O Olmedo é o primeiro campeão nacional fora das regiões de Quito e Guayaquil (Foto: Divulgação / Site Oficial Olmedo)
No Brasil, pouco se sabe do futebol equatoriano. Nenhum canal fechado transmite o campeonato nacional. Então o Emelec, adversário do Flamengo nesta quarta-feira, é uma incógnita. No raio-x feito pelo GloboEsporte.com sobre o grupo rubro-negro, o jornalista inglês Tim Vickery, correspondente da rede britânica BBC na América do Sul, elegeu o argentino Denis Stracqualursi como a grande ameaça do rival. Mas o grandalhão de nome complicado não é o artilheiro do Equatoriano 2014. Com três gols, é superado por Romario, que tem um a mais. Isso mesmo, o goleador do país andino é xará do Baixinho e não nasceu no Brasil. É natural de Eloy Alfaro, um povoado local com menos de 40 mil habitantes e 4,3 quilômetros quadrados de extensão.
Romario Javier Caicedo Ante, camisa 14 do Olmedo, não é mais um dos muitos homônimos do gênio da grande área nascidos a partir de 1994, ano do tetracampeonato mundial, cujo protagonista absoluto foi Romário. O equatoriano veio ao mundo em 23 de maio de 1990, pouco depois de o craque ter feito uma Copa América de 89 magnífica.
- Ele (pai de Romario) me pôs o nome por causa do Romário do Brasil. Eu gosto dele, sempre o segui e sou fanático pelo Romário. Ele escutava muito sobre o Romário, que jogou muito bem no Vasco e seleção brasileira. Jogou muito na Copa América ou nas Eliminatórias. Quando era pequeno, meu pai me contava que Romário foi um grande atacante, me falava de 1994. Aí sempre quis jogar como Romário, de atacante. Sempre tentei ser como ele, decisivo. Eu gostava muito dele no Vasco. Eu jogava com a 11, era atacante na base e fui goleador nacional, com 25 gols em 28 jogos - revelou Romario Caicedo ao GloboEsporte.com.
ATAQUE VIRA PASSADO
O verbo no passado tem uma razão. Há dois anos, Romario passou a jogar como meia no Olmedo. Nada que diminuísse seu poderio ofensivo. Dos quatro gols marcados no Equatoriano, invadiu a área em dois (um de voleio e outro em chute cruzado, contra Barcelona de Guayaquil e Universidad Catolica Quito, respectivamente). Os demais saíram de duas bombas de fora da área com o pé direito (diante de El Nacional e Deportivo Cuenca).
- Em 2012, um treinador me disse: "Você vai jogar de 8 (camisa), como um meia pela direita, você é rápido". Apesar de hoje jogar como meia, vou muito ao ataque, me meto muito dentro da área, porque me acostumei a fazer isso quando era atacante. Tenho quatro gols em seis jogos. Estou bem e espero seguir assim. Sempre boto em minha mente que não tenho quatro gols, mas que tenho zero gol. Procuro sempre trabalhar o máximo nos treinamentos e superar a mim mesmo.
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Caicedo é ídolo e sua imagem é retratada no canto esquerdo da página inicial do Olmedo (Foto: Rep. Site oficial Olmedo)
Romario Caicedo, o camisa 14, sai para comemorar gol do Olmedo (Foto: Arquivo Pessoal)
EX-BAIXINHO
Romario Caicedo não é baixinho, tem 1,82m de altura. Seu crescimento se deu tardiamente, estimulado por um acompanhamento específico de fisioterapeutas e nutricionistas. Mas o gringo já teve os mesmos 1,69m do mais famoso dos Romários, e ele sente saudade disso.
- Eu era pequeno, bem baixo mesmo. Quando estava na base tinha 1,69m. Aí comecei a tomar vitaminas, foi feito um trabalho especial para mim, e cresci. A partir dos 17 anos, evoluí e cresci muito. Adorava ser pequeno, assim como o Romário, que é grande, muito grande. Todos os jogadores do Brasil são os melhores para mim. Mas, na minha opinião, o Romário é o melhor.
SONHO COM O BRASIL
Romario adora o Brasil e espera realizar três sonhos por aqui: conhecer seu xará, defender um clube local - de preferência o Vasco - e, quem sabe, jogar a Copa do Mundo de 2014.
- Jogar no Brasil é meu sonho. Antes de pensar ir para qualquer outro país eu penso no Brasil. Quero ir ao Brasil (repete várias vezes). Sonho jogar no Vasco, mas claro que qualquer equipe brasileira seria um sonho muito grande. Sonho com o Brasil desde quando jogava no barro, na terra. Sonho conhecer o Romário. Imagine o Romário apertando minha mão? É um sonho, seria incrível, seria fantástico. Nunca joguei na seleção equatoriana, nem na base, mas tudo é possível. Até o Mundial tratarei de melhorar ao máximo. Não perco a esperança de ser convocado para amistosos. Tratarei de mostrar o meu futebol. Todo dia que venho treinar, quero seguir lutando, superando a mim mesmo.
Carlos, pai de Romario, era zagueiro e jogou junto com o filho (Foto: Divulgação / Site Oficial Olmedo)
Para chegar a esse objetivo, o equatoriano vende seu peixe aos brasileiros, listando suas principais características:
- Gosto de ajudar os atacantes com cruzamentos por dentro, por fora. Tenho um bom arremate de longa distância. Quando a jogada nasce pela esquerda, me meto na área pela direita. Posso encarar (os zagueiros no mano a mano), arrematar. Não sou um meia que joga só fora da área. Também faço gols de cabeça, mas geralmente entro com a bola dominada. Minha função é dar os passes, mas também faço gols por causa do costume que criei quando jogava de atacante.
POUCO SABE SOBRE O EMELEC
Por fim, o GloboEsporte.com consultou Romario sobre Emelec e Stracqualursi, adversários do Flamengo na noite desta quarta-feira, no Maracanã. Mas a dupla seguirá como um mistério para os brasileiros, já que o jovem disse não ter tempo para acompanhar o equatoriano do grupo rubro-negro. Porém, é bom ele ficar ligado, pois Olmedo e Emelec se enfrentarão já nesta sexta-feira, pela sétima rodada do campeonato local.
- É o campeão do país, uma equipe muito perigosa e que está muito forte. Tem atacantes que anotam (fazem gols) na primeira oportunidade que têm, com bons meias. É muito compacta, organizada e sabe jogar muito bem. Espero que seja um bonito jogo. Pouco vejo jogos do Emelec, então não posso dizer quem são os destaques individualmente, pois sempre jogamos no mesmo horário aos fins de semana. Sei que Stracqualursi é um argentino que, se lhe derem oportunidades, ele as aproveita - encerrou Romario, o camisa 14 do Olmedo, clube conhecido como 'El ídolo Riobambeño' (é da cidade de Riobamba) e 'El Ciclón Andino'.
Stracqualursi, de boné, é o artilheiro do Emelec no Equatoriano, com três gols (Foto: Reprodução / Twitter)
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