Foto: Gilvan de Souza

Acordar de um sonho bom nem sempre é o que as pessoas mais desejam. Estar lá num momento especial, só seu, onde tudo está acontecendo como você deseja. Acordar para que? E quando se é moleque, os sonhos costumam ser mais intensos. Vitinho também tinha os seus. O maior deles era jogar pelo Flamengo. Ontem, ele realizou.



Foram 24 anos e nove meses esperando para entrar em campo e jogar pelo time de coração. Quando chegou à Arena Grêmio, Vitinho vestiu o uniforme, foi para o aquecimento com a equipe, sabendo que estaria torcendo pelos companheiros no banco, pronto para entrar.

Passaram o primeiro tempo e o intervalo. Uma hora. Mais 16 minutos de segundo tempo, quando a espera finalmente acabou. Vitinho entrou no lugar de Marlos Moreno para ajudar o Flamengo que perdia para o Grêmio na partida de ida da Copa do Brasil, mas já dominava as ações na etapa final e o empate era iminente.



Vitinho entrou e já se mandou para o canto esquerdo, o latifúndio onde gosta de se criar. Alguns passes, tabelas e seu primeiro lance de perigo foi partir para cima de Leonardo Moura, 15 anos mais velho. Cortou para dentro e serviu Everton Ribeiro. Pouco depois, tentou tabelar com Uribe, onde a falta de entrosamento ainda se mostrou latente.

Renato Gaúcho percebeu o problema e tratou de colocar Leonardo no lugar do veterano Léo Moura para tentar parar o atacante rubro-negro. Vitinho quis saber? Não. Em sua melhor jogada, saiu enfileirando gremista atrás de gremista e Cícero precisou dar um chutão para aliviar.

Ramiro ficou então encarregado de segurar o camisa 14. Aos 45, Vitinho o levou para a linha de fundo e puxou a marcação. Cuéllar desceu, o estreante percebeu e tocou para o volante. O colombiano invadiu a área e cruzou para Diego, que cabeceou para fora o lance que quase tirou as esperanças da Nação. Menos mal que o gol de empate saiu logo depois, novamente pelo lado esquerdo, onde Vitinho entrou e infernizou a zaga gaúcha.

Não teve gol, mas foi uma estreia com ótimos números, principalmente para quem teve apenas um treino com a equipe e num jogo com a intensidade que foi mostrada. Foram 17 passes certos no tempo que esteve em campo e apenas três errados. Mostrou também que pode ajudar a defesa, com dois desarmes, importantes para ajudar o Flamengo a evitar que o Grêmio utilizasse o contra-ataque.


Foto: Footstats

De acordo com seu mapa de calor, Vitinho jogou em seu lado do campo preferido, melhor opção para uma primeira vez. E exatamente mantendo a função de Marlos Moreno, além de manter a forma de jogar quando Vinicius Junior estava na equipe. Isso fortaleceu também o lateral Renê, que ganhou mais apoio e espaço no ataque. Inclusive, foi assim que o lateral desceu aos 49 do segundo tempo e cruzou na medida para Lincoln empatar a partida.


Foto: Gilvan de Souza

No final, o moleque exalava felicidade. "Foi emocionante, estou muito feliz. Queria de novo agradecer ao grupo, ao Noval, ao Bruno, ao presidente por me dar essa oportunidade. Eu só quis deixar o meu melhor dentro do campo. Quero agradecer aos meu companheiros pela recepção, pois eu estava muito à vontade, por isso consegui ajudar a equipe. Quero continuar trabalhando muito para poder ajudar o time a conquistar os objetivos", disse o camisa 14, ainda acordando do sonho.

Como se vê, uma estreia não se resume em gols. Vitinho possui uma impotância tática enorme. E a vontade do tamanho da torcida do Flamengo. O entrosamento virá. Ele realizou seu sonho e deixou alguns de nós com novos desde a noite desta quarta-feira.