Secretário-geral da CBF: "Há convicção no nosso calendário brasileiro e não deve ser comparado ao europeu"

11/5/2020 11:47

Secretário-geral da CBF: "Há convicção no nosso calendário brasileiro e não deve ser comparado ao europeu"

Secretário-geral da CBF: Há convicção no nosso calendário brasileiro e não deve ser comparado ao europeu
A equipe de Esportes do Grupo RBS promove, a partir desta segunda-feira (11), série de entrevistas com objetivo de discutir o futuro do futebol em um cenário pós-pandemia. Para debater temas centrais como financiamento dos clubes, calendário de competições, direitos de transmissão, entre outros, ouvimos dirigentes, ex-jogadores, jornalistas e profissionais ligados ao mercado da bola. Na estreia, Walter Feldman, secretário-geral da CBF.



Após a sugestão da data de 17 de maio para o retorno dos Estaduais, como a CBF acompanha a possibilidade da volta do futebol no Brasil?
Vivemos um período dramático da epidemia. Mas o sistema do futebol seguiu trabalhando muito. Não temos jogo oficial, mas estamos trabalhando de forma articulada, entre federações e clubes, com sistema de teleconferência, em conjunto com a Comissão Nacional de Clubes. Temos um encaminhamento, esta é a melhor definição. Na última reunião com os clubes, com 81 participantes, logo após uma reunião com as 27 federações, encaminhamos o retorno aos treinos. Seguindo um protocolo rigoroso e um acompanhamento constante de diferentes áreas. Aí vamos ver se podemos dar os próximos passos. Foi discutido com o Ministério da Saúde. Também estamos falando com infectologistas para ter um retorno gradual e seguro.



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Como está sendo o contato com o governo federal?
O governo está se manifestando de forma pública de que a volta do futebol poderia ser um símbolo de um país que renasce, que reage, e que de forma segura poderia voltar às atividades. Esta é uma polêmica enorme, que inclusive gerou a saída do ministro Mandetta (Luiz Henrique, da Saúde), e um debate com a sociedade brasileira e mundial. Eu diria que o futebol tem distância adequada em relação a isso. Não temos conotação política, apesar da minha história de mais de 40 anos de vida pública. Mas hoje, com muita clareza, o futebol tem distância segura, um sistema de funcionamento articulado com Fifa, Conmebol, com uma prática hierárquica muito bem organizada. Claro que estamos conversando com o governo federal, mas com prioridade absoluta para as questões do Ministério da Saúde. Para isso, definimos que só voltaríamos quando as autoridades dessem a sinalização. Neste período, preparamos nosso protocolo e apresentamos ao governo. Qualquer volta está ligada a ele, que consiste em realização de exames, históricos clínicos, todos os testes necessários, entre várias outras situações. Este retorno tem que ter características parecidas com o distanciamento social. O objetivo é resguardar as vidas. Estamos conversando não só com autoridades do governo federal, mas também com os Estados.

Este retorno tem de ter características parecidas com o distanciamento social. O objetivo é resguardar as vidas. Estamos conversando não só com autoridades do governo federal, mas também com os Estados
WALTER FELDMAN
secretário-geral da CBF


A situação é mais graves em alguns locais. Diante disso, o senhor entende que a tendência é de volta dos campeonatos apenas em alguns Estados?
Sem dúvida. Vivi muito, como médico e político, a construção do Sistema Único de Saúde (SUS). O SUS tem uma base operacional em municípios e Estados. Mesmo que o governo federal tome uma decisão, sem este acompanhamento local, é muito difícil. Não significa autorização expressa, porque muitos governos municipais e estaduais não proibiram as atividades. Aí é uma questão de diálogo. A retomada de uma atividade só não se dá quando existe uma proibição expressa, uma portaria, um decreto. Os campeonatos brasileiros de Séries A, B, C e D envolvem mais de 100 cidades. Em todas terá de haver avaliação, por isso a importância das federações. No Rio Grande do Sul, o Luciano Hocsman, acompanhado do histórico Novelletto (Francisco, ex-presidente da FGF), terão de fazer as relações públicas na área de saúde, e onde houver proibição, isso não poderá ocorrer e será respeitado. Mas com o tempo vai se aproximando.

A CBF pretende manter o Campeonato Brasileiro com pontos corridos em 38 rodadas?
Desde a paralisação começamos a montar cenários. Até especulamos internamente que devem haver 37 cenários. Hoje temos a convicção de que a epidemia vai se espalhar pelo Brasil de maneiras diferentes. Estamos preocupados aí no Sul com junho e julho, por conta do período mais frio. A situação já está dramática em São Paulo, Rio de Janeiro, Amazonas, Ceará e Pernambuco. O cenário hoje é conservador em termos de manutenção do calendário geral das competições. Temos margem de funcionamento e adaptação de um cenário positivo. Se a epidemia piorar, vamos ter de aplicar outro cenário.

O cenário hoje é conservador em termos de manutenção do calendário geral das competições. Temos margem de funcionamento e adaptação de um cenário positivo. Se a epidemia piorar, vamos ter de aplicar outro cenário
WALTER FELDMAN
secretário-geral da CBF


A CBF cogita a possibilidade de adequar o calendário do futebol brasileiro ao europeu?
Não. Sempre que isso é colocado, discutimos com o presidente Rogério Caboclo, que é uma figura versada em administração, finanças e questões jurídicas. Ele entende muito de futebol e hoje tem articulação importante junto a Fifa e Conmebol. Há convicção no nosso calendário brasileiro, que é tropical e não deve ser comparado ao europeu. Tem outras características climáticas, de funcionamento do ano. Ele diz que a mudança de calendário é uma mudança de convicção e não de oportunidade.

Como o senhor lida com as críticas de que a CBF, por ser uma entidade rica, poderia ajudar mais os clubes brasileiros?
Nós temos uma prestação de contas um pouco melhor neste ano por causa dos recursos que vieram do legado da Copa de 2014, e entraram nos cofres da CBF neste ano 40 milhões de dólares para projetos determinados pela Fifa. São relacionados ao desenvolvimento do futebol de base, o feminino e construção de CTs onde não houve Copa. Não tem como mexer neste dinheiro. Gastamos R$ 537 milhões em 2019 no fomento do futebol, além de R$ 170 milhões com impostos pagos ao governo. A CBF poderia ter isenções, mas nunca utilizou disto porque acha que deve ser uma entidade de características privadas. O dinheiro que existe é provisionado para as competições. São 20, quase todas bancadas pela CBF. O dinheiro vem da Seleção, em grande parte com patrocínios e jogos, mas a entidade destina aos clubes, de base, feminino e fomenta o futebol.

Há convicção no nosso calendário brasileiro, que é tropical e não deve ser comparado ao europeu. Tem outras características climáticas, de funcionamento do ano
WALTER FELDMAN
secretário-geral da CBF


O valor dado aos clubes das séries C e D e futebol feminino não poderia ser maior?
Demos R$ 36 milhões. Outros R$ 5 milhões foram ao projeto Seleção Solidária. São R$ 41 milhões. Isto para clubes das Séries C e D, além do feminino e a isenção de taxas de registro e árbitros. Acabamos de fechar acordo com a Globo de repasse de recursos mensais, com redução, mas que dão condições de sobrevivência aos clubes das séries A e B, Copa do Brasil e Estaduais. Se a CBF destinar mais recursos, teremos de suspender competições para abrigar clubes. É a escolha de Sofia. Teremos de reduzir competições se tivermos de usar recursos de um cofre que não é rico, mas é bem gerido e tem destinação correta e transparente.

Para voltar o futebol, é necessário testar os jogadores para o covid-19. Os grandes estão bancando os testes, mas os outros não têm condições. Esta é uma responsabilidade da CBF ou das federações?
Primeiro tem que ter um protocolo unificado. E a CBF tem este protocolo, elogiado pelo Ministério da Saúde. Temos um dos melhores do mundo. Alguns clubes e federações têm condições de pagar pelos testes, estamos conversando com o Ministério da Saúde e até com governos estaduais para ver se os testes poderiam ser oferecidos para o retorno controlado, que vai servir como ensaio epidemiológico, pois seria o primeiro grande grupo que voltaria com a segurança que comentamos. Estamos na fase de saber se teríamos algum tipo de convênio ou compra geral, faz parte do nosso protocolo.

Se não formos seguros na gestão, até porque já tivemos prejuízo, não teremos condições de bancar o fomento do futebol. Infelizmente, não temos o prestígio pelo que realizamos
WALTER FELDMAN
secretário-geral da CBF




A CBF teve queda de receitas com a pandemia?
Muito. Grande parte dos recursos da CBF vem da Seleção Brasileira. E um pouco da taxa de registro. Fico perplexo quando dizem que os clubes sustentam a CBF. Em grande parte, é o contrário. Damos um alto valor para a Série A. Não recebemos nada dos contratos, de bilheteria. Essa história de que a CBF é sustentada pelos clubes não tem sintonia com a realidade. Estamos sofrendo. A Copa América foi adiada, os jogos da Seleção foram desmarcados. Os patrocinadores também têm os seus problemas. Se não formos seguros na gestão, até porque já tivemos prejuízo, não teremos condições de bancar o fomento do futebol. Infelizmente, não temos o prestígio pelo que realizamos. Temos uma gestão absolutamente profissional, moderna e jovem.

Flamengo, Entrevista, Secretário-geral, CBF, Mengão

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