Rodolfo Landim (Imagem: Jorge Adorno / Reuters)
No período de apenas uma semana, o Flamengo perdeu duas vezes do Atlético-MG, um dos principais membros da diretoria deixou cargo no futebol e um grupo político de peso cobrou publicamente em carta por mudanças no clube. O presidente Rodolfo Landim é alvo de pressão de todos os lados por mudanças no departamento de futebol. É um incógnita se esse o movimento vai leva-lo a fazer alterações.
Após 13 rodadas realizadas no Brasileirão, o Flamengo soma 15 pontos, 13 pontos atrás do líder Palmeiras, e enfrenta o América-MG neste sábado. Já foi obrigado a demitir o técnico Paulo Sousa e contratar Dorival Jr. Trata-se do sexto da gestão de Rodolfo Landim.
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Esses sintomas geraram questionamentos sobre os motivos do baixo rendimento do futebol rubro-negro. Lembremos que falamos do clube com receita de R$ 1 bilhão e dono do maior investimento em elenco.
Diferentemente de outras crises, o foco não está apenas no técnico. Há questionamentos sobre a forma de gerir o futebol por meio de um vice-presidente, Marcos Braz, a formação do elenco atual com veteranos e a estrutura e staff no departamento de futebol.
A oposição - grupo liderado pelo ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello - já tinha enviado um projeto ao Conselho Deliberativo para "profissionalizar" o futebol do clube. O objetivo era acabar com o cargo de vice-presidente de futebol - e outros VPs temáticos. Um diretor deveria se reportar diretamente ao Conselho de Administração.
Mas essa certeza de que há problemas na gestão do futebol rubro-negro se alastrou além da oposição. Durante a semana, Luiz Eduardo Baptista, presidente do Conselho de Administração, deixou seu cargo no Conselho de Futebol, juntamente com outros dois. Motivo: divergências na condução do futebol.
Há um problema de relacionamento entre Bap e Braz antigo. Mas há também uma visão diferente de como deve ser conduzido o futebol. Aos poucos, Landim foi optando por dar força ao vice de Futebol e deixar o outro aliado de lado. Não há uma ruptura política definitiva, mas está claro que o movimento afasta Bap da atual gestão.
Bap não é o único na diretoria insatisfeito com a condução o futebol neste ano. Reunião de diretoria na segunda-feira também expôs outros questionamentos sobre o departamento, em encontro em que Braz não estava presente. As contratações de jogadores são vistas como mal sucedidas por parte dos cartolas.
Na sequência, um grupo composto por dirigentes importantes - três ex-presidentes - tornou pública uma carta fazendo críticas à gestão e pedindo uma série de mudanças no clube. Sobre o futebol, foram feitas reivindicações para redução do papel dos amadores no futebol, contratação de um novo diretor de alto nível e constituição de uma comissão técnica permanente. As críticas são diretas a Braz, mas também a Bap.
Landim é pouco afeito a mudanças radicais por pressão. Além disso, sua diretoria foi composta por uma complexa rede de alianças em que cargos foram distribuídos a grupos políticos. Tirar dirigentes amadores de seus postos significa abrir mão de apoios que garantiram sua reeleição com sobras. Há quem aposte que ele vai ignorar solenemente a pressão por mudanças.
Ao mesmo tempo, a manutenção da atual estrutura está lhe rendendo cada vez mais oposição e debandadas. Para não falar no efeito externo, são constantes os gritos de protestos da torcida rubro-negra no Maracanã com hostilidades a Landim.
O dirigente está portanto em uma corda de equilibrista. Uma mudança pode joga-lo na frigideira, mas se manter parado pode faze-lo cair no caldeirão. Sua salvação é se a bola do Flamengo começar a entrar de novo apesar de todos os erros de gestão.
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