(Foto: MARCELO THEOBALD / Agência O Globo)
Em campo, um time que joga mal, mas consegue a virada no apagar das luzes e abraça o treinador. Na arquibancada, uma torcida que apoia na vitória e na derrota, mas não poupa jogadores e principalmente o técnico Abel Braga de protestos, com xingamentos diretos.
O resultado de 3 a 2 sobre o Athletico-PR deixou o Flamengo em quinto lugar no Brasileiro, só que esteve longe de abafar o óbvio. A equipe sob o comando do técnico não apresenta um bom futebol após quase seis meses de trabalho, e funciona no susto, como ontem.
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— Meu coração está melhor que eu pensava. A equipe não fazia uma grande partida mas não deixou de acreditar. Foi uma emoção enorme. Eles (torcida) foram pra casa satisfeitos — destacou Abel, ao resumir o jogo.
A reação da equipe foi interpretada como um ponto positivo, embora o treinador tenha destacado que o Flamengo já jogou melhor. Na torcida, após a explosão no gol de Rodrigo Caio aos 51 minutos, os protestos não cessaram, e seguiram pela rampa do estádio.
O domínio do Athletico-PR, que marcou duas vezes com Marcelo Cirino, foi claro. Assim como os vacilos dos visitantes, que permitiram o Flamengo virar com Bruno Henrique e o zagueiro, após Gabriel abrir o placar em pênalti polêmico.
Vaiado desde a escalação, Abel virou alvo de palavras de ordem depois que o Flamengo sofreu o empate. E o volume das críticas só aumentou com o tempo.
— Torcedor é soberano. Não vou baixar minha cabeça. Não vou perder ou ganhar com a cabeça dos outros — declarou Abel.
Técnico se escora em apoio do time
Abel reagiu com serenidade de quem tem o grupo ao seu lado ao comentar os protestos da torcida do Flamengo. Segundo ele, qualquer treinador passaria pela pressão pela qual ele passa. Mas Abel entende que a reação dos jogadores demonstra a sua importância.
— O torcedor falou que o Flamengo não precisa de mim. Mas meu grupo precisa de mim. Não sei se mexeu com o grupo. Se o Flamengo não precisa não sou eu que decido — afirmou o técnico, que estava na sala de coletiva apenas com o respaldo do diretor executivo Carlos Noval, que não se manifestou.
Abel reiterou que o trabalho se baseia na confiança dele no grupo e do elenco no trabalho da comissão técnica, que ao fim da coletiva lhe deu apoio do lado de fora do Maracanã.
— Tivemos lições e coisas que devemos fazer mais. Acreditar no que se faz. Nos jogadores. Eles acreditam neles. E eles acreditam em mim — resumiu Abel, abraçado pelos atletas.
Virada mostra alma, mas não freia protestos
Pela sua cabeça, o Flamengo segue sem organização. Sob seu comando a equipe involuiu, mas a alma ainda está lá. A virada ilustrou bem. Mas o começo ruim no Brasileiro mina as boas campanhas até aqui na Libertadores e na Copa do Brasil, e coloca o treinador pressionado como nunca, após tarde de protestos.
O tradicional “Time sem vergonha” resumiu o clima de pressão sobre técnico e diretoria, diante de mais de 50 mil torcedores. Agora, o Flamengo terá mais uma semana livre para treinamento antes de encarar o Fortaleza. E Abel já avisou que vai lançar um time reserva, de olho na partida de volta contra o Corinthians, oitava sde final da Copa do Brasil.
A entrada de Diego, que errou passe que quase redundou em gol, não elevou o controle de jogo da equipe. O time de Abel dividiu a posse de bola com os visitantes e apostou em contra-ataques, como no lance do gol. A única jogada do Flamengo era com Para e Ribeiro na direita. De resto, só improviso e muita luta, além de cruzamentos.
No segundo tempo, o Flamengo recuou e sentou na vantagem. Levou ainda mais pressão dos paranaenses e apostou em uma bola para matar o jogo. O bom toque de bola do Arhletico redundou no gol de Cirino. E o esperado aconteceu.
“Ei Abel vai tomar no c...” gritou a torcida do Flamengo nos setores Sul e Leste. A Norte seguia apoiando, mas desistiu. Sem o resultado que ainda segurava os protestos, veio a fúria. “Abel, vai se f... o meu Flamengo não precisa de você”, entoou toda a torcida no estádio.
Ao sofrer a virada em pênalti cobrado por Cirino, o jogo perdeu senso tático, que já não tinha com o Flamengo. Vitinho entrou na vaga de Piris sob mais protestos contra Abel. O Flamengo se atirou de qualquer jeito. Entraram ainda Rodinei e Lincoln, enquanto a torcida pedia Arrascaeta. No abafa, Bruno Henrique apareceu. E o gol de Rodrigo Caio fez o Maracanã explodir em alegria por alguns minutos.
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