De volta à rotina depois da 8ª cirurgia, Hypolito garante: ‘Não vou desistir’

10/1/2013 11:59

De volta à rotina depois da 8ª cirurgia, Hypolito garante: ‘Não vou desistir’

Após quase seis meses afastado, ginasta retorna disposto a priorizar a qualidade por medalha olímpica: ‘Não posso mais tomar remédio para treinar’

De volta à rotina depois da 8ª cirurgia, Hypolito garante: ‘Não vou desistir’
Quando o portão do Centro de Treinamento do Velódromo, no Rio de Janeiro, se abre, Diego Hypolito sorri e cumprimenta cada pessoa que passa pelo seu caminho até chegar ao solo, sua “casa” nos últimos anos. A cena pode parecer comum para qualquer atleta de alto nível. Mas a simples chance de treinar tem sido uma façanha rara e muito cobiçada pelo ginasta do Flamengo. Seu corpo carrega as marcas e as consequências de oito cirurgias. Quatro delas apenas no último ano. O mesmo 2012 que viu novamente uma das esperanças do Brasil nos Jogos Olímpicos cair exatamente na hora em que não poderia falhar. Ainda que lutando contra as dores e buscado forças para superar as decepções, preserva intacto o sonho de subir ao pódio olímpico. Esta semana, depois de quase seis meses afastado, começou reescrever a sua história em busca da única medalha que ainda lhe falta.

- Ainda tenho muita esperança que ainda vou conseguir a medalha olímpica. Não vou desistir. Mas meu corpo precisa respirar mais um pouco, tem que ter mais vida – afirmou Diego Hypolito, tentando equilibrar a vontade de subir ao pódio com o peso dos 19 anos de dedicação ao esporte.

Para realizar seu sonho, nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016, o bicampeão mundial pretende diminuir a quantidade de competições. Dentre as resoluções para 2013, estão também acabar com os treinamentos à base de analgésicos e diminuir os “encontros” constates com os centros cirúrgicos. Com um “corpo mais saudável”, como ele mesmo faz questão de frisar, acredita que terá um caminho mais tranquilo até seu último objetivo. Mas, se ainda assim a medalha não vier, seguirá tendo a certeza de que a ginástica transformou sua vida.

- Já tive até que vender refrigerante na praia. Foram coisas muito piores. Então, tenho que ser muito grato. Tenho é que querer treinar a cada dia mais. A dor é muito pequena perto de toda a oportunidade que pude dar para a minha família - afirmou o ginasta, que ainda se recupera da última cirurgia, no pé direito, realizada em outubro.

Confira na entrevista a seguir esses e outros assuntos que envolvem a vida e carreira do principal ginasta do país!

GLOBOESPORTE.COM: Como está se sentindo nesses primeiros dias de treino?
Diego Hypolito: Ainda estou bastante acima do peso. Estou com 3,400 kg a mais. É menos do que eu achava, mas não estou 100%. Ainda me sinto um pouco desnorteado nos treinos, meio sem ritmo. Fiquei muito tempo sem treinar. Depois de Londres, só treinei uma semana. Mesmo assim, não consegui fazer nada. Nesse período, fiquei bastante tempo totalmente parado para me recuperar. Foram dois meses e meio andando de muletas e mais dois meses e meio sem mexer o ombro. Não tinha muito o quê fazer. Tinha que esperar. Estava muito ansioso para voltar. Isso aqui é a minha vida, independentemente de qualquer circunstância. O ano passado foi difícil, mas quero entrar esse ano com o pé direito, quero ter bons resultados.

Depois de um ano tão difícil, o que te faz ainda querer superar, seguir buscando a medalha olímpica?

É claro que todo mundo vai lembrar sempre que caí nas duas últimas Olimpíadas. A minha carreira sempre foi muito de altos e baixos. Mas também é assim na vida. Não tem como me manter 100% sempre. Sou um ser humano como outro qualquer. Depois das Olimpíadas, dei cerca de 20 palestras. Na primeira, foi muito difícil, estava muito triste, muito ferido depois de ter caído de novo. Afinal de contas, quem quer mais acertar do que todo mundo sou eu. Mas vi nessas palestras o quanto cresci com a ginástica. Foi uma oportunidade de mudança de vida. Muitas pessoas não tiveram a oportunidade que tive. A gente era muito pobre. Nossa família toda morava em um único quarto. Uma vida totalmente humilde. Quando viemos para o Rio, tivemos muitas dificuldades. O que o meu pai ganhava no dia era para a gente comer no mesmo dia. Já tive até que vender refrigerante na praia. Foram coisas muito piores. Então, tenho que ser muito grato. Tenho é que querer treinar a cada dia mais. A dor é muito pequena perto de toda a oportunidade que pude dar para a minha família.

1054 visitas - Fonte: Globo Esporte


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