Luis Felipe Adaime, CEO e fundador da Moss (Foto: Divulgação/Moss)
A parceria entre Flamengo e Moss ainda é recente, mas já se mostrou vantajosa para ambas as partes. De um lado, o clube conseguiu ocupar o espaço do meião, que estava vazio, e recebeu o valor de R$ 3,6 milhões à vista. Do outro, a empresa ambiental viu as vendas dispararem e o alcance nas mídias digitais multiplicar em pouco tempo.
Em entrevista exclusiva ao LANCE!, Luis Felipe Adaime, CEO e fundador da Moss, detalhou os ganhos obtidos desde que surgiu a primeira notícia sobre o acordo de patrocínio, no fim de março.
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- Nosso número de seguidores multiplicou por muitas vezes. O Twitter da Moss, por exemplo, tinha cerca de 300 seguidores e agora tem mais de 25 mil. No Instagram, saiu de 7 mil para quase 33 mil. Os números de interações também são absurdos. Em março, pré-patrocínio, a gente teve 3 mil interações. Depois do patrocínio, aumentou para em torno de 2,5 milhões.
- Em número de vendas também tivemos retorno. Em domingos, por exemplo, que costumavam ser dias menos movimentados, multiplicou por 10, na média. Então, tem dado resultado não só em dimensão de marca, mas também no âmbito financeiro - afirmou Adaime, com exclusividade ao LANCE!.
O sucesso foi tão imediato que a Moss decidiu ampliar o patrocínio para outras modalidades rubro-negras. O acordo com o time de basquete foi anunciado nesta semana e os e-sports seguirão o mesmo caminho. Segundo Adaime, o próximo passo é transformar o patrocínio em uma parceria parecida com a que o Flamengo tem com o banco BRB, que faria o clube dividir lucros em determinadas ações em conjunto.
- A gente está falando com o clube para ter uma fórmula de parceria, na qual o Flamengo será bonificado e se tornará sócio nas nossas vendas em ações específicas. Estamos trabalhando nisso, mas ainda não temos uma fórmula pronta. Muito em breve, a gente vai ampliar a parceria no âmbito digital. A Moss não é só uma empresa com atuação no segmento ambiental. Aliás, eu diria que nosso forte é o tecnológico, mais até que o ambiental. Por isso, a gente está olhando outros segmentos de tecnologia e está por vir uma ação bastante inovadora com o Flamengo.
NOVOS PATROCINADORES E RELAÇÃO COM A TORCIDA
O acordo com a Moss foi fechado em um momento que o Flamengo tinha quatro propriedades disponíveis no uniforme e convivia com críticas direcionadas ao departamento de marketing. Desde então, a situação mudou: o clube acertou mais dois contratos de patrocínio - Mercado Livre (costas) e Havan (mangas) - e busca apenas mais um patrocinador para ocupar o calção.
Na opinião do empresário, o perfil digital da Moss e retorno imediato obtido pela empresa podem ter influenciado a chegada desses novos patrocinadores.
- Não posso afirmar, mas imagino que, por sermos uma empresa 100% digital, tenha estimulado, por exemplo, o Mercado Livre, que também é uma empresa totalmente digital. O fato de um setor novo, o digital ambiental, ter se interessado pelo Flamengo, acho que, pelo menos, estimulou a curiosidade de outras empresas.
- A gente divulgou também que os resultados foram muito acima e mais rápido do esperado, de impacto nas vendas e alcance nas mídias sociais. Não posso falar pelos outros, mas acho difícil que tenha sido uma coincidência a gente ter fechado e, logo depois, o Mercado Livre e a Havan fecharem também.
Luis Felipe Adaime: 'A gente está falando com o clube para ter uma fórmula de parceria, na qual o Flamengo será bonificado e se tornará sócio nas nossas vendas em ações específicas'
Desde que se tornou pessoa pública, Adaime passou a lidar com um outro desafio: ter que separar o lado torcedor do patrocinador. Rubro-negro fanático e ativo nas redes sociais, ele se tornou notícia nesta semana após fazer críticas ao time durante o empate contra o Unión La Calera, pela Libertadores - algo proibido em contrato. Após a polêmica, o empresário pediu desculpas e contou com o apoio de muitos torcedores que o acompanham no perfil pessoal.
Essa proximidade com a torcida do Flamengo, inclusive, é uma das prioridades para o CEO da Moss. Além da interação diária, Adaime usa as redes sociais para promover sorteios de camisas oficiais durante os jogos da equipe. Segundo ele, mais de 600 torcedores já foram presenteados nesta ação que 'beneficia todas as partes'.
- É o sonho de todo torcedor. Sou fanático mesmo, fui em todos os jogos da Libertadores em 2019, fui a Lima e a Doha... Acho que o maior patrimônio do Flamengo é a torcida, é o que torna o Flamengo especial. Sempre pensei que um patrocinador deveria enaltecer e homenagear a torcida - disse Adaime, antes de completar:
- A gente sabe da relação da torcida do Flamengo com a camisa, a única que chama de “Manto Sagrado”. Então, comecei como uma ação pessoal mesmo e é algo que quero manter. Muitos ali não têm condição de comprar uma camisa oficial. Em um momento difícil como o atual, trazer essa alegria tem um significado especial. Todo mundo sai ganhando. A torcida recebe um item apreciado por todos, eu ganho essa satisfação pessoal e a Moss fica associada a essa alegria na vida de uma pessoa.
Confira outros tópicos da entrevista de Luis Felipe Adaime:
INÍCIO DA NEGOCIAÇÃO
Como o mercado de carbono não está desenvolvido no Brasil nem é muito falado na mídia, eu comecei a pensar: “Como eu vou expor esse setor o mais rápido possível para o maior número de pessoas?”. Pensei logo no Flamengo e entrei em contato com o clube. Um amigo me colocou em contato com o Gustavo Oliveira (vice-presidente de marketing), nós começamos a conversar e chegamos a um acordo.
FORÇA DO FLAMENGO NO AMBIENTE DIGITAL
A gente está explorando outras campanhas com o Flamengo no mundo digital. É o grande atrativo para a Moss. Fiquei surpreso com a exposição que o meião dá, mas os números de interação do Flamengo nas mídias digitais são comparáveis aos gigantes europeus e às franquias dos esportes americanos. Com a pandemia, tudo ficou mais digital e o Flamengo é um exemplo de um clube que se adaptou muito bem.
FLAMENGO COM SELO DE CARBONO NEUTRO
Foi um atrativo que nós trouxemos. Estamos fazendo uma consultoria como parte do nosso patrocínio, o clube não paga por isso. Temos um plano bastante concreto de tornar o Flamengo no primeiro clube de grande porte com carbono neutro. Já calculamos o inventário de carbono, que é o cálculo técnico das emissões do clube, em voos, traslados da equipe de ônibus, consumo de energia elétrica... Tudo isso gera poluição. O que a gente faz é calcular isso com uma equipe terceirizada e bonificar o Flamengo com a compra desses créditos para se declarar oficialmente um "clube carbono neutro”. O único clube que fez isso no Brasil é o América-MG. Também tem o Real Betis, na Espanha, e o Forest Green Rovers, da quarta divisão da Inglaterra.
FUTURO DA PARCERIA
Como diria Vinícius de Moraes, “que seja infinito enquanto dure”. É uma visão de longo prazo. A gente não consegue prever o futuro e, em épocas difíceis, a gente nunca sabe se vai conseguir manter ou não, mas a ideia é crescer o máximo possível e aumentar a parceria com o clube, que tem sido bastante importante para o negócio.
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Tomara que os planejamentos sigam uma estratégia segura pra um futuro promissor