Entendendo o Ranking FIFA e a polêmica no sorteio da Copa

24/3/2014 15:00

Entendendo o Ranking FIFA e a polêmica no sorteio da Copa

Entendendo o Ranking FIFA e a polêmica no sorteio da Copa
Uma das grandes polêmicas esportivas pré-Copa do Mundo 2014 era a definição dos cabeças-de-chave do torneio. Desde 1950, quando o torneio passou a ser disputado em grupos, pessoas entendem que os times “tradicionalmente mais fortes” (isto é, vindo de uma escola mais importante, com mais títulos) deveriam estar em grupos diferentes, para que as fases seguintes fossem disputadas pelas melhores equipes.

Esse foi um modelo adotado para muitos torneios continentais e seguiu existindo para as Copas do Mundo. Até que a FIFA decidiu criar um ranking.

Esse ranking serviria, entre outras coisas, para definir as seleções cabeça-de-chave da Copa. O problema é que, por muito tempo, ninguém entendeu como funcionava isso.

Aqui, iremos esclarecer os critérios do ranking e entender a polêmica que ele criou no pré-Copa.

Como funciona o Ranking?

O método de pontuação é mais simples do que parece. Para cada partida internacional disputada, aplica-se a mesma fórmula: P = R x I x S x C.

Vamos destrinchar essa fórmula...

R – é o resultado da partida. O vencedor da partida recebe 3; o empate garante 1; e a derrota representa zero.
I – representa a importância da partida. Jogos amistosos valem 1 ponto; eliminatórias valem 2,5 pontos; torneios continentais (Eurocopa, Copa América) valem 3; e jogos de Copa do Mundo valem 4 pontos.

S – representa a força da seleção adversária. Esse é, provavelmente, o mais difícil de compreender dos fatores. Ao adversário, é atribuído um valor referente ao ranking dele: 200 menos a posição do rival no ranking, dividido por cem. O primeiro colocado foge à regra, pois em tese valeria 199 (200 menos 1), mas tem a pontuação máxima de 2. A partir da 150ª posição no ranking, todos valem 50. Ou seja: se o Brasil enfrentar o 156º colocado ou o 191º, o fator T terá o mesmo valor. Por essa razão, para manter-se no topo, é necessário enfrentar os principais adversários.

C – é o fator “confederação”. A cada confederação a qual o adversário é afiliado, atribui-se um valor. UEFA (Europa) e CONMEBOL (América do Sul) têm fator 1,00; CONCACAF (Américas do Norte e Central e Caribe) vale 0,88; AFC (Ásia) e CAF (África) valem 0,86; e OFC (Oceania) vale 0,85 – esses valores são calculados através do resultado das três últimas edições de Copa do Mundo. O valor obtido para C é a média entre as confederações em disputa. Exemplo: se o Brasil enfrentar o Japão, o fator C será ((1,00 + 0,86)/2) = 0,93.

Responsável pela confusãoResponsável Pela Confusão
O total de pontos acumulados por uma seleção em um período entre-Copas é obtido através de:

1) O número de pontos ganhos em uma partida (conforme descrito acima);
2) A média de pontos ganhos durante o último ano;
3) A média de pontos ganhos em partidas anteriores ao último ano (depreciação anual).

Assim, o ranking é formado. Mas qual a polêmica?
A FIFA decidiu que os cabeças-de-chave seriam as sete melhores colocadas no último ranking divulgado mais o Brasil. Isso significou dizer que seleções tradicionais (e habituadas a cumprir tal papel), como Itália, França e Inglaterra seriam consideradas “segundas forças” de seus grupos. Em contrapartida, equipes menos importantes, como Colômbia e Suíça – a despeito de viverem bons momentos – herdaram esse posto. Os italianos, nonos no tal ranking, reclamam de terem perdido o posto dois meses antes do sorteio (manteve-se muito tempo entre os sete melhores nos anos anteriores).

Além disso, houve outro infortúnio: com quatro seleções americanas aparecendo entre as cabeças-de-chave (Brasil, Argentina, Uruguai e Colômbia), o pote 2 ficou com 7 seleções; a oitava, seria uma seleção europeia do pote 4 deslocada para lá, afim de evitar três seleções europeias em um grupo. Esperava-se que a França fosse para lá deslocada, exatamente por conta de sua pontuação no ranking. Mas... foi definido que um sorteio seria realizado para decidir que seleção europeia iria para o pote 2, o que levantou suspeitas, especialmente por conta do poder político do presidente da UEFA, o francês Michel Platini.

A Inglaterra, campeã do mundo em 66, foi sorteada para o pote de africanos e sul-americanos. No fim, acabou num grupo dificílimo, que inclui ainda Uruguai e Itália. Logo de cara, um campeão do mundo cairá.

Mas é assim que funciona o ranking FIFA. E quem quiser subir nele, tem a chance ideal para tanto.

859 visitas - Fonte: ftbpro


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