Quarenta anos se passaram desde que o Flamengo decidiu vender Zico para a Udinese, um evento que marcou não apenas a história do clube, mas também o coração de seus torcedores. A perda do ídolo é lamentada até hoje, especialmente após o falecimento de Antônio Augusto Dunshee de Abranches, o presidente que administrou a venda e que foi um dos grandes responsáveis pela era de ouro do Flamengo. Dunshee de Abranches faleceu aos 88 anos, após lutar contra a doença de Alzheimer, e suas contribuições para o clube foram reconhecidas por Zico, que expressou suas condolências e a importância do ex-presidente na trajetória do Flamengo.
A gestão de Dunshee de Abranches foi um período de grandes conquistas para o Flamengo, incluindo títulos como o Carioca, a Libertadores e o Mundial de Clubes de 1981, além dos Campeonatos Brasileiros de 1982 e 1983. Entretanto, sua administração também foi marcada por conflitos, especialmente a crise política envolvendo Zico, que culminou na renúncia de Dunshee antes de completar seu mandato. O desenrolar dessa complicada relação é digno de nota, refletindo os altos e baixos do futebol e as tensões que podem surgir entre ídolos e dirigentes.
O primeiro desafio significativo que Dunshee de Abranches enfrentou em sua gestão foi a renovação de contrato de Zico. À época, Zico já era um dos principais jogadores do Brasil, tendo levado o Flamengo à vitória no Campeonato Brasileiro de 1980. Após várias negociações e com a ajuda da marca de refrigerante Coca-Cola para custear as luvas do novo contrato, Zico ficou feliz em permanecer no Flamengo por mais dois anos. Essa renovação, no entanto, não impediu que o clube enfrentasse dificuldades financeiras, culminando em uma crise que exigiu ações urgentes.
Meses após a renovação, em junho de 1985, veio a chacoalhada do mercado: Zico foi vendido à Udinese por uma quantia que, para a época, era considerada astronômica. A reação dos torcedores foi intensa, e as ruas do Rio de Janeiro se encheram de vozes de protesto. A relação entre Dunshee e Zico deteriorou-se ao longo da negociação, marcada por descontentamento e desconfiança, o que culminou em um clima insustentável dentro do clube e na renúncia do presidente.
Ainda que Zico tenha retornado ao Flamengo anos depois, o impacto da sua venda foi profundo, moldando a forma como os torcedores enxergavam a diretoria do clube. O dinheiro gerado pela transação foi utilizado para financiar o CT Ninho do Urubu, que hoje é um centro de treinamento icônico. A trajetória entre Dunshee de Abranches e Zico é um lembrete de que o futebol é feito de paixões, conflitos e decisões que repercutem por gerações.




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