Foto: Geraldo Bubniak/Cruzeiro
Dinheiro para oferecer por Dedé e a vontade da transferência por parte de seus investidores o Flamengo já tem, mas será preciso convencer o Cruzeiro do negócio, algo que já foi demonstrado que não será fácil. Por isso, o Rubro-Negro vive a expectativa de exercer um poder de convencimento na principal peça envolvida na trama: o próprio jogador.
É deste modo que os dirigentes rubro-negros têm analisado a situação após o clube mineiro deixar claro em nota oficial que não está disposto a vender seu zagueiro facilmente. Na avaliação dos cartolas, caso Dedé manifeste a vontade de se transferir para o Ninho do Urubu, o cenário clareia para o desejo número 1 do técnico Abel Braga ser realizado.
Por enquanto o defensor mantém a postura de carinho e gratidão pelo Cruzeiro por todo o apoio recebido no momento mais difícil da carreira, quando enfrentou graves problemas nos joelhos que o deixaram afastado dos gramados por longo tempo.
O jogador, no entanto, já sabe que a ideia de seus investidores é que a venda aconteça e eles recuperem o investimento de cerca de R$ 18 milhões para tirá-lo do Vasco e colocá-lo na Toca da Raposa, fato reforçado por meio de nota oficial do grupo DIS assinada pelo advogado Roberto Moreno:
"Nos últimos dias, foram veiculadas algumas informações afirmando que o Grupo DIS, um dos detentores dos direitos do Dedé, estaria pressionando o Cruzeiro para que vendesse o jogador. Por isso resolvemos vir a público negar veementemente essa informação. Em nenhum momento tivemos contato com a diretoria do clube. O Dedé possui contrato com o Cruzeiro, e o Grupo DIS está completamente alinhado com a vontade do jogador e seu empresário, Magrão. Como investidores, a venda seria de nosso interesse, mas o desejo do atleta está acima de tudo".
O Cruzeiro, por sua vez, acena com as leis atuais da Fifa em relação a proibição da divisão de direitos econômicos para se sobressair ao contrato assinado dia 19 de abril de 2013 com os investidores e que contou com a chancela dos dirigentes do clube e dos empresários envolvidos no negócio.
Contrato previa multa de 15 milhões de euros
No tal contrato entre Cruzeiro e os investidores que agora virou motivo de polêmica, se prevê uma multa de 15 milhões de euros (cerca de R$ 64 milhões na conversão atual). Sobre este montante há, porém, algumas cláusulas com situações hipotéticas de propostas. São elas:
- Em caso de proposta igual ou superior que o Cruzeiro não aceite: "poderão a DIS, Marcus, GT e Salton, isoladamente, optar entre: (a) receber do Cruzeiro o valor a que teriam direito caso a proposta oficial fosse aceita e a transferência do atleta fosse concluída, cedendo, dessa forma, o seu respectivo percentual nos direitos econômicos ao Cruzeiro, ou (b) manter o seu respectivo percentual nos direitos econômicos".
- Em caso de aceitação de proposta por parte do Cruzeiro com valor inferior à multa: "Ficará o Cruzeiro obrigado a indenizar a DIS, Marcus, GT e Salton pelo equivalente à diferença entre o valor de direitos econômicos que será repassado e aquele valor que seria repassado se a transferência observasse a expectativa de valor de 15 milhões de euros".
Grupo já aceitou venda por valor menor que a multa
Caso o Flamengo confirme oficialmente a proposta de cerca de R$ 30 milhões, tal valor será menor que os 15 milhões de euros (cerca de R$ 64 milhões) estipulados em contrato. Isso, porém, não será problema para o grupo DIS, que em nota oficial nesta quarta-feira (2) já admitiu ser favorável à transferência de Dedé para o Rubro-Negro.
No documento, inclusive, há um trecho em que livra o Cruzeiro de pagar a diferença de valores ao grupo caso haja uma anuência deles "concordando com o valor de direitos econômicos que lhe será repassado pelo Cruzeiro na hipótese descrita, afastando assim qualquer possibilidade de indenização".
Cruzeiro não exerceu opção de compra de 50% dos direitos
Ainda no contrato estabelecido entre as partes se previa uma opção exclusiva de compra de 50% dos direitos econômicos de Dedé por parte do Cruzeiro caso o clube sinalizasse neste sentido até o dia 31 de dezembro de 2014. O valor era de 5 milhões de euros (cerca de R$ 21 milhões na cotação atual), mas os mineiros não exerceram tal cláusula.
Cruzeiro se defende com regras da Fifa
Sofrendo uma forte pressão de grande parte da torcida do Cruzeiro que é contra a venda de Dedé para o Flamengo, o clube mineiro emitiu uma nota oficial onde reforçou a reapresentação do zagueiro com os demais jogadores para esta quinta-feira para dar início à pré-temporada e se respaldou nas regras atuais da Fifa:
"O Clube esclarece ainda que não vem recebendo pressão de investidores para a liberação do atleta, uma vez que a FIFA, por meio da Circular no. 1464, inseriu no Regulation on The Status and Transfer of Players (RSTP) de 2015 o artigo 18ter, vetando, a partir de 1 de maio de 2015, a participação de terceiros nos direitos econômicos dos atletas de futebol. A entidade máxima do futebol não mais reconhece esta participação em contratos renovados após essa data, como é o caso de Dedé."
Comentários do Facebook -