Adepto de improvisações e constantes mudanças, o treinador argentino desta vez ultrapassou o limite do compreensível ao buscar mexidas que não contemplam as características das peças escolhidas para tais funções. Mesmo sem os seus quatro melhores jogadores da temporada, o organizado Athletico Paranaense aproveitou.

Escalações

O Mais Querido não teve Ayrton Lucas, Erick Pulgar e Filipe Luís. Gabigol partiu da ponta-direita em um trio de ataque com Pedro e Everton Cebolinha, este último mais preso pelo flanco. Wesley atacou bem aberto pela direita.

Wesley Carvalho também teve desfalques importantes. Bento, Fernandinho, Canobbio e Vitor Roque não estiveram à disposição. Léo Linck, Hugo Moura, Cuello e Pablo foram os substitutos. Zapelli ganhou nova oportunidade na vaga de Vidal, outra ausência sentida.

O jogo

Os equívocos na leitura do que cada jogador poderia entregar nas funções em que estavam improvisados não demoraram a aparecer. Desconfortável e com o corpo mal posicionado para receber à frente dos zagueiros, David Luiz não gerou opções de passe com frequência e errou saídas de bola.

Matheus Cunha também se equivocou constantemente. Assim como Thiago Maia, nitidamente longe do melhor que pode ao estar fixo pela esquerda. O Athletico aproveitou e criou chances com Cuello e Zapelli a partir de pressões bem coordenadas na saída rubro-negra.

Restou ao Flamengo apelar para algo bem comum ao longo de 2023: as ligações diretas. Conseguiu ganhar a ''segunda bola'' duas vezes no campo de ataque e levou perigo com Everton Cebolinha e Gabigol, mas não foi uma constante. Pelo contrário. O time visitante esbanjava mais confiança e organização.

Outro problema rotineiro do time carioca na temporada é a ausência de competitividade ao defender. Pouca pressão na bola, desconcentração para se posicionar de maneira correta, e isso se multiplicou com a desorganização coletiva. Todo o espaço dado a Vitor Bueno na origem do gol marcado por Cacá resume o cenário.

Atrás no placar, o Flamengo passou a conviver também com nervos mais descontrolados. Era nítido o nervosismo a cada domínio de bola ou tentativa de passe arrojado. Mesmo os jogadores mais exprientes mostraram isso.

No intervalo, Sampaoli tentou ajustar os erros inicias com as entradas de Allan e Everton Ribeiro. David Luiz e Victor Hugo saíram. Thiago Maia seguiu na lateral-esquerda. O volante contratado ao Galo não teve tempo de fazer muita coisa. Saiu lesionado aos 16 minutos e deu lugar a Igor Jesus.

Como se já não bastasse o cenário, Gabigol , que vinha em mais uma péssima atuação, foi expulso ao acertar uma cotovelada em Cuello. Nada mais emblemático que uma das referências do elenco tenha tido tal atitude. Parte emocional em frangalhos.

Com um jogador a menos, aquilo que já estava complicado por todos os problemas táticos e técnicos que o Flamengo carrega no ano, somados a instabilidade desta partida, ficou praticamente impossível.