a pior – isso quem geralmente conta são os amigos.

– No final do jogo eu estava dando entrevista, e ele passou e me deu parabéns pelos gols. A gente que viu ele jogando na seleção brasileira, o apelido de Imperador não é à toa. Fiquei com vergonha de pedir a camisa para ele, mas deveria ter pedido. Não é todo dia que a gente tem oportunidade de estar perto de um cara com ele, ainda mais jogar contra, com todo contexto que foi o jogo – relembrou Batata.

– Teve uma bola no meio-campo, e eu sou forte, minha característica sempre foi de força, de segurar a bola, mas eu fui dividir com o homem e cai igual um pacote de areia no chão, me jogou longe. Foi constrangedor, eu nem lembrava, meus amigos que me mostraram. O homem é muito forte. Nesse período, ele tinha acabado de retornar da Europa, estava um tempo sem jogar, um pouco fora de forma. No segundo turno o homem fez muitos gols, acabou sendo artilheiro, o principal jogador para o título do Flamengo. É um ídolo – finalizou.

O jogo Coritiba 5x0 Flamengo foi válido pela sexta rodada do Campeonato Brasileiro de 2009. Foi a primeira vitória do Coxa na competição, enquanto o Flamengo não engrenava. No fim, porém, o Fla foi campeão brasileiro, no embalo de Adriano e Petkovic, e o Alviverde acabou rebaixado na última rodada.

– Era um grupo de muita qualidade. Tanto que o rebaixamento foi inesperado, ninguém esperava que o Coritiba iria cair. Dificilmente um time cai com essa pontuação (45 pontos) hoje. Foi traumático, ninguém esperava que aquele time poderia cair. Teve também a sequência do Fluminense, que estava praticamente rebaixado, Fluminense do Cuca e do Fred. Mas (o Coritiba) era uma equipe de muita qualidade. Não tinha time para cair – lamentou Batata.