Marcelo Buarque acumula passagens por diversos clubes pequenos do Rio e pelas divisões de base do Flamengo Foto: Guilherme Pinto

Nas preleções de Marcelo Buarque, a própria trajetória vira inspiração. O técnico sub-20 do Flamengo descobriu, ano passado, que havia contraído leucemia mielóide crônica, um tipo de câncer cujo tratamento é feito à base de remédios. A nova fase começou justamente onde passou a maior parte da carreira. Neste domingo, quando dirigir o time profissional contra o Bangu, viverá o momento mais especial desse recomeço.

— Eu me sinto privilegiado. Dizer que foi treinador do Flamengo, ainda que só por um jogo, são poucos que têm essa oportunidade. Além disso, sinto um agradecimento muito grande por confiarem em mim. Em qualquer situação, dirigir o Flamengo é sempre uma responsabilidade — disse o treinador, que substituirá Jayme na área técnica (o técnico do profissional estará viajando para a Bolívia com o time principal).

Buarque está no Flamengo desde janeiro. Seu último trabalho havia sido no Quissamã, no Estadual de 2013, antes de receber o diagnóstico. Na década de 1970, ele chegou a jogar nas categorias de base do Rubro-negro, pelas quais ainda trabalhou por 12 anos (de 1987 a 1999), até mesmo ao lado de Jayme de Almeida.

— Estou como se estivesse em casa. Você sabe onde está a cama, os móveis, onde está tudo — comparou.

É assim, à vontade e confiante, que ele minimiza o fato de o Flamengo jogar com time C e promete uma equipe ofensivo e brigando pela vitória em Volta Redonda. Discursos motivadores é que o não vai lhes faltar.

— A doença me fez ver que não somos nada. E passo isso para os meninos, para valorizarem cada segundo que estão no Flamengo. Da mesma forma que me sinto privilegiado de estar aqui, quero que eles também sintam isso.