O bastão foi literalmente passado de Rodolfo Landim a Luiz Eduardo Baptista, o Bap, na cerimônia de posse do novo presidente do Flamengo. Um ato simbólico, mas recheado de mensagens.
Na prática, a filosofia idealizada por Bap para se afastar da de Landim aos poucos toma forma. O projeto em curso ficou mais evidente na posse: a redução de protagonismo dos vice-presidentes e consequente fortalecimento dos diretores profissionais.
Foram 14 vice-presidentes empossados no cargo, quatro a menos do que os 18 do segundo mandato da gestão de Rodolfo Landim. Após conversas com seus pares, Bap acumulou pastas para diminuir o número de vice-presidências no período inicial da gestão.
A ideia é de que o clube funcione como um conselho de uma empresa sem vice-presidentes designados especificamente dentro de três meses. Desta maneira todos poderão colaborar nos mais diversos temas com sua expertise.
O estatuto, no entanto, ainda exige a existência das vice-presidências. Por isso, dentro dos 90 dias iniciais de gestão, Bap irá fazer uma moção ao Conselho Deliberativo do clube para que os vice-presidentes não sejam mais específicos e se tornem conselheiros de forma estatutária.
O futebol profissional e da base, por exemplo, teve Fábio Palmer como o escolhido como vice-presidente. Ele integrou o conselho de futebol de 2019 a 2022 junto com Bap na gestão Landim. Mas o todo poderoso do departamento será o já anunciado português José Boto. Ele chega dia 28 de dezembro ao Brasil e vai se reportar diretamente a Bap, não a Palmer.
“Decisões macro do tipo orçamento futebol, sim, vão passar por um conselho como se fosse de empresa. Então competições que o Flamengo pode priorizar no momento ou não, o Bap sempre fala que o Brasileiro vai ser sempre prioridade, assim como a Libertadores. Essas decisões institucionais vão obviamente passar pelo conselho.
Interferência no dia a dia do futebol, sobre contratações seja de treinador, seja de profissionais, seja de jogadores não vai passar pelo conselho de maneira nenhuma, muito menos pela figura do hoje VP de futebol que daqui a três meses não existirá mais”, disse Fábio Palmer.
O departamento de futebol vai sofrer mais interferências. Bruno Spindel, atual diretor de futebol, pode permanecer com o cargo de negociador, função que já exerce há anos. Ele foi levado por Bap ao clube em 2012 para trabalhar no marketing.
As outras áreas, como gestão de saúde, comandada por Márcio Tannure, aguardam a avaliação de José Boto. O português conversa diretamente com Bap sobre diversos temas, mas vai ser apresentado aos profissionais antes de tomar qualquer decisão sobre mudança.
Vice de finanças nas gestões Bandeira de Mello e Landim, Rodrigo Tostes volta ao clube desta vez como vice de patrimônio. Ele terá como foco o projeto do estádio rubro-negro.
A situação é considerada bastante complexa pelos integrantes da atual gestão devido à falta de um plano de viabilidade econômica para colocar de pé a nova casa rubro-negra. Este estudo será encomendado à Fundação Getúlio Vargas e um encontro entre as partes deve acontecer nesta quinta-feira.
Outra reunião marcada da nova gestão é com a empresa Arena Events + Venues, responsável pelo projeto preliminar apresentado do estádio. A compra do terreno do Gasômetro ao custo de R$ 170 milhões preocupa membros da gestão de Bap pelo tamanho do passo dado pelo clube.
O compromisso é levantar o estádio sem transformar o clube numa SAF ou comprometer a competitividade esportiva. “Nós vamos construir o estádio, sim. No ritmo que a geração de caixa e de resultados do Clube de Regatas do Flamengo não prejudiquem a performance esportiva do clube”, afirmou Bap.
A certeza, no entanto, só virá após o início, de fato, da transição do poder. Houve conversas preliminares entre as partes, mas a futura gestão ouviu da atual que o processo só teria início depois da cerimônia de posse.
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