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De La Cruz estreou no profissional jogando pelo Liverpool, do Uruguai, no segundo semestre de 2015, com apenas 18 anos, três meses e 12 dias. Devido ao seu talento, ele muitas vezes jogou na base em categorias acima da sua idade e frequenta a seleção uruguaia desde o sub-17, quando foi convocado pela primeira vez tendo só 14 anos.

O mistério sobre qual número De La Cruz será no Flamengo acabou na última quinta-feira, quando ele anunciou o 18, que foi o que usou em seu primeiro jogo como profissional (curiosamente quando tinha 18 anos). Mas o meia já teve várias camisas na carreira: na base, foi o 10 no Liverpool-URU e usou a 7 e a 8 na seleção uruguaia sub-18, e a 11 e a 10 na sub-20. Ao voltar ao profissional após o Mundial Sub-20, assumiu de vez a 10. No River Plate, da Argentina, sempre foi o 11, enquanto na seleção principal veste a camisa 7.

Em 2017, quando tinha 20 anos e já havia se firmado no Liverpool-URU, De La Cruz passou a ser sondado por clubes europeus. A imprensa uruguaia citou o Milan, da Itália; o Valencia, da Espanha; e o PSV, da Holanda, como interessados no jogador. Mas o meia, que não tem passaporte europeu, preferiu ir para o River Plate porque estava esperando o nascimento de sua primeira filha e não queria ficar longe de seu país, segundo publicou o jornal "El Pais", do Uruguai. O time argentino pagou US$ 4 milhões de dólares (R$ 12,7 milhões na cotação da época) por 30% dos seus direitos econômicos em 2017, e depois comprou mais 20% por US$ 3,3 milhões de dólares (R$ 17,2 milhões) em 2023.

De La Cruz era destaque do Liverpool-URU que chegou à final da Libertadores Sub-20 de 2016, disputada em Assunção, no Paraguai. O time uruguaio acabou perdendo a decisão para o São Paulo com um gol no fim, e nos acréscimos o meia foi expulso. Na saída de campo, houve uma confusão de uruguaios com policiais, que alegaram terem sido agredidos. De La Cruz chegou a usar as redes sociais para reconhecer que errou e pedir desculpas. Porém, três anos depois, quando ele voltou à capital paraguaia como jogador do River Plate na Libertadores, a polícia foi ao hotel para intimá-lo a depor. Mas a Justiça o liberou, e ele não só jogou contra o Cerro Porteño naquele dia, como fez o gol do empate argentino em 1 a 1.

De La Cruz estava no River Plate que perdeu a final da Libertadores para o Flamengo em 2019, mas o meia já conquistou o principal título da América do Sul. Foi um ano antes, em 2018, quando a decisão do torneio teve um clássico argentino contra o Boca Juniores e foi disputada no Santiago Bernabéu, em Madrid, na Espanha. Além de na época ainda não ter se firmado no time, por conta de uma artroscopia no joelho direito no primeiro semestre e de uma lesão no segundo, o uruguaio jogou só uma partida daquela campanha. E adivinha? Foi contra o Flamengo na fase de grupos.

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Falando nesse jogo contra o Flamengo em 2018, o River Plate arrancou um empate em 2 a 2 com o Flamengo no Nilton Santos com portões fechados - o Rubro-Negro cumpria punição por conta dos episódios de violência e vandalismo na final da Sul-Americana do ano anterior. De La Cruz foi titular nessa partida no lugar do machucado Pity Martínez. E perdeu um dente ao levar a pior em um choque com Jonas. Ele reclamou de uma cotovelada do volante brasileiro na época.

Para um meia, fazer hat-trick (três gols no mesmo jogo) é raro. Mas De La Cruz já conseguiu. Dos 36 gols que marcou nos 211 jogos pelo River Plate, três deles foram em uma goleada sobre o Aldosivi pela Copa da Superliga Argentina em 2019. O uruguaio anotou metade dos 6 a 0 dos Millonarios. Além disso, ele também já havia conseguido o feito na base. Em 2017, na Libertadores Sub-20, fez três na vitória acachapante de 12 a 0 em cima do Bolívar, da Bolívia.

Entre as lesões de De La Cruz na carreira, o joelho direito sempre foi o maior motivo de preocupação. E segundo o jornal argentino "Olé", o meia chegou a fazer um tratamento no local com células-tronco, depois da Copa do Mundo de 2022, por causa de uma sinovite, que é o processo inflamatório da membrana sinovial (tecido que reveste as articulações).

Para quem ainda não sabe, De La Cruz tem um irmão jogador que já fez sucesso aqui no Brasil: trata-se de Carlos Sánchez, que fez sucesso no Santos entre 2018 e 2022. Ele não conquistou títulos, mas se tornou o maior artilheiro estrangeiro da história do Peixe com 32 gols em 161 jogos. Viveu seu melhor momento no clube em 2019, quando foi o goleador do time na temporada com 19 bolas na rede e ainda deu 11 assistências. Ele é 13 anos mais velho que De La Cruz e ainda está em atividade aos 39 anos: na temporada passada defendeu o Peñarol, do Uruguai.

A compra de De La Cruz pelo Flamengo o transformou na segunda transferência mais cara (em valores absolutos) entre clubes dentro da América do Sul. Os US$ 16 milhões de dólares que o Rubro-Negro investiu nele superaram os US$ 15 milhões de dólares da venda de Lucas Pratto do São Paulo para o River Plate em 2018. Com isso, o uruguaio só fica atrás dos US$ 22,6 milhões de dólares da contratação de Carlitos Tevez pelo Corinthians junto ao Boca Juniors em 2004.

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