30/7/2013 22:06
Botafogo ataca gratuidades, e Ferj diz que 'aluguel' é a receita do consórcio
Diretor do Bota afirma que número de entradas de graça é 'esculhambação'. Consórcio faturou R$ 1 milhão com o clássico, e Fla, R$ 919 mil
O potente sistema de som do novo Maracanã anuncia, durante o segundo tempo de Flamengo x Botafogo, o público e a renda da partida. Como ocorrera no domingo anterior, quando Fluminense e Vasco fizeram a reabertura do estádio para os clubes, o total de não pagantes foi equivalente a cerca de um terço dos torcedores que pagaram ingresso. Somadas cadeiras cativas e gratuidades, estão descritas no borderô 13.508 pessoas que não compraram entradas com 38.853 ingressos vendidos. Para efeito de comparação, no segundo jogo da final do Carioca de 2009, no Maracanã, também entre Flamengo e Botafogo, com venda de 70.393 bilhetes, as gratuidades somaram 8 mil.
Na partida do último fim de semana entre alvinegros e rubro-negros, com pouco mais do que a metade de entradas vendidas em relação à decisão de 2009 e sem contar as cadeiras perpétuas, foram 7.961 gratuidades para idosos, menores de 12 anos e portadores de deficiência física.
O Flamengo informou que não comentará o assunto, pois se trata de uma legislação em vigor que precisa ser cumprida. O diretor executivo do Botafogo, Sérgio Landau, por sua vez, considera uma "violência contra os clubes" a lei de gratuidades no Rio de Janeiro. Questionado sobre o número de gratuidades concedidas nos últimos jogos, ele reclamou da ausência de limite para essa carga.
- Foram quase oito mil gratuidades (no clássico contra o Flamengo). O que acontece é que a lei estadual é ilimitada, é um verdadeiro absurdo. É uma esculhambação, a gente vai brigar contra isso. É o seguinte: se 43 mil forem lá pedir gratuidade, vão entrar 43 mil, a receita do estádio é zero. Isso é uma verdadeira violência contra os clubes de futebol, um absurdo, o Governo do Estado deveria pagar os clubes por essa gratuidade.
Ele explicou como o Botafogo operava essa parte da distribuição de ingressos no Engenhão, que está interditado para reforma na estrutura.
- Normalmente, o que o Botafogo fazia era uma troca. Os ingressos ficavam na mão de alguns operadores, a pessoa chegava, apresentava um documento e levava o ingresso. O ideal é retirar antes. É uma tentativa.
Aluguel do estádio no borderô é receita de consórcio
Um dado que também chama atenção é o "aluguel do estádio" presente no borderô de Flamengo x Botafogo, mas sem valor definido no boletim financeiro de Fluminense x Vasco. A "despesa", de R$ 1.081.568,41 se refere, na verdade, à fatia de 50% da receita líquida da partida a que o Complexo Maracanã
Entretenimento S.A. tem direito nos acordos com os clubes da Gávea e de General Severiano. A Federação de Futebol do Rio (Ferj) confirmou, através de sua assessoria de imprensa, que o item "aluguel do estádio" no borderô se refere à fatia de receita da empresa administradora do estádio, de acordo com os contratos feitos com cada clube. O Flamengo teria direito a R$ 1.081.423,31 da renda total (R$ 3.082.555,00), mas, com a penhora de R$ 162.213,50, o clube faturou R$ 919.209,81.
A explicação justifica também a ausência dos valores no borderô de Fluminense x Vasco, já que o acordo dos tricolores com a empresa prevê que o clube fica com receita somente de determinados setores, mas em compensação não arca com os custos do estádio, o que em tese elimina o risco de prejuízo em jogos de menor porte. O Flamengo, contudo, divide a receita total, mas, caso essa receita não supere as despesas, o clube arca com o prejuízo. O custo operacional do Maracanã no clássico do último domingo ficou em R$ 385.748.02. A despesa total, incluindo o "aluguel do estádio", ficou em R$ 1.961.909,09.
Na final do Estadual de 2009, o total de despesas foi de R$ 643.307,49, e a receita para a administradora do estádio na época, a Suderj, foi de R$ 54.633,00. Até a publicação desta reportagem, o Complexo Maracanã Entretenimento S.A. não respondeu aos questionamentos feitos por e-mail pelo GLOBOESPORTE.COM às 13h15m desta terça.
Cambistas e falta de controle
Sérgio Landau também comentou os relatos de ingressos de gratuidades sendo vendidos por cambistas no entorno do Maracanã. No domingo, eles agiram em grande número perto das bilheterias, que venderam ingressos no dia do jogo entre Flamengo e Botafogo.
- Claro que vai (para cambista), isso que é um absurdo. E na hora, se tem um tumulto na entrada, você não consegue controlar. V
ocê vai ao estádio, a quantidade de pessoas bebendo do lado de fora é enorme, elas vão entrar na hora do jogo, o cara da gratuidade quer entrar no jogo, o cara da meia-entrada quer entrar no jogo, tudo ao mesmo tempo, aí as filas são enormes, começa o tumulto e acaba o controle. Aí o cara pega aquela gratuidade e vende. Até para uma pessoa que tem direito à gratuidade também. Mas que isso cai na mão de cambista, não tem a menor dúvida.
853 visitas - Fonte: Globo Esporte
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