Admirador do futebol brasileiro, José Boto revelou ter uma missão no Flamengo : a de retomar o DNA do futebol brasileiro e voltar a ser uma fábrica de talentos. O diretor de futebol, apresentado nesta segunda-feira, disse que o esporte no país passa por dificuldades por ter tentado imitar o da Europa. Em 2026, a seleção brasileira iguala o seu maior jejum de 24 anos sem ganhar uma Copa do Mundo. Em entrevista coletiva, o português, responsável por comandar a reformulação do departamento rubro-negro, disse que dará atenção especial à base, uma marca do seu trabalho em clubes anteriores. Ele criticou os rumos que o futebol brasileiro tomou nos últimos anos: - A base é minha área. É algo que vou me orgulhar. Temos que criar esse DNA, jogadores talentosos e ao mesmo tempo responsável. Conheço bem o Brasil, no Shakhtar tínhamos 14 brasileiros, buscamos jogadores que nem sequer tinham jogado Série A e em alguns meses estavam jogando Champions. Aqui no Brasil se foi buscar muita coisa ruim que se faz na Europa. Na Europa viemos aqui para buscar coisas boas que vocês faziam na base - afirmou Boto, que completou: - No futebol profissional, a chegada de técnicos estrangeiros deu mais rigor tático ao jogo, mas replicar na base é um erro tremendo. Vocês são os maiores produtores de jogadores de todos os tempos. Romário, Ronaldinho, Zico, não parava aqui. Parece que querem fazer jogadores como na Europa. Isso é um erro. Há que voltar um pouco atrás ao que foram os reis e fundamentos do futebol brasileiro, dar essa liberdade aos jovens atletas de errarem, experimentarem, de não estarem agarrados em sistemas táticos. Depois vão ter tempo para isso. Isso muda a forma que se forma jogadores no Brasil. Vocês estavam bem, foram copiar a Europa e neste momento estão mal. Não produzem tanto talento quanto há 10, 30 anos. Isso é algo que teremos que mudar aqui. Vamos ter que continuar como faziam antes. Na Europa, seu trabalho ficou marcado por achar jogadores com potencial no mercado que se destacaram, ficaram valorizados e depois foram vendidos por valores bem acima do que foram contratados. Isso aconteceu principalmente no Benfica, de Portugal, onde trabalhou com o técnico Jorge Jesus, e no Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, onde atuou com o treinador Luís Castro. Quem acompanhou a carreira de Boto de perto nos últimos anos o classifica como especialista no mercado brasileiro, o que condiz com sua atuação como scouting. Ele foi responsável pela contratação de vários jogadores do país nos últimos anos. Quando Boto deixou o Shakhtar Donetsk, ao fim de 2022, o elenco do clube da Ucrânia tinha 12 jogadores brasileiros - no ano passado, ele revelou, em entrevista a um canal de youtube português, ter grande rede de contatos no Brasil, principalmente com profissionais da base. Boa parte do plantel do Shakhtar era ainda formada por atletas ucranianos, o que ajuda a explicar sua aposta na formação.
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