A diretoria de Luiz Eduardo Baptista, o Bap, recém-eleito presidente do Flamengo para o triênio entre 2025 e 2027 , encontrará na Gávea altas projeções de receita e lucro, porém terá o caixa apertado na virada do ano. Os números estão contidos no orçamento rubro-negro para 2025, documento feito ainda pela administração de Rodolfo Landim e encaminhado para o Conselho de Administração em 14 de novembro. No documento, está descrito que o clube deverá começar o ano com apenas R$ 3 milhões em caixa. A título de comparação, o saldo nas contas bancárias no início de 2024 era de R$ 138 milhões.
Alguns fatores explicam o consumo das reservas rubro-negras nesta temporada. O clube registrou mais de R$ 1 bilhão em receitas recorrentes — direitos de transmissão, patrocínios e Maracanã — e manteve os custos compatíveis com esse faturamento. No entanto, houve: R$ 222 milhões em saldo negativo nas transferências de atletas, a diferença entre valores recebidos e gastos em direitos econômicos; R$ 146 milhões em investimento feito na compra do terreno para a construção do novo estádio , executado em agosto. A combinação desses dois investimentos — em atletas e no terreno para a arena — fez com que o Flamengo gastasse o dinheiro que estava disponível em caixa, mais o "lucro" gerado pela diferença entre receitas e custos. Assim, sobraram somente R$ 3 milhões para a virada do ano.
As cifras descritas acima fazem parte da simulação para o fluxo de caixa — ou seja, tudo o que efetivamente entra e sai da conta bancária do Flamengo. Como se você estivesse vendo o seu extrato no banco. Já os números a seguir correspondem à demonstração de resultado; algo como a declaração do Imposto de Renda para uma pessoa comum. A diferença entre uma leitura e outra é que neste caso, da demonstração de resultado, são contabilizados itens que não têm efeito caixa imediato. Depreciações e amortizações não têm desembolso de dinheiro, por exemplo. O resultado financeiro aponta juros sobre dívidas, que tampouco saem da conta imediatamente. Entre outros pormenores.
O orçamento mostra que o Flamengo vai superar R$ 1,1 bilhão em faturamento em 2024, número que se mantém na previsão para 2025. O departamento financeiro separa esse dinheiro em quatro categorias: R$ 461 milhões em comercial; R$ 419 milhões em televisionamento e premiações; R$ 243 milhões em matchday (estádio); R$ 44 milhões em social e outras. Já em relação aos custos, o montante orçado é de R$ 879 milhões. Há expectativa de aumento entre 2024 e 2025, sobretudo nos salários e direitos de imagem de atletas. Os valores são divididos em: R$ 578 milhões em folha salarial; R$ 198 milhões em despesas gerais e administrativas; R$ 86 milhões em despesas com jogos; R$ 17 milhões em provisões e acordos.
Outro indicador relevante para a nova administração é o endividamento. Na peça orçamentária, a diretoria do Flamengo opta por um cálculo que chama de "endividamento líquido operacional", que inclui todas as obrigações que o clube tem com credores, menos o valor disponível em caixa, menos quantias que deverá receber de outros clubes e clientes. Segundo o cálculo da diretoria, a associação fechará 2024 com endividamento líquido de R$ 377 milhões. A redução das reservas financeiras impacta nesse cálculo, uma vez que o valor em caixa é subtraído da dívida. Por outro lado, a compra do terreno para o estádio não causa "benefício", pois imóveis não entram na equação. @rodrigocapelo
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