Foco é todo em cima de Vítor Pereira O Globo
Em três meses, Vítor Pereira não apenas perdeu cinco possibilidades de conquistas com o Flamengo. Na avaliação interna, as convicções deram lugar a uma série de escolhas confusas que tiraram o norte da equipe e transformaram a identidade de um grupo vitorioso em um deserto de ideias.
A avaliação da diretoria após a perda do Campeonato Carioca para o Fluminense de forma "vergonhosa" é que o trabalho se perdeu, e a possibilidade de continuidade é praticamente impossível. Uma das principais queixas da direção é com a insistência no esquema com três zagueiros.
LEIA TAMBÉM: Diretoria não vê evolução no trabalho de Vitor Pereira no Flamengo e se articula por demissão do técnico
Apesar das explicações de Vítor Pereira na busca por uma equipe mais consistente, que conseguiu render em alguns momentos, a opção aparentemente mais defensiva tem irritado a cúpula do futebol, que vê o Flamengo com a defesa ainda frágil e sem capacidade de disputar o meio-campo.
A solução do técnico de dar ao Flamengo uma capacidade de jogo mais reativo, como na primeira partida da final contra o Fluminense, não foi vista como suficiente, pois o domínio seguiu com o adversário, que também teve mais finalizações.
Motivos para perda de apoio
Dessa vez, o baile no Maracanã foi completo. O Fluminense teve a bola quando e como quis, e o Flamengo apenas assistiu em muitos momentos, aflito sem saber o que fazer. No GPS dos jogadores rubro-negros, o registro é de muita correria e dedicação, mas a conclusão é de um time sem rumo.
A diretoria e os jogadores passaram a ficar cada vez menos mobilizados com o trabalho de Vítor Pereira diante dos últimos dados. Mesmo em momentos de vitória, como na trinca de clássicos, o Flamengo não jogou tudo que poderia, e o resultado veio com um esforço acima do normal.
Entre os atletas, havia respaldo às ideias de Vítor Pereira, ainda que em alguns casos tenha ficado clara uma certa sobrecarga para peças da defesa. Nomes como Gerson e Filipe Luís não escondem mais o descontentamento com o esquema tático e as escolhas do treinador em função dele.
O lateral-esquerdo acabou barrado de vez, enquanto o meio-campo se desdobrar para correr atrás de adversário, sem ajuda devida, e sem uma perspectiva de que coletivamente o Flamengo vai conseguir competir, pois outros jogadores não conseguem render no esquema adotado.
Uma comparação feita foi a diferença entre Gerson e Ganso. Com talentos semelhantes, o meia do Flamengo sofria de um lado, enquanto o do Fluminense desfilava sem a necessidade de se doar tanto fisicamente. Fruto de um esquema em que todos somam em intensidade e dedicação.
Também não pegou bem para Vítor Pereira a barração de Gabigol, para depois ter o camisa 10 e capitão de volta, e no fim do jogo tirá-lo de campo novamente. O atacante havia dito que concorreria com Pedro, mas acabou jogando junto do camisa nove, e a dupla se mostrou nada entrosada.
Outras razões para o desgaste
Após o fim do Estadual, o Flamengo já faria uma avaliação de Vítor Pereira, e projetava a temporada com o técnico no comando caso confirmasse o título. Mesmo assim, as rusgas e desgastes começaram a se avolumar nas últimas semanas.
Na estreia da Libertadores, a decisão de poupar atletas e focar no Estadual se mostrou equivocada, assim como algumas mexidas durante os jogos, que não surtiram efeito. O comportamento de Vítor Pereira na beira do campo também virou alvo de críticas.
O técnico passou a se portar de forma passiva, ficar muito tempo no banco de reservas sentado, e terceirizar comandos para seus auxiliares. Passou, também, a não receber o mesmo apoio dos jogadores titulares e reservas durante os jogos, antes e depois também.
Depois da derrota para o Fluminense neste domingo, apenas o diretor Bruno Spindel e o zagueiro Rodrigo Caio cumprimentaram o treinador. O vice de futebol Marcos Braz nem para o campo foi ver a premiação do rival. No vestiário, a demissão já começava a ser debatida.
Comentários do Facebook -