Sem previsão para o aporte de uma série de receitas em 2020, em especial bilheteria e patrocinadores, o Flamengo também pisou no freio em alguns de seus compromissos financeiros durante o período sem futebol. O clube resolveu renegociar os pagamentos relativos à aquisição de jogadores e às comissões pelas transferências. A outra solução foi recorrer a um empréstimo para compor as demais despesas de seu caixa, especialmente no futebol, com uma linha de crédito que pode chegar a R$ 50 milhões.
No caso das maiores contratações, o atacante Gabigol, comprado este ano à Inter de Milão por R$ 76,6 milhões, e o meia Gerson, que veio ano passado da Roma por R$ 58,9 milhões, a expectativa é honrar as parcelas com a compensação do que vai entrar em euro por meio das vendas de atletas, sobretudo a de Reinier ao Real Madrid. Mas os recebíveis dos intermediários das operações devem atrasar.
Já nas compras de Léo Pereira ao Athletico-PR, e de Thiago Fernandez ao Náutico, o Flamengo tenta dividir os valores devidos. Que totalizam R$ 30,1 e R$ 4,9 milhões, respectivamente. A negociação por Michael, do Goiás, que custou R$ 33,9 milhões, só terá parcelas vencidas no segundo semestre. O clube entende que não adianta pagar o que vence agora sem saber se poderá quitar os débitos futuros em dia. Por isso, a ordem é repactuar. A tarefa cabe ao diretor Bruno Spindel e ao vice de futebol Marcos Braz.
Em 2020, estava previsto o pagamento total de R$ 121 milhões em amortização de compra de jogadores, segundo o orçamento do clube, que deve ser revisto até julho. Mas o último balanço aponta saídas do caixa na ordem de 37,3 milhões de euros. Desse total, 2,9 milhões de euros entre abril e junho, no momento considerado crítico. Mesmo assim, como dito, o equilíbrio cambial possibilita saldo positivo, com entrada de 41,3 milhões de euros, com destaque ainda para a venda de Pablo Marí ao Arsenal.
Fôlego para o futebol
O empréstimo solicitado pelo Flamengo entra para dar conforto no cumprimento dos pagamentos mensais do clube, como as contas de suas sedes e estádio e a folha salarial de funcionários e principalmente do futebol.
— Temos que proteger o caixa para seguir cumprindo com os nossos compromissos. Foi por isso que tomamos essa decisão antes de outros clubes. Não tomamos dinheiro porque estamos quebrados, e sim para ter um extra, um balão de oxigênio, para não tropeçar — explicou o vice de relações externas do clube, Luiz Eduardo Baptista, à Fla TV.
A linha de crédito, no entanto, foi obtida pelo ex-vice de finanças Wallim Vasconcellos, que ano passado conseguiu deixar em “stand by” R$ 40 milhões no banco Santander e R$ 10 milhões em outros bancos. O clube já havia utilizado R$ 50 milhões em 2019 em linha de crédito semelhante, que não necessita de garantias de patrimônio do clube.
A principal razão da diretoria do presidente Rodolfo Landim para recorrer ao empréstimo desta vez foi a perspectiva do não recebimento de recursos de patrocinadores, especialmente a Adidas. Sem eles e sem bilheteria e outras receitas do Maracanã, o clube também vê sócios-contribuintes interromperem seus pagamentos. E os sócios-torcedores, sem benefícios, começarem a diminuir.
Só há uma questão importante que o clube deve ficar atento. O Flamengo pagará juros ao banco para ter os cofres cheios, como um cheque especial, e só poderá usar o valor sacado para quitar débitos dentro de um ano. Os vencimentos futuros já devem estar cobertos com a normalização do calendário do futebol brasileiro no segundo semestre, espera o clube.
A ideia é passar por esse período nebuloso sem a necessidade de negociar, por exemplo, desconto nos salários dos jogadores do elenco principal.Havia temor de que a paralisação dos jogos obrigasse tal medida a partir do mês que vem, ou a falta de recebimento de alguns valores levasse a atraso de pagamentos da folha do futebol.Quando o fluxo de pagamentos voltar ao normal, o Flamengo repõe o dinheiro que pegou com o banco. A operação já foi aprovada pelo poderes do clube em 2019.
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