O técnico Luiz Felipe Scolari marcou presença nesta segunda-feira no lançamento da Federação Brasileira dos Treinadores de Futebol (FBTF), em São Paulo. A entidade conta com o apoio do comandante da seleção, que, a princípio, deverá fazer parte de um conselho de notáveis formado também por Carlos Alberto Parreira e Zico, ambos ausentes no evento realizado nesta manhã - atualmente no Al Gharafa, do Catar, o Galinho enviou carta parabenizando.

Felipão será peça-chave nas propostas da federação em seu objetivo de brigar pelos interesses e pela profissionalização da categoria. Ele foi ‘intimado' pelos colegas a acompanhar a visita ao Governo em Brasília para dar mais peso ao pedido da regulamentação da classe.

Considerado um ‘diferencial' pelos companheiros, o atual campeão das Copa das Confederações explicou do que se trata o projeto e solicitou uma mudança de mentalidade aos dirigentes ao ser perguntado sobre o longevidade de Tite no Corinthians.

"É provável que, em alguns clubes, essa cultura seja mantida. O meu presidente (Mustafá Contursi, ex-Palmeiras) está ali. Estive no Palmeiras em 1997 e fiquei até 2000. Depende do presidente, depende da ideia de trabalho, depende de uma série de fatores. Nós queremos hoje fazer que isso seja parte de um contrato feito e cumprido pelos treinadores e pelos clubes. Será ótimo que todos eles respeitassem o contrato. Não respeitando, cumprissem as leis", afirmou.

Atualmente, as equipes se aproveitam da lentidão da Justiça para ganharem tempo e demorarem a quitar suas dívidas após uma demissão. A situação, de acordo com o pentacampeão mundial, não está assim tão boa também na Europa.

Com passagens pela seleção portuguesa e pelo Chelsea, ele ressaltou as necessidades de mudança no processo de capacitação do técnico brasileiro, mas rebateu as críticas à qualidade do profissional, alfinetando a imprensa.

"Como já falamos aqui e ouço muitas vezes de todos, principalmente da imprensa, que precisamos nos atualizar, que temos que... Quero saber o que é a atualização em futebol? Se vocês da imprensa puderem me explicar. E uma série de qualidades que eu acho que temos e que fora do país não se tem tanto como a imprensa daqui apregoa ser tão melhor assim", criticou.

"Temos que fazer o que para vencermos no exterior? Aquilo que já foi feito há 50 anos por todos os técnicos que nos precederam, Telê Santana, Evaristo de Macedo, todos ganhadores. Muitos de nós também já foram e vencemos. Nesse momento, estamos com uma outra dificuldade para saída do Brasil. Até porque existe uma série de coisas que imagina-se ser melhor e não é. Sair daqui e ter sucesso é trabalhar como como trabalhamos no Brasil para vencer em qualquer lugar do mundo", concluiu.

Ao seu lado, Felipão teve também nesta segunda-feira o experiente Zé Mário, eleito presidente da federação de treinadores, e também Paulo Roberto Falcão, Caio Júnior, Dorival Júnior e Vagner Mancini, todos vices. Alfredo Sampaio será o secretário geral.

Foram seis meses de trabalho até a criação da entidade, que conta ainda com o aval de sete sindicatos estaduais - a legislação pede o mínimo de cinco.