Renato Cavalcante é devoto de São Judas Tadeu (Foto: Renato Cavalcante/Arquivo Pessoal)
Seja pedindo ajuda para um santo, bandeira ou cueca da sorte, cada torcedor tem sua maneira de expressar o amor pelo time. Na capital rondoniense, dois torcedores especiais - um flamenguista e um atleticano - já se armaram para a partida decisiva entre as duas equipes, que acontece na noite desta quarta-feira no Mineirão, pela Copa do Brasil. Nessa hora, cada um apela para quem pode, seja sorte ou religião.
Fotógrafo, apaixonado pelo alvinegro e com algumas manias incomuns, Matheus Faustino conta que demorou para se decidir pelo Galo. Com pai flamenguista e mãe atleticana, a vida de torcedor enquanto criança não foi fácil. Mas a paixão pela emoção dos jogos do time mineiro não deixou outra escolha.
- Era muita pressão, mas o Galo é muito apaixonante. As pessoas que torcem para outros times e veem o nosso disputando alguma coisa acabam se apegando. Ele mexe com o nosso coração, assim como essa partida contra o Flamengo, que promete mobilizar muita gente.
Cada amuleto de Matheus tem uma história. Um deles é uma bandeira, que nunca foi lavada. Outro é a cueca da sorte, que foi usada na partida decisiva entre Atlético-MG e Tijuana, válida pela Copa Libertadores da América. Na época, até os móveis da casa foram trocados de posição para dar sorte. O time precisava de um empate para seguir. E deu certo. Até hoje, em jogos decisivos, os móveis da sala são posicionados exatamente como estavam no dia do confronto contra o time mexicano.
Atleticano Matheus com a bandeira que nunca foi lavada (Foto: Matheus Faustino/ Arquivo Pessoal)
Na Libertadores do ano passado, aos 47 minutos do segundo tempo, teve um pênalti crucial contra o Galo, o São Victor agarrou e foi canonizado pela torcida (risos). Nessa hora eu estava usando a cueca que se tornou a da sorte. Agora eu uso ela em todas as partidas importantes. A bandeira foi presente da mãe, que também é louca pelo time. Ela veio em uma fase ruim do meu Galo e eu acredito que com ela a situação começou a se inverter. Minha bandeira nunca viu meu time perder, mas eu só a uso em jogos decisivos. Não posso gastar sorte. E quando a partida está difícil ou em um lance importante, eu vou para o lugar que estava na hora da defesa do pênalti: ajoelhado atrás de um sofá.
Do outro lado da cidade está Renato Cavalcante. Aliás, do outro lado da cidade e da torcida que irá vibrar esta noite também. Mesmo advogado, ele conta que a fé sempre fala mais alto nesses momentos importantes. Apegado a São Judas Tadeu, padroeiro do time, santo dos desesperados e das causas impossíveis, o torcedor acredita que a presença do santo nessa hora é mais que fundamental.
- O santo está sempre com a gente, em todos os jogos. Quando vamos assistir o jogo aqui ele fica na mesa e todos os que chegam tem que beijá-lo e agradecer. Nas finais, quando eu faço o possível para assistir no estádio, ele fica na minha mão e inclusive no avião ele vai comigo, não abandono. Isso causa problemas com os beatos de outros clubes, mas não tem jeito, São Judas Tadeu é nosso.
Flamenguista roxo e rubro-negro de coração, Renato, que já faz planos para fundar a embaixada do time em Rondônia, não deixa a carga do jogo só para a religião e confessa que também carrega seus amuletos da sorte.
Sou flamenguista desde os oito anos de idade, foi quando eu tomei consciência disso. Mas todo flamenguista já nasce com o sangue rubro-negro. Eu tenho cueca, camisa, touca e bandeira da sorte. A camisa é a que estava usando no Maracanã na final da Copa do Brasil contra o Atlético-PR ano passado, e a touca vai comigo para todos os estádios. E outra coisa que é muito importante: eu só toco na camisa do Flamengo com a mão direita. Quem lava a minha roupa sabe disso e também só pega nela com a direita. O amor pelo time vai além de qualquer superstição, mas nessa hora de decisão toda ajuda é muito importante.
Atlético-MG e Flamengo se enfrentam em duelo decisivo pela Copa do Brasil nesta quarta-feira, às 22h (de Brasília), no Mineirão.
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