No dia seguinte ao envio do Flamengo de um pedido à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para proibir gramados artificiais, o jogador Filipe Luís reforçou as críticas do clube e levantou questionamentos sobre diversas práticas do futebol brasileiro. Durante uma coletiva de imprensa no Catar, onde o Flamengo se prepara para a Copa Intercontinental, o técnico destacou aspectos que considera desrespeitosos nas competições nacionais.

"Em relação aos gramados, precisamos começar pelo básico. Por que ninguém canta o hino nacional antes dos jogos? Os torcedores riem e cantam outra música por cima. Ninguém respeita um minuto de silêncio. Qual campeonato na Europa tem seis clubes jogando em campo sintético? Isso desvaloriza nosso produto e diminui a audiência internacional", afirmou ele. Filipe Luís também elogiou a qualidade dos campos da final da Libertadores em Lima, no Peru, e dos estádios cataris, utilizando esses exemplos para argumentar que os clubes brasileiros têm condições de oferecer gramados naturais de alta qualidade.

"Não entrei ainda no estádio Ahmad bin Ali, mas tenho certeza de que é lindo e estará em perfeitas condições. Na final da Libertadores no Peru, talvez tenhamos jogado no melhor gramado do ano. Se é possível fazer isso lá e no Catar, também pode ser feito no Brasil. Precisamos de investimento, padronização e fiscalização para que, a longo prazo, possamos conseguir esse nível de gramado e estádios", complementou.

Além de apontar a situação dos gramados, o Flamengo fez um levantamento significativo sobre o uso de gramados artificiais, ressaltando que esse tipo de superfície não é adotado nas principais ligas europeias e também está ausente nas ligas sul-americanas de destaque, como Argentina, Uruguai e Colômbia. É importante notar que, de acordo com o estudo do clube, nenhum país que já conquistou uma Copa do Mundo utiliza gramados sintéticos, com a exceção do Brasil.

A preocupação em relação aos gramados artificiais não é exclusividade do Flamengo, pois muitos jogadores têm se manifestado contra esse tipo de superfície, chegando até a se recusar a atuar em campos sintéticos durante competições de alto nível. Essa situação poderia afastar atletas de renome do futebol brasileiro devido às condições dos gramados.

O Flamengo propõe um período de transição para a substituição dos gramados artificiais: na Série A até o final de 2027 e na Série B até o final de 2028, permitindo que os clubes se adaptem sem comprometer a qualidade do jogo. Durante esse período, também defende a implementação de padrões mínimos de qualidade para os gramados sintéticos, considerando aspectos como tipo de fibra, altura da grama e controle de pragas.

A proposta do Flamengo vai além da simples proibição dos gramados artificiais, sugerindo que normas rigorosas sejam estabelecidas também para os gramados naturais, adaptando critérios aplicados pela FIFA e UEFA às necessidades do futebol brasileiro. O clube apresentou um documento que contém padrões técnicos mínimos para verificar a qualidade dos gramados de qualquer tipo, incluindo testes de rolagem da bola e absorção de impacto.

Além disso, o Flamengo sugeriu a adoção de infraestruturas mínimas tanto para gramados naturais quanto sintéticos, como sistemas de irrigação e drenagem, a fim de garantir que, a partir de 2026, todos os campos ofereçam um desempenho uniforme na interação entre a bola, a superfície e os jogadores.