Tite foi o oitavo treinador demitido por Rodolfo Landim em seis anos de gestão. É natural que um dirigente dado a esse hábito tenha dificuldade de encontrar explicações para suas decisões. Sobre a última, a diretoria do Flamengo deseja que as pessoas acreditem que a gota d’água foi o estado emocional de Tite, muito abatido nas últimas semanas. Quando há pouco apreço pela verdade e um sem-número de serviçais permanentemente dispostos a trocá-la por acesso, esse tipo de “versão dos fatos” ganha tração sem que os responsáveis – os que as criam e os que as propagam – fiquem com vergonha. É natural, também, que os canais de desinformação das atualidades rubro-negras estejam em acelerada campanha para apresentar mais um ex-treinador como alguém incapaz de conduzir o time a seus objetivos.
O próximo é Filipe Luís, exemplo de profissional impecável e uma pessoa rara no ambiente do futebol. A combinação de sua convicção em se tornar treinador com as influências que absorveu de misters de primeiro nível aumenta exponencialmente sua chance de sucesso na segunda carreira. Hoje, porém, o que se pode dizer é que ele tem muito futuro. O conhecimento do clube e a admiração do torcedor também são excelentes pontos de partida, assim como sua suposta – pois precisa ser vista em execução – predileção pelo tipo de futebol, digamos, generoso que o público rubro-negro quer ver. É muito improvável que Filipe não seja um treinador de elite, talvez até mesmo na primeira divisão do futebol mundial.
Como autêntico devorador de informações desde o grupo de estudos futebolísticos do qual era membro quando ainda jogava, Filipe Luís não se engana ao se sentir preparado para dirigir o Flamengo. O clube é sua casa, os jogadores eram seus parceiros, os dirigentes foram seus superiores. Especialmente em relação aos últimos, já é um currículo que o coloca em vantagem sobre seus antecessores, que foram apresentados a Landim no momento em que chegaram, mas só o conheceram quando saíram.
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