A notícia bombástica sobre o possível doping de Guerrero pela substância benzoilecgonina, um metabólito da cocaína, caiu em Lima e chegou ao Ninho do Urubu rápido. O médico do Flamengo, Márcio Tannure, fez contato já na manhã desta sexta com o presidente da Comissão de Doping da CBF, Fernando Solera, para descartar o uso de medicamentos que pudessem levar ao flagrante no exame antidoping. A situação cogitada é o uso por descuido de algum remédio fora dos domínios do clube, na seleção peruana, como tratamento para a possível gripe alegada pelo atleta. O possível uso de drogas sociais foi tratado como absurdo no caso. No Flamengo, Guerrero vinha fazendo apenas tratamento de reposição de plaquetas para acelerar a recuperação das dores musculares.
Além do suporte imediato dos médicos do clube e do Peru, Guerrero também teve respaldo dos seus empresários e dos advogados do Flamengo, acionados para o caso. A recomendação antes mesmo da punição era ter precaução quanto à escalação do jogador. Com a punição prévia anunciada, a expectativa é que na próxima semana as ações sejam tomadas para tentar comprovar a inocência de Guerrero. Se for culpado, há risco de penalidade prevista em contrato por dano á imagem do clube e até multa de patrocinadores do Flamengo. Eventual medida somente pode ser adotada após o processo de doping.
No clube, Guerrero vive uma espécie de inferno astral com a torcida rubro-negra devido ás ausências nos últimos jogos em que esteve machucado. A situação se agrava no momento em que seu custo-benefício era questionado e que a renovação de contrato começaria a ser discutida. Ídolo inquestionável no Peru, Guerrero tem pela primeira vez a biografia no futebol arranhada, aos 33 anos, com a suspeita de doping.
O Flamengo, por sua vez, enfrenta situação do gênero pela primeira vez na história recente. As polêmicas nos últimos anos se limitaram a problemas de jogadores com indisciplina, o que foi praticamente sepultado na atual conjuntura. Casos de polícia envolvendo jogadores foram a tônica na administração anterior, com destaque para a prisão do goleiro Bruno e dos episódios envolvendo o atacante Adriano.
A situação de Guerrero é outra, mas o clube, através do técnico Reinaldo Rueda, já havia comentado a necessidade de buscar outro jogador para a posição com a ida do peruano para a Copa do Mundo. O risco de perdê-lo por outro motivo não diminuiu, pelo contrário, aumenta a necessidade de consultar o mercado, e os alertas estão todos ligados.
O treinador contava os dias para ter Paolo Guerrero de volta após o jogador sofrer uma lesão e agora o perderá para o resto do ano. Flagrado no exame antidoping depois do jogo entre Peru e Argentina no último mês por uso de uma substância estimulante, o centroavante está suspenso preventivamente por 30 dias pela Fifa, e virou baixa para a disputa da repescagem da Copa do Mundo contra a Nova Zelândia e do Brasileiro e da Copa Sul-Americana pelo clube rubro-negro. A pena total pode chegar a quatro anos caso o doping seja confirmado.
Guerrero treinou com bola pela manhã desta sexta-feira e deu sinais de que estava pronto para encarar o Grêmio no domingo em Porto Alegre, mas por precaução o jogador foi descartado tão logo o caso foi revelado. Em nota, o Flamengo disse confiar que tudo seja esclarecido e se esquivou de explicar todos os procedimentos pelo qual o jogador foi submetido recentemente no clube, atribuindo o caso ao Peru. “Paolo Guerrero sempre teve conduta profissional exemplar no Flamengo e esperamos que toda a questão seja esclarecida o mais rápido possível”, disse o comunicado.
Na segunda-feira, a CBF, de folga na sexta, comunica oficialmente ao Flamengo o que a Federação de Futebol do Peru já tornou público: que o jogador está suspenso até apresentar contraprova. O prazo para isso é de uma semana. Até lá, a mobilização de médicos e advogados promete se intensificar. O jogador não se posicionou oficialmente, mas o presidente da Comissão de Doping da CBF, Fernando Solera, disse que o atleta alegou usar um medicamento para gripe antes da partida. A Federação de Futebol do Peru emitiu nota acatando a punição e também dizendo confiar na resolução do caso e no seu atleta.
"Valorizamos sua imensa contribuição para a nossa seleção pelo que a FPF e o Peru inteiros se solidarizam com ele nesses momentos difíceis”, diz o comunicado.
Se parar por dois anos, já era.