O Flamengo conquistou sua 24ª Taça Guanabara no sábado sem sustos. Venceu por 3 a 0 o Madureira com ótimo funcionamento coletivo e sem conceder oportunidades ao adversário. Mas um grupo de quatro jogadores merece destaque: Arrascaeta, De la Cruz, Varela e Viña, todos da seleção do Uruguai, foram muito bem . - Muito feliz que tenho muito compatriotas aqui, é importante tê-los por perto sempre. Estão mostrando muita vontade no dia a dia. Tomara que eles possam acrescentar todo o potencial que têm para enriquecer o Flamengo - comemorou Arrascaeta após erguer a taça. O quarteto uruguaio soube dosar energias e fazer escolhas de jogadas corretas para se destacar numa tarde de domínio absoluto do Flamengo contra mais um adversário de nível inferior. Viña começa em alto nível É justo que comecemos a análise por quem fez sua primeira partida como titular. Matías Viña apresentou características totalmente diferentes em relação às de Ayrton Lucas. E a primeira impressão iniciando um jogo foi muito animadora. Embora seja menos agudo que o colega de posição, mostrou-se à vontade para subir. E sempre que apoiou foi no timing certo. Soube escolher os momentos adequados para fazer os passes, infiltrar e aparecer às costas da defesa do Tricolor Suburbano. Antes dos dois minutos de jogo, já tinha surgido como opção em três oportunidades. Na última, recebeu de Arrasca e deu ótimo cruzamento, que o goleiro Willis Mota interceptou. Se não o fizesse, Pedro abriria o placar. Além de participar muito pelo seu corredor e quase marcar um gol de fora da área no fim do primeiro tempo, Viña terminou como o líder de desarmes do Flamengo no jogo, com três. Aliás, dos 12 feitos pelo Flamengo , sete vieram de uruguaios (dois de Arrascaeta e outros dois de De la Cruz) A formiguinha Se o papo no parágrafo anterior foi desarme, De la Cruz chamou atenção pela maneira que roubou a bola duas vezes dos rivais. Com intensidade e explosão impressionantes, o baixinho surgiu "do nada" para retomar a posse e acelerar o jogo na sequência. Ouviu-se na tribuna do Maracanã a interessante frase: "De la Cruz não é espetaculoso, mas é espetacular". Sem firulas, passou a maior parte do tempo encontrando passes no meio da defesa do Madureira. Acelerava quando necessário e temporizava, com precisão, os movimentos ofensivos do time. - Um cara que joga muito. Sempre gosto de jogar com os melhores. Ele está numa fase muito boa. Tomara que ele possa contribuir com muitas taças - elogiou Arrascaeta após o jogo. Mesmo optando por passes mais difíceis, errou apenas seis dos 68 tentados . Dinâmico, mais uma vez mostrou-se onipresente, desde a intermediária defensiva do Fla até a primeira linha do adversário.
O gênio ataca de novo Arrascaeta segue em estado de graça. Esteve em nível altíssimo contra o Fluminense, com passe de calcanhar que quebrou a defesa adversária no gol de Cebolinha, e voltou a fazer golaço neste sábado. Mas não foi apenas o sem-pulo de trivela que o destacou contra o Madureira. A intensa movimentação e a ótima forma física que vem demonstrando permitiram a ele aparecer inúmeras vezes na ponta direita para tentar servir Pedro. Distribuiu passes geniais, deu chapéu e deixou o campo mais uma vez ovacionado. - Graças a Deus, dominei da melhor forma e fico feliz por isso. Deu para ajudar o time e abrir o placar, que é muito importante. A gente tem que estar ali perto para ajudar os companheiros, seja com gol ou assistências - completou.
Varela por dentro Cena que tem se repetido nos últimos jogos, Varela mais uma vez tem aparecido constantemente na zona central. Sua movimentação saindo da ponta para o meio abre espaço para que Arrascaeta e Luiz Araújo apareçam na linha de fundo para buscarem o passe na referência. No primeiro gol, após De la Cruz mudar a direção de uma paciente troca de passes que duraria 50 segundos, Varela se desloca da lateral para o meio e recebe passe do compatriota. Ajeita o corpo, ajusta o timing e estica em Luiz Araújo, que cruza, Bruno Henrique ajeita, e Arrascaeta completa com perfeição. Varela é sem sombra de dúvida o mais discreto dos quatro, mas tem se notabilizado por escolher os movimentos certos. Na época das poucas oportunidades e da consequente pressão, pecava por excesso de afobação. Hoje é um jogador mais tranquilo e que ajuda, ao lado de seus compatriotas, a desenvolver um Flamengo mais inteligente.
Depois de um ano de decepções e derrotas em todas as disputas de troféus, o Flamengo de Arrascaeta, De la Cruz, Viña e Varela mostrou inteligência dentro e fora de campo. Teve fluidez em campo e entendeu que a 24ª Taça Guanabara da história do clube, apesar de pouco impactar os quase 129 anos do Rubro-Negro, representa um início positivo de uma temporada muito promissora.
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