Serra Dourada, 40 anos: a história e os maiores jogos do Gigante do Cerrado

9/3/2015 09:59

Serra Dourada, 40 anos: a história e os maiores jogos do Gigante do Cerrado

Palco maior do futebol goiano, estádio completa quatro décadas nesta segunda-feira; GloboEsporte.com percorre linha do tempo e revive as 10 partidas mais inesquecíveis

Serra Dourada, 40 anos: a história e os maiores jogos do Gigante do Cerrado
Convite oficial para a inauguração do estádio Serra Dourada, em 1975, na cidade de Goiânia (Foto: O Popular)

Inaugurado em 9 de março de 1975, o Serra Dourada completa 40 anos nesta segunda-feira. Quatro décadas de histórias que fazem do estádio o principal palco do futebol goiano. Um santuário para jogadores de Atlético-GO, Goiânia, Goiás e Vila Nova, bem como para clubes do interior ou de outros estados. Lar até para a seleção brasileira, que disputou 14 partidas no gramado de maior extensão do país e jamais foi derrotada - 12 vitórias e dois empates.

A construção do Serra Dourada teve início em 1973 e durou dois anos. O projeto arquitetônico, inovador para a época, é de autoria do arquiteto e urbanista capixaba Paulo Mendes da Rocha, que em 2006 foi condecorado com o Prêmio Pritzker, o mais importante da arquitetura mundial. O engenheiro Lamartine Reginaldo e os arquitetos Armando Scartezini, Ariel Costa Campos e Silas Varizo foram os responsáveis pela obra, realizada na gestão do governador Leonino Caiado.

Idealizado no Jardim Goiás, na entrada de Goiânia, o Serra Dourada está localizado em uma área estratégica. A alcunha foi definida por meio de concurso e em homenagem à serra de mesmo nome na cidade de Goiás, antiga capital do estado. Seleção Goiana e Portugal fizeram a partida de abertura. Vitória do selecionado local por 2 a 1. A dimensão do gramado, que já foi de 118 x 80 metros, hoje é de 110 x 75. Túlio Maravilha é o maior artilheiro do estádio, com 131 gols. O recorde de público é do duelo entre Seleção Goiana e Brasil, em 1978: 77.790 pagantes.

Em 40 anos, o Serra Dourada já recebeu final de Copa do Brasil e Copa Sul-Americana, duelos da Taça Libertadores e foi sede do Grupo B da Copa América de 1989. Viu desfilar em seu gramado craques do passado, como Pelé, Maradona, Zico, Fracescoli, Sócrates, Caniggia e Rivelino, e grandes jogadores do presente, como Neymar, Robben e Van Persie.

A seguir, o GloboEsporte.com lista, em ordem cronológica, os 10 maiores jogos do Serra.



O jogo de abertura. O pontapé inicial do Serra Dourada. O começo da trajetória. A partida que inaugurou o "Novo Estádio", como também era chamado à época pela população, foi disputado por dois selecionados: Seleção Goiana x Portugal. O duelo ficou marcado não apenas pelo caráter festivo: também pela presença de grandes jogadores do futebol goiano, dentre eles Lincoln, o "Leão da Serra", Macalé, Matinha, Paghetti, Fernandinho e Tuíra.

Porém, coube a um português marcar o primeiro gol do Serra. Octávio abriu o placar para os europeus. Os registros do lance são escassos, mas levam a crer que foi em um chute de fora da área. O primeiro gol brasileiro foi de Lincoln. Alexandre Neto iniciou a jogada e passou para Fernandinho, que acionou o Leão da Serra na intermediária. O atacante, que fez história com a camisa do Goiás, progrediu em diagonal e bateu de canhota no canto direito do goleiro. Tuíra fez o segundo da Seleção Goiana, que venceu de virada.


Seleção Goiana na primeira partida do Serra Dourada: em pé, Nilson, Macalé, Alexandre Neto, Matinha, Lula e Lúcio Frasson; abaixados: Fernandinho, Lincoln, o "Leão da Serra", Paghetti, Piorra e Raimundinho (Foto: O Popular)

O Serra Dourada recebeu 76.718 pagantes no jogo de inauguração. Desde a primeira partida, o estádio se notabilizou pela extensão do gramado, que era de 118 metros de comprimento por 80 de largura. Algo inimaginável levando-se em conta os dias atuais.



Da esquerda para a direita.: Wilson Sorriso, Zico, Sérgio Luiz, Rivelino, Nonoca, Reinaldo e Matinha (Foto: O Popular)

A seleção brasileira possui relação estreita e positiva com o Serra Dourada. E o primeiro capítulo dessa história foi escrito em 1978, pouco mais de três anos após a inauguração do principal palco do futebol goiano. Na ocasião, o time canarinho enfrentou a Seleção Goiana. Além de destaques do futebol local, a partida contou com atrações de peso, como os craques Zico, Rivelino e Reinaldo.

Paulinho de Almeida era o técnico da Seleção Goiana e tinha à disposição nomes como Nonoca, Matinha, Pastoril e Piter. Apesar da qualidade dos atletas, pesou a genialidade de um time que poucos meses depois disputaria a Copa do Mundo da Argentina. Reinaldo, Zico e Tarciso fizeram os gols do Brasil. Rinaldo descontou, mas não evitou a derrota goiana.

Foi o primeiro dos quatro gols que Zico marcou na história do Serra. O Galinho divide com Tita, outro ídolo do Flamengo, a artilharia da Seleção no estádio. A presença de tantos destaques em campo refletiu nas arquibancadas: 77.790 pagantes, até hoje o maior público.



Confronto decisivo entre os melhores times da época. Flamengo e Atlético-MG já haviam decidido o Campeonato Brasileiro de 1980. Título dos cariocas. Na fase de classificação da Libertadores de 1981, empates por 2 a 2 no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. A rivalidade entre as equipes se acirrava cada vez mais. Era algo que extrapolava as quatro linhas e tomava conta dos bastidores. Empatados na liderança do Grupo 3, foi necessário um terceiro jogo, desta vez em local neutro. Um duelo que definiria o líder e, consequentemente, o clube que avançaria à fase seguinte.

O Flamengo sugeriu, dentre outras opções, o Serra Dourada. O Atlético escolheu o trio de arbitragem: José Roberto Wright, Romualdo Arppi Filho e Oscar Scolfaro. Empate no tempo normal levaria à prorrogação. Mantida a igualdade, o Rubro-Negro estaria classificado pelo saldo de gols, primeiro critério de desempate. Só que ninguém contava com uma atuação polêmica de Wright - ainda hoje muito reclamada pelos atleticanos.


José Roberto Wright: atuação controversa no Serra na Libertadores de 1981 (Foto: Eurico Dantas/Agência O Globo)

Reinaldo, aos 32 minutos, foi o primeiro expulso. Éder, o segundo. Diretores do Atlético-MG tentaram invadir o campo. O jogo foi paralisado, e logo vieram as exclusões de Palhinha e Chicão. Por fim, o zagueiro Osmar se recusou a entregar a bola para o reinício do duelo e também foi retirado. Com cinco expulsões do Galo, a partida foi encerrada. Os 75.157 pagantes viram só 35 minutos de bola rolando. O time de Zico, Júnior, Adílio, Nunes e cia estava classificado. O clube mineiro ficava pelo caminho em um embate tão confuso quanto o gramado do Serra na ocasião.



Dos nove jogos disputados por Maradona em território brasileiro, quatro foram no Serra Dourada. Nenhum outro estádio do Brasil foi tantas vezes palco para o futebol do craque argentino. A primeira exibição do camisa 10 em Goiânia foi na estreia da Argentina na Copa América de 1989. Vitória por 1 a 0 sobre o Chile. Gol de Caniggia e arquibancadas cheias para acompanhar o espetáculo.


Maradona em ação no Serra Dourada em jogo da Argentina com Uruguai, em 1989 (Foto: O Popular)

A Argentina figurou no Grupo B, com sede na capital goiana. Depois do Chile, a equipe do técnico Carlos Bilardo, campeão mundial em 1986, teve como adversários: Equador (0x0), Uruguai (1x0) e Bolívia (0x0). Maradona foi titular em todos. Na vitória sobre a Celeste Olímpica, Caniggia foi novamente o autor do único gol.

A Copa América de 1989 foi realizada entre os dias 1 e 16 de julho. Mesmo passados quase dois anos do acidente radiológico com o Césio 137, ocorrido em fevereiro de 1987, comentava-se ainda sobre um temor de contaminação. Dessa forma, a seleção argentina alternou apenas entre o hotel, o Serra Dourada e treinos na Serrinha, sede do Goiás. Maradona não marcou gols. A melhor atuação foi justamente na estreia, contra o Chile. O time tinha ainda nomes como Sensini e Burruchaga, dois ícones.



A decisão da Copa do Brasil de 1990 está na história como a grande chance que o Goiás teve de conquistar um título nacional. Após vitória do Flamengo por 1 a 0 no jogo de ida - gol de Fernando -, a segunda partida foi realizada no Serra Dourada e mobilizou Goiânia. Mais de 45 mil torcedores lotaram e dividiram o Gigante do Cerrado para ver a final de perto.


Goiás e Fla decidem Copa do Brasil de 1990 no Serra: 0 a 0 deu o título aos rubro-negros (Foto: O Popular)

Luvanor, Niltinho e Túlio, ainda em início de carreira, eram algumas das armas do Goiás. Na grande decisão, o técnico Sebastião Lapola não pôde contar com o lateral Lira, convocado para defender a seleção brasileira. Do lado rubro-negro, Jair Pereira era o treinador e tinha à disposição nomes como Renato Gaúcho, Zinho, Uidemar, Piá e Gaúcho, artilheiro da competição com cinco gols marcados.

Em desvantagem pela derrota no primeiro jogo, o Goiás tentou pressionar o Flamengo durante grande parte dos 90 minutos. Túlio e Aguinaldo tiveram as melhores chances, mas pararam no goleiro Zé Carlos. O Alviverde não conseguiu furar a defesa carioca, formada por Rogério Lourenço e Vitor Hugo, e viu a taça escapar em casa.



Um jogo simplesmente antológico. Um clássico cujos 90 minutos jamais saíram ou sairão da memória dos 47.712 pagantes que estiveram no Serra Dourada naquela tarde de domingo, em 1999. O duelo protagonizado por Goiás, mandante, e Vila Nova ficou eternizado como uma das maiores viradas da história do futebol brasileiro.

O Goiás era dono de uma equipe que mais parecia seleção: Fernandão, Araújo, Alex Dias e Aloísio formavam o quarteto mágico ofensivo. Na defesa, nomes como Sílvio Criciúma e Marquinhos. Pelo Vila , os destaques eram os atacantes Anderson e Sabino. Harlei, que depois defenderia o Alviverde por 15 anos, ainda vestia a camisa colorada. Hélio dos Anjos e Tata eram os técnicos.

No primeiro tempo, só deu Goiás. Alex Dias e Aloísio marcaram, e o time esmeraldino foi para o intervalo vencendo por 2 a 0. Logo no início da etapa final, Araújo fez grande jogada, driblou Wladimir Araújo, hoje treinador, e foi derrubado. Fernandão converteu o pênalti. Na comemoração, imitou um tigre, mascote do Vila, sendo abatido. Mal sabia que o Colorado daria o troco. A reação começou com dois de Anderson. Leonardo, em chute do meio-campo, empatou. Gol de placa. Luisão virou, e Luciano selou a vitória mais emblemática do Vila sobre o arquirrival.



A torcida brasileira clamava por Romário. Em Goiânia, não era diferente. O Brasil chegou ao Serra Dourada para o amistoso com a Bolívia sob um coro que vinha das ruas, das arquibancadas e pedia a convocação do camisa 11. Luiz Felipe Scolari, porém, estava irredutível. E fez o time canarinho dar dentro de campo a resposta provando que podia ir à Copa do Mundo sem o Baixinho.

O jogo carimbou o passaporte de Gilberto Silva, autor de dois gols, e Kleberson rumo ao Japão e à Coreia do Sul. Cris, Anderson Polga e Washington completaram o placar de 6 a 0. O Brasil ainda disputaria seis amistosos antes do Mundial, mas a goleada acachapante no Serra ficou marcada.

A partida teve outro destaque: a estreia de Kaká pela seleção brasileira. O meia, à época atleta do São Paulo, havia sido convocado pela primeira vez e entrou no decorrer do jogo no lugar de Juninho Paulista. Um simples amistoso, mas que ganhou contornos de grande e importante exibição.



Apesar da derrota por 2 a 0 no duelo de ida, na Argentina, o sentimento era de que o Goiás poderia desbancar o Estudiantes em Goiânia e avançar às quartas de final da Libertadores de 2006. O feito quase aconteceu. O Alviverde venceu por 3 a 1, mas foi eliminado pelo critério de gols fora de casa.


Romerito era o capitão e o símbolo na determinação do Goiás na Libertadores de 2006 (Foto: O Popular)

Se talvez faltasse um grande craque ao Goiás, sobrava vontade. Romerito era símbolo dessa característica e personificava a determinação da equipe. O jogo coletivo era o forte do Alviverde, que tinha ainda nomes como Roni, Nonato, Danilo Portugal e Welliton, apontado como uma grande promessa esmeraldina.

Todos os gols naquela noite saíram na etapa final. Vítor e Nonato, atualmente referência do Goianésia, abriram 2 a 0 para Goiás e encheram o Serra de esperança. No entanto, Calderón aproveitou vacilo de Rogério Corrêa e descontou. Cabeçada certeira no contrapé de Harlei. O suficiente para dar a classificação ao Estudiantes. Juliano ainda fez o terceiro, mas não houve tempo para o quarto do time comandado por Geninho. O Alviverde perdeu a vaga, mas caiu de pé em sua primeira e, até agora, única Libertadores.



O troco ao 5x3 de dez anos antes. Sem a mesma carga dramática, mas também de virada e no Serra Dourada. Se até hoje ainda lamenta a derrota histórica sofrida em 1999, em 2009 o Goiás conseguiu uma grande vitória sobre o arquirrival. Uma goleada impiedosa: 6 a 1, com grande atuação e requintes de crueldade após susto logo no início do embate.

O Vila até abriu o placar com o zagueiro Thiago Carvalho. No entanto, durou pouco a festa colorada. Comandado pelo pelo trio ofensivo formado por Romerito, Felipe e Iarley, o Goiás virou sem muita dificuldade e atropleou o Tigre diante de 17.911 pagantes. Festa esmeraldina nas arquibancadas.

Cada um dos gols da equipe do técnico Hélio dos Anjos foram marcados por jogadores diferentes: Felipe, Leandro Euzébio, Vítor, Romerito, Júlio César e Iarley. Atletas que entraram para a história ao construir a maior goleada do Goiás sobre o Vila em jogos profissionais do Goianão.



O Serra Dourada já havia recebido finais nacionais. Faltava uma decisão continental. Mesmo sem um time espetacular, o Goiás avançou à finalíssima da Copa Sul-Americana de 2010. Muito por conta da estrela de Rafael Moura, que roubou a cena na competição e foi artilheiro com oito gols.

O adversário foi o Independiente, famoso pela tradição em copas e jogos de mata-mata. O primeiro jogo foi em Goiânia e entrou para a história do Serra. Se a atuação do Goiás não foi brilhante, um primor de futebol, ao menos foi eficaz. O suficiente para que o time do técnico Artur Neto construísse a ótima vantagem de 2 a 0 e colocasse uma mão na taça. Gols de Rafael Moura e Otacílio Neto.


Rafael Moura: artilheiro da Sul-Americana de 2010 com oito gols, atacante marcou também na final (Foto: O Popular)

Os 35.500 pagantes vibravam porque sabiam que a equipe conseguia na Sul-Americana ir além de sua capacidade. Tanto que na Série A, com um futebol muito inferior, acabou rebaixada. No torneio continental, o time se superava a cada confronto. Neste dia, o Serra Dourada tremeu. Em uníssono, a torcida esmeraldina cantava confiante em faturar o mais importante título de sua história. E ele ficou próximo de acontecer. Só que o jogo da volta estragaria o sonho de conquistar a América.

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