Sonho de quase todos os jovens brasileiros, tornar-se um jogador reconhecido no futebol nacional não é uma tarefa fácil quanto se parece. As dificuldades são muitas desde as duras peneiras, nos tempos das categorias de base. Desde cedo os jovens são submetidos a testes e desafios diários, e mesmo para aqueles que conseguem uma oportunidade, às vezes precisam passar por momentos de superação para alcançar o sonho de se tornar um jogador profissional. É o caso de Gabriel Cabo, de 19 anos, que chegou a ficar afastado dos campos por seis meses, tendo que ficar em repouso absoluto e nesse período engordou 16 Kg.

Com 15 anos, quando a maioria dos jovens está no momento de afirmação por vencer as inúmeras adversidades, Gabriel sofreu um enorme baque ao sentir um desconforto em campo e em pouco tempo descobrir que poderia abandonar a carreira de jogador.

O atleta, que é volante de origem, é filho de Marcelo Cabo, auxiliar técnico de Dunga, na Copa do Mundo de 2010. O jovem atleta é da mesma safra de Adryan e outras promessas. Antes de deixar o Rubro-Negro, chegou a jogar ao lado de Rafinha. O jogador chegou ao clube em 2007, foi aprovado em todos os exames, jogou normalmente em 2008 no primeiro ano do infantil, e em 2009 descobriu o problema ao sentir tonteiras e cansaço durante um jogo. Gabriel foi submetido a um eletrocardiograma, porém, nada foi revelado. Como o problema persistiu, o volante teve de passar por um exame mais aprofundado, onde se descobriu uma hipertrofia no coração.

Por conta do problema, os médicos do Flamengo, Serafim Borger e Claudio Baldi recomendaram que o jogador ficasse de repouso absoluto por seis meses para ver se o coração do jovem retornaria ao tamanho normal.

- O que encontramos no Gabriel foi um quadro que chamamos de "coração de atleta", o que na verdade é uma hipertrofia que pode acontecer em alguns atletas, mas para ter certeza de que era esse diagnóstico, ele teve de ficar seis meses sem fazer esforço físico algum. Só assim conseguiríamos ver se o coração estava doente ou não - comentou Serafim Borges.

Amigo de Gabriel desde os tempos da infância na Penha, no Rio de Janeiro, Felipe Bastos, atualmente jogador do Vasco, comentou que sempre esteve ao lado do jovem e dos familiares, para que não o deixasse desistir do sonho de jogar futebol .

- Fiquei muito triste pela situação. Recordo-me que na época estava toda a família feliz com a chegada dele ao Flamengo e a oportunidade que ele estava recebendo. Era uma situação delicada que ele iria passar e o apoio da família era o mais importante. Era um momento que ele tinha que contar muito com o apoio de amigos e familiares. Sempre estivemos ao lado dele, dando suporte e não deixando o Gabriel desanimar. Foi uma situação muito complicada e o Gabriel sempre colocou na cabeça dele que faria tudo que estivesse ao alcance dele para retornar ao futebol. Felizmente esse momento passou e agora ele vive um novo momento em sua carreira – lembrou Felipe.

Após os seis meses de repouso, Gabriel não perdeu tempo e conseguiu recuperar a forma física rapidamente. Em 2010 voltou aos campos normalmente. Já em 2011, sem chances no time, resolvei deixar o clube. Com passagens breves por Figueirense e Fluminense, o volante aproveitou a possibilidade de tirar a dupla cidadania por conta da mãe, o jovem foi atuar na Itália.

- Hoje em dia ele está bem, jogando na Itália com o nosso aval. Uma vez por ano ele vem no clube para ter um acompanhamento – comentou o médico rubro-negro.

Inspirando-se em Deco, que também deixou o Brasil para tentar a sorte no exterior, mas para atuar em Portugal, o jovem garante que se adaptou bem ao idioma, aos costumes e ao estilo do futebol europeu.

- Inspirei-me no Deco, que saiu e pensei em jogar fora do Brasil, pois tinha a oportunidade de ter o passaporte. Hoje estou aqui no Calcio Como, pois como tive a oportunidade de tirar um passaporte italiano, resolvi tentar. O Calcio é um time pequeno, mas tem uma boa estrutura, tem um bom CT e estou feliz em jogar aqui em um time que revelou um grande jogador como o Paolo Rossi – comentou.

Com passagens por Holanda e Portugal, Felipe Bastos apoiou a ida do amigo para o futebol europeu e conversou bastante com Gabriel antes que deixasse o país. Para Felipe, o momento seria de amadurecimento pessoal e profissional do amigo.

- Conversei bastante com ele na época. Minha opinião era que ele deveria encarar mais esse desafio em sua vida. Jogar fora do Brasil seria uma nova provação pra ele. Mais uma forma de amadurecer pessoal e profissionalmente. Graças a Deus as coisas estão correndo tudo bem pra ele lá na Itália e a expectativa agora que ele cresça cada vez mais na profissão – disse o jogador do Vasco.

Atualmente, Gabriel atua nos juniores e do Calcio Como, mas também treina entre os profissionais. Feliz no time italiano, Gabriel ainda sonha um dia em poder atuar em um time de ponta e também voltar a jogar pelo Rubro-Negro, clube que deu toda a atenção ao jogador na infância.