Vítor Pereira, ex-técnico do Corinthians e alvo do Flamengo
Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF
Dorival Júnior sai do Flamengo como "vítima" de sua maior conquista e da grande virtude do treinador no comando técnico.
Com a conquista da Libertadores e a nova chance de disputar o Mundial de Clubes, a avaliação interna foi de que Dorival não tinha peso e currículo para estar à beira do campo em um hipotético duelo com o Real Madrid. Vítor Pereira teria um nome mais conhecido e carreira internacional para a empreitada.
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A outra ressalva é uma total incoerência da direção rubro-negra: não deu respaldo para Paulo Sousa efetuar as mudanças que o treinador achava necessárias e trouxe Dorival como um "bombeiro", alguém que soubesse administrar vaidades, acomodar as estrelas em campo sem grandes mudanças táticas e tranquilizar um vestiário complexo.
O treinador conseguiu tudo isso e mais duas taças. Como efeito colateral, uma equipe menos intensa na reta final da temporada e o total desleixo nos últimos jogos pelo Brasileiro, depois de garantir os títulos. A diretoria queria mais profissionalismo, porém nunca tratou isso como prioridade, em uma relação paternalista com o elenco.
As últimas entrevistas de David Luiz foram reveladoras. O clube que tem vice-presidente de futebol, dois gerentes e uma comissão técnica precisou que o zagueiro experiente cobrasse mais foco e trabalho de Rodinei, Léo Pereira e Pedro.
Concretizando oficialmente a negociação com Vitor Pereira, o Flamengo terá um treinador de perfil oposto: sério, exigente, capaz de cobrar esforço e desempenho até das principais estrelas. Ou seja, a diretoria vai "terceirizar" novamente para uma comissão técnica portuguesa o comando real do departamento de futebol.
Deu certo em 2019 com o "milagre" de Jorge Jesus. Mas agora há diferenças fundamentais.
A mais relevante é que há três anos o elenco estava em formação e o clube não ganhava nada importante desde 2013. O Flamengo precisava de um messias que liderasse a transformação. Todos tinham fome.
Agora há muita "barriga cheia", jejum de conquistas não é mais problema. E quem garante que em um momento mais tenso de cobrança algum atleta não vai lembrar ao novo treinador que o Corinthians comandado por ele foi eliminado na Libertadores e perdeu o título da Copa do Brasil para esse elenco?
Será um cenário complexo, mesmo agora sem os Diegos, Ribas e Alves, como lideranças na reserva. A solução para Vitor Pereira é entregar o mesmo que Jorge Jesus: autoridade e resultados imediatos para respaldar. Nesse caso, títulos da Supercopa do Brasil, da Recopa Sul-Americana e uma boa campanha no Mundial.
Paulo Sousa não venceu, se perdeu no caminho e saiu humilhado. Vitor Pereira tem a vantagem de já conhecer as particularidades do futebol brasileiro, mas chegará para lidar com um elenco que foi surpreendido negativamente pela saída de Dorival, está desconfiado com as alegações de Pereira para deixar o Corinthians e que já provou que é resistente às mudanças.
Um desafio com pequena margem de manobra. É vencer para se impor.
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