14/10/2014 20:20
Time de Rondônia, criado há 18 anos, homenageia rivais: é o Vasmengo
Equipe de várzea de Porto Velho reúne jogadores apaixonados pelo Vasco e pelo Flamengo, junta escudos em sua bandeira e uniformiza urubu com a cruz de malta
O Urubu recebe o símbolo do Vasco na bandeira (Foto: Larissa Vieira)
Um time de várzea de Porto Velho, capital de Rondônia, foi capaz de unir Vasco e Flamengo no mesmo time. Não só isso: uniu os escudos em sua bandeira, uniformizou o urubu com a cruz de malta e juntou os nomes em um só. É o Vasmengo, criado em 1996 por amigos de pelada e mantido pelo amor e a dedicação de Dulcinéia Félix, de 52 anos.
Com participação em mais de 50 competições (e nenhum título), os jogadores superam as dificuldades e a falta de recursos e seguem adiante graças ao amor dos jogadores pelos times do coração.
Dulce relembra a criação do time. Sem recursos para estruturar a equipe, ela montou um campinho em um terreno vazio na frente de casa e reuniu os peladeiros da vizinhança.
- Montamos um campinho, em um terreno perto que na época estava abandonado, para os meninos aqui do bairro poderem jogar. Um dia decidimos dar um nome para o time, e, como metade era de flamenguistas e a outra metade de vascaínos, decidimos dar o nome de Vasmengo. Foram três dias de discussão para convencer os flamenguistas a aceitar colocar o Flamengo depois do Vasco.
Com um cuidado quase maternal com os jogadores, Dulce afirma já ter passado por muitas dificuldades com o time e que nunca pensou em desistir. Conhecida na cidade por ser brava durante as competições, já foi expulsa de um jogo por tentar atacar o bandeirinha.
- Sempre gostei muito de futebol, e o meu time é a minha paixão, a minha vida. Já cheguei a sair do meu antigo trabalho às 7h, depois de um turno de 24h, e ir para o jogo às 8h. Depois de tanto tempo, acabei virando a mãe dos meninos. Eu cuido, lavo os uniformes, mas também brigo com os meus jogadores se precisar. Tenho fama de brava nos campos e já cheguei a ser expulsa de um jogo porque queria bater no bandeirinha com uma caneca de alumínio.
A preocupação demonstrada pela dona do Vasmengo atraiu jogadores de todo o bairro. Segundo Carlos Machado, de 35 anos, meio-campo e vasmenguista desde os 17, as condições do time são precárias, mas a união do grupo o leva adiante.
- Eu sou flamenguista desde criança, mas não ligo mais que o Vasco venha antes no nome. Deixa eles terem essa alegria, já que o Vasco é nosso freguês. O que nos leva a estar com o time todo esse tempo é a Dona Dulce. Ela cuida da gente, briga, se desespera, e a empolgação dela acaba empolgando todo mundo também, não deixa a gente desistir. A gente joga sem dinheiro, sem condições, sem treino, só pelo amor mesmo. Aqui no bairro todo mundo quer jogar no Vasmengo.
4403 visitas - Fonte: Globoesporte
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