Não é por acaso que Cebolinha faz sua melhor partida no ano e Luiz Araújo começou a aparecer como uma boa alternativa. Os dois têm como característica a recomposição tática, a geração de espaço e uma solução rápida no último terço, sem segurar tanto a bola. Essas são funções táticas e comportamentais que fazem a diferença num sistema de jogo que depende da organização defensiva e tomada rápida de decisão para ser bem sucedido. Vale ressaltar o grande jogador que é Erick Pulgar, fundamental para todo o esquema funcionar bem.

O Flamengo não é defensivo, mas foi cumpridor do seu dever nos momentos em que precisava baixar suas linhas e ter a humildade de apenas esperar o adversário, bem marcado, perder a posse. Essa maturidade permite que Gerson possa articular mais as jogadas e sustentar um Arrascaeta que, naturalmente, não é combativo na marcação.

A amostragem é pequeníssima e não necessariamente indica que Tite resolveu todos os problemas. Apenas indica um caminho interessante. Os dois pontas citados não são melhores que Bruno Henrique e Éverton Ribeiro (ou qualquer outro que atuou recentemente pela ponta direita), mas hoje entregam o que o Flamengo precisa. Ou, pelo menos, o que o Tite precisa que seja feito em campo para que o sistema seja eficiente.

É importante dizer que o Palmeiras não fez um bom jogo, bem aquém do ritmo que vinha impondo nos jogos. Um tanto por culpa do seu próprio comportamento e outro tanto por culpa de um Flamengo bem postado.

O senso de responsabilidade tática é uma marca do Tite e é nisso que ele baseia seu trabalho e encontra consistência, esta última tão ausente no Flamengo nessa temporada. Mas o Flamengo, na sua essência, é criatividade e arte. Ali na frente o desafio do treinador vai ser encontrar o devido equilíbrio.