Relembro críticas pós Copa de 1982: "Quer cantar em vez de jogar bola

5/7/2024 19:37

Relembro críticas pós Copa de 1982: "Quer cantar em vez de jogar bola

Relembro críticas pós Copa de 1982: Quer cantar em vez de jogar bola

Junior entra na sua casa pela TV há quase três décadas. Certamente você sabe que o comentarista do grupo Globo foi um craque, ídolo do Flamengo e da seleção brasileira. Mas talvez nunca tenha ouvido falar que ele vendeu mais de meio milhão de cópias num samba que uniu a nação em torno do futebol encantador do Brasil de 1982. Menos ainda sabe que Leovegildo Lins Gama Júnior nasceu em João Pessoa, veio para Copacabana ainda criança e seguia a carreira de estudante de administração de empresas quando decidiu se arriscar nos campos.

Junior completou 70 anos no último dia 29 de junho — Foto: André Durão
Andre Durao

O Capacete, que mais tarde também ficou conhecido como Maestro, jogou até os 47 anos em alto nível na praia, sua primeira e grande paixão. Conheceu a esposa num pagode às vésperas de viajar para a Espanha. Sofreu ofensas racistas em campo na Itália e alimentou as chances de ir para a Copa de 1994, a do tetra, até leve atrito com Zagallo próximo do Mundial. Na semana passada ele completou 70 anos em viagem a trabalho na cobertura da Copa América nos Estados Unidos e repassou a trajetória no Abre Aspas do ge.

Junior comentarista no Abre Aspas — Foto: André Durão
Ge website

Nome completo: Leovegildo Lins Gama Júnior Nascimento: 29 de junho de 1954 em João Pessoa (PB) Carreira: Flamengo (865 jogos, recordista), Torino e Pescara. Na Seleção, foi a duas Copas do Mundo (1982 e 1986), fez 69 jogos e seis gols. Foi treinador em curtas passagens por Flamengo e Corinthians. No Rubro-Negro, também foi diretor de futebol. É comentarista de futebol desde 1998.

Junior em 1993, no último ano de carreira pelo Flamengo — Foto: Neal Simpson/EMPICS via Getty Images
Neal Simpson/EMPICS

No Beach soccer, conquistou inúmeros títulos internacionais e continentais na segunda metade da década de 1990. Abre Aspas: Júnior ge: como você chega aos 70 anos? Junior: — Se tem uma palavra que eu posso falar é gratidão. Eu consegui fazer aquilo que gostaria, que é uma coisa muito difícil você trabalhar naquilo que você gosta, tendo resultados, tendo alcançado objetivos e principalmente ter o reconhecimento das pessoas pelo trabalho que foi desenvolvido e que foi feito.

Principalmente pelas companhias que eu tive no final de carreira. Júnior Baiano, Djalminha, Marquinhos, Nélio, Piá, essa molecada toda. Quer dizer, a cabeça vai tentando acompanhar um pouco tudo aquilo que eles faziam. O apelido de Maestro também já surgiu mais velho e reflete bem essa fase né? —Acho que os grandes responsáveis (pelo apelido) foram exatamente os garotos, essa molecada toda ali, né? Porque pra que eu pudesse ter rendimento...

Foto histórica de Junior com garotada do Flamengo inspirou criação de documentário
Divulgação
Junior comentarista no Abre Aspas — Foto: André Durão
Ge website

Você veio de João Pessoa, na Paraíba, para o Rio com cinco, seis anos. Lembra de alguma coisa dessa transição? Seu pai cuidava da fábrica de azulejos do seu avô. — Lembro de pouca coisa. O meu avô tinha essa fábrica de azulejos, era mestre de obra. E quando ele faleceu, deixou para o meu pai. Só que o meu pai não tinha tino comercial. Quem não tem tino comercial, normalmente, não consegue continuar com o negócio. O meu avô vendeu e a gente se transferiu, a família, aos poucos veio para o Rio. — Eu morava na rua Domingos Ferreira, em Copacabana. Quando cheguei eu era muito pequeno, as coisas só foram acontecendo, na verdade, 3, 4 anos depois.Comecei a sair de casa com o meu irmão mais velho. Ele jogava no infantil do Juventus (da praia), então eu o acompanhava para ver os jogos na praia. Ali você vai tomando gosto. É aquela coisa que a gente nem sente quando acontece. Quando eu tinha 9 para 10 anos já estava jogando no infantil do Juventus. Você tinha mais paixão pelo futebol de praia do que do campo? — Tinha não, tinha não... Tenho, porque até hoje o nosso pessoal lá do Juventus, lá de Copacabana, a gente tem uma pelada. Na verdade a pelada é um motivo pra gente se encontrar, que é tudo amigo de mais de 50 anos, que crescemos juntos ali em Copacabana. E aí a gente se junta pra jogar essa peladinha, mas na verdade é pra tomar um chope depois e falar um pouco da vida. E...

Junior comentarista no Abre Aspas — Foto: André Durão
Ge website

E o futebol de praia para mim foi a primeira grande diversão que eu tive. Acompanhando o meu irmão, conhecendo as pessoas. Eu não gostava muito de jogar futebol de campo, porque as chuteiras naquela época eram muito arcaicas mesmo. Toda vez que eu calçava uma chuteira era bolha pra tudo quanto é lado, quer dizer, eu não me ficava muito à vontade, mas por contingências da vida acabei indo para o campo. Você também se apaixonou cedo pelo samba. Como entrou a música na sua vida? — Meu tio Vavá, irmão da minha mãe, fazia umas rodas de samba em casa. A gente já tinha essa idade (de acompanhar), mais ou menos. Quando minha mãe deixava a gente ficar acordado, eu ficava acompanhando ele. E ele tocava muito bem pandeiro. Eu aprendi a tocar olhando ele tocar. Outra coisa que veio junto também foi o fato de, como a gente morava ali perto da Ladeira dos Tabajaras, tinha a escola de samba, a Vila Rica lá em cima. Então muita gente que morava lá no morro jogava com a gente no Juventus. Quando começava o período de Carnaval, dos ensaios, a gente ia lá para cima, para a quadra. O futebol e o samba começaram juntos na minha vida.

Junior, ex-jogador e comentarista, no Abre Aspas
Ge website

Você chegou a iniciar faculdade de administração e sempre teve marcação dura em casa para estudar. Era coisa da sua mãe? — Minha mãe trabalhou no Banco Nacional de Habitação, o BNH, durante um bom tempo, era Caixa Econômica Federal, depois trabalhou no BNH. Esse era o compromisso que a gente teve que assumir junto com ela. Porque nunca teve esse negócio de "ah, não vai jogar futebol", isso nunca teve. A obrigação primeiro, na verdade a prioridade, pode colocar assim, era o estudo. Tanto que eu fiz Primário, Ginásio, Científico na época sem repetir de ano. Era aquele 5,5 ou 6 que passava de ano. E tinha a grande paixão que era exatamente futebol, mas o boletim no final do ano ele tinha que ficar azul, senão...

Como foi sua chegada no Flamengo? — Eu tinha feito teste no Botafogo, levado pelo Neném Prancha, que era muito amigo do Tião, que era dono do Juventus, né? Fiquei um período no Botafogo. Depois fui levado pelo irmão do Giulite Coutinho, que era nosso vizinho, para ficar no América. Mas, na verdade, já estava desistindo porque a concorrência era grande, as dificuldades eram grandes e tal. E eu já estava com 18 pra 19 anos. Aí eu resolvi, "vou parar, vou fazer vestibular". Mas terminou um amigo do meu tio, que jogava vôlei com ele na (rua) Constante Ramos, "ah, vamos lá no Flamengo, vou te levar, o (Modesto) Bria (ex-jogador e treinador paraguaio) é meu amigo..." Eu fui muito mais pra agradar meu tio. — No primeiro dia para ir ao teste, o seu Bria olhou pra mim - eu com aquele cabelo black power: "isso aí é guitarrista ou é jogador de futebol?" E eu pensei: "meu Deus do céu, onde é que eu fui meter?" — Aquele foi uma forma até de descontrair, porque o seu Bria foi muito importante quando cheguei no clube em 1973. Ele e o Jaime Valente me convenceram a mudar de posição, porque eu jogava no meio de campo e tinha feito jogo no juvenil de lateral-direito: "ó, você está na idade que vai subir para o profissional, a concorrência no meio-campo é muito grande e a lateral direita tá com uma certa carência". Terminei aceitando. Eu joguei o segundo turno todo do Campeonato Carioca como lateral-direito e no final do ano subi para o profissional como lateral-direito..

Foto histórica de Junior com garotada do Flamengo inspirou criação de documentário
Divulgação

Você desenvolveu praticamente uma ambidestria. Como treinou para se tornar lateral-esquerdo? — Eu usava a perna esquerda para fazer lançamentos, para chute a gol, mas era muito mais para passar com a perna de apoio. Estava há dois anos no profissional na lateral direita, aí me aparece doutor Francisco Horta com aquela história do troca-troca. Só que ele manda para o Flamengo o Toninho Baiano, que era jogador de seleção brasileira. Eu falei: "caramba, agora que estou ambientado, vou ter que esperar. Chegou um cara com muito mais bagagem que eu". Só que nesse período o nosso treinador era o Carlos Fromer. Ele me perguntou se eu jogaria na lateral esquerda. Eu falei: "posso tentar, mas nunca fui lateral-direito, agora o senhor está querendo que eu vá para a esquerda..." E tinha o Vanderlei (Luxemburgo). Ele jogou o primeiro tempo num jogo contra o Brasil de Pelotas e eu joguei o segundo tempo. Aí vi que tinha condição. Só que eu tinha essa dificuldade muito grande de chegar na linha de fundo e fazer o cruzamento com a esquerda. Tinha um paredão de madeira lá na Gávea, que a gente ficava batendo - como se fosse de tênis mesmo. Fui treinando, praticando. Até o dia que você consegue fazer o cruzamento do jeito que você quer. Terminei até batendo córner de canhota. Sócrates uma vez disse você era o mais completo entre todos os craques de 1982. Concorda? — O Magrão era amigo mesmo (risos). Eu fui aperfeiçoando, vamos dizer, todos os fundamentos pelo fato de ter começado na praia e como ponta-direita. Depois passei a jogar no meio de campo, quando fui para o campo fui para a lateral. Joguei bom tempo futebol de salão no qual você precisa ter noção de marcação...

Imagem Peter Robinson/EMPICS via Getty Images
Peter Robinson/EMPICS via Getty Images

Tudo isso me ajudou para que eu pudesse desenvolver todas essas ferramentas para poder chegar onde cheguei. E aquela coisa, eu era bem objetivo. Não coloca desafio que eu topo. Eu fui sempre movido a esses desafios. — Até mesmo para poder chegar jogando até os 39 anos. Cada

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