17/4/2013 09:21
Casagrande revela que foi difícil admitir casos de doping: 'Tinha receio'
Para Gilvan Ribeiro, autor da biografia do ex-jogador, ele se sentiu obrigado a aceitar o doping porque era algo institucionalizado nos clubes
A expressão antidoping é comum no vocabulário esportivo. Atletas de todas as modalidades temem fazer o exame que pode revelar o uso indevido de substâncias ilícitas ou remédios com componentes não permitidos, que pode acarretar em suspensão ou mesmo perda de títulos conquistados. Um caso famoso é o do ciclista Lance Armstrong, que assumiu publicamente, em janeiro de 2013, ter recorrido a substâncias ilegais durante a carreira, depois de uma década negando o uso. Mas nem sempre o doping foi visto dessa maneira. No futebol, por exemplo, houve época em que o jogador que se negasse a ingerir substâncias estimulantes poderia, inclusive, não ser relacionado para uma partida importante como forma de punição. E justamente por ser um assunto ainda delicado nos dias de hoje que Casagrande teve medo de revelar essa parte da sua carreira em sua biografia. Em participação no programa "Redação SporTV", o jornalista Gilvan Ribeiro, co-autor do livro "Casagrande e seus Demônios", disse que esta foi a parte do livro mais complicada para o ex-jogador, mas que o convenceu da importância de abordar a questão para sua história.
- Achei muito importante que entrasse no livro. É um assunto importante, é grave e que marcou a vida dele. Ele se sentiu obrigado a fazer o doping porque era uma coisa institucionalizada desde o presidente até a comissão técnica. Se você não usasse poderia até interferir na sua não escalação. Ele acabou usando o doping, mas sempre foi algo que o incomodou. Para ele é antiesportivo e não queria dar o exemplo para os filhos - explicou o jornalista.
- Foi uma passagem (sobre o doping no livro) que não foi espontânea, mas eu achava importante. Tinha receio da interpretação das pessoas. Meu maior receio no livro é sempre focado em como as pessoas iriam interpretar as histórias ligadas ao doping ou ligadas às drogas - disse o ex-jogador.
Além do medo do julgamento, Casagrande tinha medo de processos, pois as histórias de doping envolvem clubes e outras pessoas. Gilvan destacou que teve muito cuidado no livro para não fazer referências que pudessem se tornar problemas posteriores e lembrou o caso do goleiro Schumacher, titular da Alemanha nas Copas de 82 e 86, que publicou uma autobiografia.
- Schumacher revelou que, tanto no Bayern de Munique quanto na seleção alemã, era praticamente uma rotina ele se dopar. O mundo caiu em cima dele. Ele (Casagrande) acabou concordando comigo que uma coisa tão crucial na carreira dele viesse à tona. Até porque ele nunca concordou com isso. Foram só quatro vezes e ele fez a contragosto, achei que seria interessante até como alerta - disse Gilvan.
- Eu tive uma lesão jogando dessa forma. Estourei todos os ligamentos do tornozelo e sai do campo sentindo muita dor, aquela dor incrível. Saí do campo, a dor foi diminuindo e eu pedi ao massagista para enfaixar o meu tornozelo porque eu queria voltar. Mas eu não tinha mais o pé. Meu pé estava com os ligamentos rompidos. Eu pisei e cai de novo. Se não fosse uma contusão tão grave, que me impossibilitou mesmo de voltar para o campo, ia ser mais grave ainda - lembra Casagrande.
O esporte passou por um processo de evolução em relação ao tema, e Gilvan declara-se satisfeito de ter contato a história de seu ídolo.
- Agora tem o exame antidoping, uma evolução muito importante. Tive muito cuidado porque ele é um ídolo de adolescência, se tornou meu amigo, eu acompanhei o drama dele de perto e tinha a preocupação de transmitir isso de uma maneira bacana. E claro que ele ficou inseguro, principalmente um pouco antes de lançar o livro. Ele começou ter aquele sensação de estar muito exposto e teve que conversar com as terapeutas. Eu tinha comigo o dever de passar bem o recado. Eu dizia para ele ficar tranquilo, que as pessoas iam entender. E agora me sinto gratificado de ver as pessoas gostando do livro e levando carinho ao Casagrande. Sinto que fiz aquilo ao que me propus - destacou o jornalista.
Casagrande reforça que ainda não teve a coragem de ler o livro inteiro, mas prometeu que irá rever sua história em detalhes, sem pular nada.
- Lógico que vou ler. Mas quero pegar e ler do início ao fim. Não quero escolher capítulos.
Nesta terça-feira, um novo caso de uso de substâncias proibidas no futebol brasileiro veio à tona, envolvendo o meia Carlos Alberto. O departamento médico do Vasco informou que a substância encontrada no organismo do jogador costuma aparecer em remédios que combatem o câncer de mama. Os médicos argumentaram que existe a chance de o resultado positivo ter relação com o tratamento ortomolecular a que o camisa 10 se submete, com uma possível contaminação na manipulação de remédios utilizados pelo jogador.
1126 visitas - Fonte: Sportv
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