Adílio com a taça da Copa do Brasil — Foto: Paula Reis/Flamengo
Cidade mais populosa do Equador, Guayaquil, palco da final da Libertadores, tem no Barcelona, clube com maior número de torcedores no país, uma grande paixão. A equipe e o Flamengo têm personagens que os unem, e a expectativa dos rubro-negros é de contar com a torcida dos "canarios" no estádio Estádio Monumental Isidro Romero Carbo, no próximo sábado.
Um dos principais elos entre Flamengo e Barcelona é Adílio, multicampeão vestindo rubro-negro na década de 80. O meia vestiu a camisa 10 da equipe equatoriana em 1988, quando tinha 32 anos, e teve sucesso. É lembrado até hoje.
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O craque rubro-negro ajudou a plantar uma semente de mudança de mentalidade para um futebol mais técnico e menos físico. Adílio afirmou que os equatorianos adoram o futebol brasileiro e apostou que eles vão torcer pelo Flamengo na decisão com o Athletico.
- Os equatorianos adoram o futebol brasileiro e o Flamengo. Vão torcer pelo Flamengo. Alguns jogadores atuaram pelos dois clubes. Foi bom muito para mim jogar lá, era um ambiente muito positivo. Quando cheguei, o futebol lá era muita pancada, mas nosso time começou a tocar a bola e teve resultados. Me pediram para indicar um treinador, e indiquei o Edu (Coimbra, irmão de Zico) - contou Adilio ao ge.
Com a venda abaixo do esperado para os torcedores brasileiros, a Conmebol adotou estratégias para facilitar a presença de equatorianos no Estádio Monumental Isidro Romero Carbo, do Barcelona. Sócios e donos de camarotes no estádio ganham entradas extras. Assim, poderá ser um trunfo para o Flamengo conquistar a preferência dos "canarios".
Adílio esteve no Maracanã na final da Copa do Brasil. Antes da partida, ele foi o responsável, ao lado de Edilson, por levar a taça até o centro do gramado. O ídolo rubro-negro não estará em Guayaquil, já que aceitou um convite para assistir ao jogo em um consulado do Flamengo nos Estados Unidos.
Ele acredita que o time do técnico Dorival Júnior tem mais jogadores capazes de fazer a diferença na decisão do que o Furacão.
- O Flamengo está muito bem preparado. Quando chega na final, o time tem muitos jogadores decisivos. O Athletico é um outro time fora de sua casa. Temos que respeitar, mas precisa dar Flamengo - finalizou.
Outro campeão mundial pelo Flamengo trabalhou no Barcelona, mas em outra função. O técnico Paulo César Carpegiani teve uma passagem curta pela equipe de Guayaquil em 1992. Foram apenas 11 jogos, com quatro vitórias, um empate e seis derrotas.
O meio-campista Moacir, campeão na Copa de 58 pelo Brasil, vestiu a camisa do Flamengo em 225 jogos entre 1956 e 1961. Marcou 59 gols. O bom desempenho o levou para a seleção.
Antes de chegar ao Barcelona de Guayaquil, em 1964, Moacir ainda defendeu o River Plate e o Peñarol. Antes de se aposentar, ele ainda atuou no futebol peruano. A identificação com Guayaquil foi tão grande que ele se estabeleceu na cidade.
Em 2012, foi presidente da delegação do Flamengo antes de jogo contra o Emelec, pela Libertadores.
Carlos Henrique
O meia-atacante canhoto jogou no Flamengo entre 1979 e 1981 e participou da conquista do título do Brasileiro de 80. Entrou em campo em 41 jogos e marcou três gols.
Depois de deixar o Flamengo, Carlos Henrique rodou por vários clubes, entre eles Palmeiras, Athletico, Coritiba e América-RJ antes de chegar ao Barcelona junto com Adílio, em 1988. Depois ainda jogou no Paraguai e no Peru antes de se aposentar.
Victor Ephanor
O atacante defendeu o Flamengo em apenas 15 jogos, em 1973, e não fez gol, mas no Barcelona conseguiu grande destaque e se tornou ídolo. Ele ficou em Guayaquil entre 1976 e 1984, e marcou 70 gols em 145 jogos disputados.
Victor Ephanor conquistou os títulos equatorianos de 1980 e 1981. No título de 80, ele entrou para a história do Barcelona ao fazer um gol de bicicleta na final.
Bicicleta de Víctor Ephanor na final do Campeonato Equatoriano de 1980 — Foto: Arquivo pessoal
Bicicleta de Víctor Ephanor na final do Campeonato Equatoriano de 1980 — Foto: Arquivo pessoal
Flamengo só teve até hoje dois jogadores equatorianos
Os dois únicos jogadores equatorianos que jogaram pelo Flamengo na história, Rivera e Erazo, também atuaram pelo Barcelona. Vestindo rubro-negro, não tiveram sucesso, mas em Guayaquil tiveram uma boa passagem.
O lateral-direito Rivera chegou ao Flamengo em 1996 cerca de expectativa para atuar no elenco que tinha Romário e Bebeto, mas sofreu com problemas físicos e atuou em apenas 15 partidas. Após deixar o Flamengo, Rivera voltou ao Equador, onde defendeu o Barcelona entre 1997 e 2007, alternando com pequenos períodos em outros clubes do país. Uma lesão crônica no joelho fez com que se aposentasse aos 28 anos.
Em entrevista ao jornal "El Telégrafo", Rivera lembrou as primeiras palavras que ouviu de Bebeto.
- O Rio é maravilhoso, e o Flamengo é o maior clube do Brasil.
Antes de chegar ao Flamengo, Rivera ganhou o apelido de "La Bala", mas não apenas por ser rápido. Quando tinha 19 anos, foi atingido no peito por um tiro disparado por um taxista depois de uma discussão. O projétil nunca foi removido.
Recentemente Rivera teve um problema com a justiça e ficou preso por um ano sob a acusação de envolvimento com o tráfico de drogas. Ele contou ao "El Telégrafo" sua versão e disse que foi um engano. Segundo o ex-jogador, haviam dito que ele ficaria na penitenciária por três meses para as investigações, mas o período acabou sendo mais longo.
- Um dominicano foi pego nos Estados Unidos com cocaína. Alguns amigos tinham me apresentado a ele em Guayaquil, e nós tiramos uma foto. Quando ele foi preso, falou meu nome em uma de suas declarações para se beneficiar de uma pena menor. Um dia eu estava andando perto de casa quando três carros me pararam e agentes me prenderam sem investigação prévia. O fato de eu ter sido jogador de futebol e ter jogado pelo Barcelona fizeram com que tudo fosse mais fácil na prisão - disse ao "El Telégrafo".
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