Foto: Gilvan de Souza / Flamengo
Titular absoluto do Flamengo, candidato a convocação para a seleção brasileira e sondado por clubes europeus, Lucas Paquetá mudou de patamar em um ano e meio de carreira profissional efetiva. Destaque da conquista da Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2016, o meia foi sendo aproveitado aos poucos até explodir na segunda metade de 2017. Agora, mesmo com a presença de meias experientes como Diego e Éverton Ribeiro no time, a sua ausência, como no jogo de ida da Libertadores contra o Cruzeiro, quando estava suspenso, é a mais lamentada pela torcida. E essa percepção dos rubro-negros se justifica com os números, que apontam Paquetá como o melhor meia do elenco.
O Espião Estatístico fez uma análise do desempenho dos meias do Flamengo com foco em Paquetá para provar que ele é fundamental neste momento decisivo da temporada. Nesta quarta-feira, o meia está escalado para buscar a classificação contra o Grêmio, no Maracanã, pelas quartas de final da Copa do Brasil. A vitória simples garante a equipe rubro-negra na semifinal do torneio nacional.
APROVEITANDO AS OPORTUNIDADES
Em 2017, fez a sua estreia no dia 22 de fevereiro num 0 a 0 diante do Ceará pela Primeira Liga e começou a ser utilizado pelo então técnico Zé Ricardo entrando aos poucos em jogos do Carioca. Mas é preciso aproveitar as brechas que surgem. E a que apareceu para Paquetá ganhar rodagem para valer foi já sob o comando de Reinaldo Rueda para atuar como centroavante na final da Copa do Brasil contra o Cruzeiro. Guerrero, que era o titular, estava suspenso, e Felipe Vizeu, seu reserva imediato, havia lesionado o joelho esquerdo na semana anterior. Paquetá correspondeu fazendo o único gol rubro-negro na decisão, que acabou sendo vencida pela Raposa nos pênaltis. A partir daí, as chances foram aparecendo cada vez mais.
No Brasileirão 2017, ele mostrou que não tem medo de arriscar. Jogando 1.019 minutos, menos da metade dos 2.477 de Éverton Ribeiro e dos 2.264 de Diego, Lucas Paquetá finalizou 47 vezes contra 50 de Éverton e 56 de Diego. Ficou devendo na eficiência, já que errou 81% das finalizações. Como parâmetro, o experiente Diego mandou 57% das suas tentativas para fora, incomodando mais os goleiros adversários na competição nacional do ano passado.
TITULAR E EFICIÊNCIA EM 2018
Veio 2018 e a joia da base virou realidade. Titular absoluto, seja jogando mais pelas pontas no início da temporada ou mais centralizado na armação a partir do momento em que Maurício Barbieri assumiu o comando da equipe, ele tem feito a diferença para o Flamengo. Na temporada, fez sete gols e deu cinco assistências, já superando os cinco gols e uma assistência de todo o ano de 2017 e o colocando com 20% de participação direta nos gols e assistências da equipe, a maior entre os meias.
Além da contribuição para os gols rubro-negros, Paquetá também é o que fica mais tempo em campo em comparação com Diego e Éverton Ribeiro, que dividem com ele a responsabilidade de armar lances de ataque para a equipe. O jovem apoiador tem 36 jogos e 3.262 minutos jogados. Em média, ele precisa de 466 minutos para balançar as redes adversárias contra 468 de Éverton e 538 de Diego.
Se fizermos o recorte do Brasileirão, é possível perceber que os cinco gols de Lucas Paquetá vieram por causa das suas muitas tentativas. São 44 finalizações, quase o dobro dos companheiros de meio-campo. Mas o fundamental foi ter aumentado seu percentual de acerto. Se na competição de 2017 ficou em 19%, em 2018 subiu para 48%. Foi praticamente da água para o vinho. Até por finalizar bastante, perde para Diego e Éverton Ribeiro em assistências para os companheiros finalizarem. Neste ano, deu 21 passes que geraram arremates dos colegas de time, um pouco menos do que os outros meias.
Lucas Paquetá é a representação de que vale a pena investir na base. Uma equipe que contratou estrelas para criarem as jogadas ofensivas encontrou em casa seu principal reforço para o setor. Sua saída eventual para algum clube europeu, que vai acontecer mais cedo ou mais tarde, desmontaria completamente a equipe que precisa de um título importante em âmbito nacional ou internacional para justificar o investimento que vem sendo feito. A torcida fica na esperança que isso demore a acontecer e vai aproveitando o desfile do talento do seu camisa 11 enquanto ainda é possível.
Tá prendendo muito a bola e perdendo na errada deixando a defesa na pior