Torcedores do Flamengo ouvem explicação da Outsider Tour no Galeão antes de confusão — Foto: Juliano Lima
Uma semana após os problemas de embarque de torcedores do Flamengo para a final da Libertadores, o assunto ainda mobiliza a agência Outsider Tours, que vendeu os pacotes, e torcedores que não conseguiram voar.
Nesta quinta-feira, a agência entrou com um pedido na Justiça para que a Latam seja obrigada a publicar em suas redes sociais que é "parceira" da Euroatlantic, empresa que a agência tentou fretar para levar os cerca de 2 mil passageiros para assistirem ao jogo contra o Athletico-PR em Guayaquil.
Em paralelo, a reportagem foi procurada por torcedores que não conseguiram embarcar e ainda esperam uma solução. No Rio, pelo menos um grupo foi criado no Whatsapp com o objetivo de trocar informações sobre o problema. No "Guayaquil Sem Embarque", 43 rubro-negros se organizam para buscar reembolso.
Segundo integrantes que participam do grupo, desde esta quinta-feira a agência passou a responder e-mails com respostas como a que segue abaixo:
A mensagem acima foi enviada a Fellipe Ayala, que comprou o pacote como presente de 63 anos do pai, Sérgio Pereira. Ele foi um dos que não conseguiram voar por falta de lugar nas aeronaves fretadas pela Outsider.
Fellipe pagou R$ 27,8 mil pelo pacote - R$ 15 mil à vista e o restante parcelado (veja resposta da empresa ao final do texto).
Ação contra Latam
A ação movida pela agência contra a Latam corre na 2ª Vara Cível do Fórum de Jabaquara, em São Paulo. Nela, como argumentos para convencer a Justiça de que as empresas seriam parceiras, a Outsider anexou cópia de um e-mail enviado por um funcionário da Latam em que ele diz:
"Não temos aeronaves disponíveis para o período da final da Libertadores. Recomendamos Gilson Rangel que está cuidando da parte de fretamentos da Euro Atlantic".
Na linha abaixo, o número de telefone de Gilson foi informado. A reportagem ligou para Gilson para entender sua relação com a Latam. Ele atendeu de um telefone dos Emirados Árabes Unidos. Confira a entrevista:
Reportagem: Você trabalha para a Latam?
Gilson: Não.
Tem algum tipo de parceria com a Latam?
Eu, Gilson, não.
Mas você ou a Euro Atlantic são parceiros comerciais da Latam?
Não. E inclusive eu também não trabalho para a Euro Atlantic. Não posso responder.
Você quer me explicar para quem você trabalha?
Por agora, não. Não sei como o meu nome entrou nessa história, então, por agora, melhor não.
A Outsider anexou um email no processo, de um funcionário da Latam, dando o seu número. Você sabe porque esse funcionário deu o seu número?
Não tenho a menor ideia. Eu até conheço algumas pessoas da Latam, mas não conheço este funcionário.
A Latam foi procurada pela reportagem e se manifestou com a seguinte nota:
"A LATAM não foi notificada oficialmente sobre o processo da Outsider. A companhia mantém sua posição de não ter qualquer responsabilidade no contrato feito entre a Outsider Tours e a EuroAtlantic Airways, empresa que não é e nunca foi subsidiária da LATAM".
Também há no processo mensagens entre Fernando Sampaio, sócio da Outsider, e Gilson. As conversas anexadas começam em agosto deste ano. Nelas, eles tratam do fretamento de aeronaves e formas de pagamento.
ANAC e Azul
Nas conversas, é possível ver que a informação de que os voos não tinham sido autorizados pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) é dada a Fernando no dia 25 de outubro (dois dias antes do voo). A resposta, no entanto, já era pública no sistema da agência reguladora desde uma semana antes, no dia 18 de outubro.
Em mensagens do dia 5 de outubro, Gilson também comunica Fernando que estava tentando pressionar a agência a liberar o fretamento, sob o argumento de que as companhias nacionais não tinham disponibilidade de voo.
A Azul foi procurada pela reportagem e informou que a resposta dada à agência foi que não poderiam mais fretar voos para a agência por falta de pagamento. Confira a nota:
"São Paulo, 27 de outubro de 2022 - A Azul esclarece que a agência Outsider Tours solicitou o fretamento de três aeronaves para a final da Libertadores em Guayaquil, no Equador, para quais a Azul reservou as aeronaves e as tripulações. Porém, devido à falta de pagamento por parte da agência, duas das três operações foram canceladas".
A reportagem perguntou à Outsider quantas pessoas deixaram de embarcar, quando serão feitos os reembolsos e se vai acionar a Euro Atlantic na Justiça. A empresa não respondeu quanto ao número de pessoas lesadas:
"A Outsider informa que está empenhada na solução do problema, em contato com os clientes que buscaram informações e confirma que os reembolsos pertinentes serão efetuados no prazo de 30 dias, conforme o estabelecido pelo Procon RJ. Esclarece, ainda, que vai buscar em juízo a reparação pelos eventuais danos causados pela Euro Atlantic."
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